sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Bereanos ou Cretenses?








Foi por ocasião de sua segunda viagem missionária que o apóstolo Paulo conheceu os bereanos. O escritor do livro de Atos, cremos que Lucas, adjetivou os judeus bereanos como “mais nobres” do que os de Tessalônica. Certamente porque eles receberam a mensagem do Evangelho, pregada por Paulo e Silas, com mais avidez. Notariamente eles tiveram um interesse diferenciado e se preocuparam em conferir nas Escrituras tudo que Paulo pregava. Muitos homens e mulheres de alta posição daquela sociedade se converteram a Cristo. Até hoje destacamos a nobreza dos bereanos quando queremos exortar às pessoas a conferirem na Bíblia Sagrada o que estão ouvindo por boca dos muitos pregadores. Certamente se houvesse uma conferência mais interessada com tudo que se ouve sobre o Evangelho e sobre o próprio Deus, não estaríamos vivendo um sencretismo religioso tão aguçado e, com certeza, não nos sentiríamos tão envergonhados com a representatividade da fé evangélica em nosso país.

A expressão sincretismo tem origem grega e significa “fusão de crenças”. Dizem que os cretenses esqueciam as diferenças internas a fim de se unir à combater um mal maior. Sincretismo é agir como os cretenses agiam, unir coisas díspares, apesar das diferenças, a favor do que é semelhante. Religiosamente falando, o sincretismo é uma mistura de conceitos religiosos, uma expécie de ecumenismo.

Em princípio, algumas pessoas poderiam pensar que esta junção de conceitos religiosos é algo positivo. Mas, definitivamente, não o é. O sincretismo gera uma espiritualidade rasa trazendo confusão à mente e perturbação ao coração.

Talvez um bom exemplo de sincretismo seja o personagem descrito no livro de Atos dos apóstolos de nome Elimas. A Bíblia diz que este indivíduo era judeu, mágico, falso profeta e atendia pelo nome de Barjesus. Como judeu ele conhecia a sua forte tradição religiosa. Obrigatoriamente ele conhecia as leis de Moisés e todos os usos e costumes da religião judaica. Também era um mágico. A magia era uma prática considerada de ocultismo e proibida pela religião judaica. Como se não bastasse, Elimas era um falso profeta, atrevia-se a falar em nome de Deus. Finalmente, para completar sua sindrome sincrética ele atendia pelo nome de Barjesus, ou seja, filho de Jesus. Ele era de tudo um pouco, ou, do pouco, queria ser tudo.

Tendo o dom espiritual do discernimento, o apóstolo Paulo o chamou de filho do diabo, cheio de todo o engano e malícia, inimigo de toda a justiça e que tentava perverter os retos caminhos do Senhor. Tais palavras revelam a interpretação bíblico-espiritual do que é o sincretismo religioso. Deus confirmou as palavras de Paulo, fazendo com que uma névoa e escuridade caissem sobre aquele homem. O resultado foi uma cequeira total ainda que não definitiva. Ele ficou cego por algum tempo.

Em nossos dias percebemos a triste realidade de que sobrevive o sincretismo religioso. Lamentavelmente algumas instituições religiosas crescem o número de seus membros tendo como principal estratégica a mistura de fé, doutrinas, crenças e crendices. Nelas se percebem um viés de cristianismo, à medida que falam em nome de Jesus e usam a Bíblia; mas, também, de espiritualismo com linguagem específica, vestimentas e práticas de ocultismo. Como se possível fosse um espiritismo evangélico. Percebe-se também uma espécie de neo-catolocismo com suas práticas pagãs atribuindo poder aos objetos de uso litúrgico, novenas e procissões.

Em meio a tanta confussão algumas pessoas simplesmente se desencantam com as instituições religiosas. Pensando que todas elas, como diz o adágio popular, “são farinha do mesmo saco”. Ser um cristão em nossos dias e confessar isso publicamente nunca foi tão desafiador. Para muitos, isto tem sido constrangedor. Não porque se envergonham de Cristo, muito pelo contrário. Mas, é fato, se envergonham das instituições religiosas que pretenciosamente se auto denominam de Igrejas.

A Igreja conforme o conceito bíblico é UNA, CATÓLIA e APOSTÓLICA. Como um corpo humano, assim é a Igreja. Um só corpo, com muitos membros, possuindo uma só cabeça. Católica por ser universal. A igreja não é propriedade de um povo específico. Não importa a localização, o idioma ou a cultura. Onde estiver um discípulo de Jesus, alé está a igreja está presente. A igreja é apostólica, ou seja, baseada na doutrina dos apóstolos de Cristo Jesus. O fundamento que não pode ser alterado. O fundamento é Jesus Cristo, a Rocha, a Pedra principal.

Não existe uma verdade para cada um. Uma moral para cada um, conforme a interpretação dominante. Deus é verdadeiro e mentiroso todo os homens. A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus e não são desprezíveis toda outra regra de fé e prática contrária. Por pensar diferente, alimentamos o sincretismo religioso como se fosse um bicho de estimação.

A leitura que fazemos é de uma igreja muito mais parecida com o Elimas ou, Barjesus, do que Bereana, nobre e que quer saber, pelas Escrituras Sagradas, qual a verdade.

Qual o modelo a seguir? Bereanos ou cretenses? Conferir nas Escrituas tudo que temos ouvido é a cura para a fé cristã da atualidade, caso contrário, faremos parte de instituições religiosas sincréticas que, em nome da tolerância, abre mão da verdade bíblica.

Por Ricardo Mota

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Livro "Poder Global e Religião Universal"

 
Autor: Juan Claudio Sanahuja
Descrição: A crise da Igreja é grave. Tenho a impressão de que não se esconde de ninguém que o cataclismo social – que afeta o respeito à vida humana e à família – tem essa triste situação como causa. Michel Schooyans afirma, sem nenhuma dúvida, que a Nova Ordem Mundial, "do ponto de vista cristão, é o maior perigo que ameaça a Igreja desde a crise ariana do século IV", quando, nas palavras atribuídas a São Jerônimo, "o mundo dormiu cristão e, com um gemido, acordou ariano".
(...) Soma-se à atitude vacilante de muitos católicos a ditadura do oliticamente correto, muito mais sutil que as anteriores e que reivindica a cumplicidade da religião, uma religião que por sua vez não pode intervir nem na forma de conduta nem no modo de pensar. A nova ditadura corrompe e envenena as consciências individuais e falsifica quase todas as esferas da existência humana.
A sociedade e o estado excluíram Deus, e "onde Deus é excluído, a lei da organização criminal toma seu lugar, não importa se de forma descarada ou sutil. Isto começa a tornarse evidente ali onde a eliminação organizada de pessoas inocentes – ainda não nascidas – se reveste de uma aparência de direito, por ter a seu favor a proteção do interesse da maioria".
Adquira o livro através da Editora Ecclesiae: http://www.ecclesiae.com.br/Poder-Global-e-Religiao-Universal

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O silêncio religioso sobre a perseguição cristã


Neste mês, o pastor Youcef Nadarkhani completa mil dias de cárcere em Lakan, uma notória prisão no norte do Irã. Acusado de apostasia, o Sr. Nadarkhani encara uma sentença de morte por não renegar sua fé cristã, que é sua religião desde a infância. Embora ele seja um exemplo de devoção sincera e represente o que acontece com outros milhões que sofrem a mesma repressão, a história dele é pouco conhecida.

A coragem do Sr. Nadarkhani e a tenacidade de seus apoiadores – muitos deles meros fiéis espalhados pelo Twitter e outras redes sociais alertando o mundo para essa situação – lembram grandes campanhas pelos direitos humanos dos últimos tempos: a luta contra o apartheid na África do Sul e a mobilização para ajudar os judeus soviéticos a emigrarem dos países da Cortina de Ferro. Assim como Mandela representou a oposição ao racismo na África do Sul e Anatoly Sharansky exemplificou as justas demandas dos judeus soviéticos, o Sr. Nadarkhani hoje simboliza a situação crítica a qual líderes da Igreja alegaramm que 100 milhões de cristãos espalhados pelo mundo sofrem.
Mesmo assim o Sr. Nadarkhani não tem praticamente nenhum reconhecimento se comparado aos Srs. Mandela e Sharanski. Apesar da crescente brutalidade com que se alvejam os cristãos – atentados à bomba na Nigéria, discriminação no Egito (cristãos são presos lá até mesmo por construírem ou reformarem igrejas) e decapitações na Somália – os americanos continuam amplamente desinformados sobre o quão crítica a situação se tornou, particularmente no mundo islâmico e nos países comunistas como a China e Coreia do Norte.
A principal razão pela qual a opinião pública não foi alertada sobre a perseguição de cristãos é o fato de vários líderes das várias igrejas ignorarem ou tergiversarem a respeito do problema. Se não houver pronunciamentos enérgicos sobre esse assunto, então é falta de realismo esperar que os governos democráticos o façam.
Pegue o Vaticano como exemplo. Em várias ocasiões nos últimos anos, o Papa Bento XVI falou sobre a perseguição de cristãos no Egito, Paquistão, Somália e outros lugares. Mas nem o Papa nem um oficial sênior do Vaticano propuseram uma opção política para combater essa repulsiva tendência. Algumas dessas opções podem ir desde uma vinculação comercial e assistência financeira de modo a demonstrar um comprometimento com a liberdade religiosa, até melhorar a segurança em igrejas e outras instituições ou reforçar a ajuda militar a países como Nigéria e Quênia, onde milícias islâmicas estão aterrorizando os cristãos.
Nos Estados Unidos, cleros de todas as denominações, especialmente os influentes evangélicos, poderiam levantar na Casa Branca e no Departamento de Estado os arquivos sobre a perseguição aos cristãos. As condições são propícias para uma campanha pública organizada e os esforços judiciais em nome dos judeus soviéticos oferecem um modelo valioso.
Vinte e cinco anos atrás, uma passeata em Washington D.C. pela causa dos judeus soviéticos atraiu mais de 250.000 participantes de todos os setores da comunidade judaica. Dado que uma parte significativa dos 250 milhões de cristãos deste país é engajada politicamente, não é exagero acreditar que uma iniciativa semelhante em nome dos cristãos perseguidos poderia atrair uma multidão de mais de um milhão.
Mas para isso acontecer, primeiro é preciso um mar de mudanças no pensamento dos líderes das igrejas ocidentais. Para começar, eles devem se despir da aura de ingenuidade que turva seus testemunhos a respeito das perseguições. Ao longo dos anos sombrios da existência da União Soviética, os bispos ortodoxos se desesperaram com a disposição dos forasteiros para tomar ao pé da letra as suas garantias – oferecida com o olhar nervoso das autoridades – de que a vida não era tão ruim assim. Podemos constatar uma tendência similar hoje em dia em relação ao mundo islâmico.
Líderes cristãos dos países muçulmanos estão preocupados se sobrevivem para um novo dia. Podemos ajuda-los não entrando em diálogos insossos, mas compelindo seus governantes a respeitarem a liberdade de culto, bem como seu desejo de conter a enxurrada de cristãos que fogem da opressão para portos mais seguros.
As igrejas também precisam dar um reset nas suas prioridades. É uma amarga ironia que Israel, o único país no Oriente Médio onde os cristãos podem viver em liberdade, seja o principal foco de opróbrio das igrejas.
Numa convenção anual realizada neste mês, presbiterianos da América aprovaram uma campanha de desinvestimento visando comunidades judaicas na Cisjordânia. O Pastor Nadarkhani não foi sequer mencionado. Nos dias de convenções episcopais, mais tarde, as resoluções sobre Gaza e o processo de paz israelense-palestino entraram na pauta, mas o pastor iraniano foi igualmente ignorado. Quanto aos atentados às igrejas na África e na Ásia, é como se eles nunca tivessem acontecido.
 
Ben Cohen mora em Nova York e é escritor de assuntos relacionados à política internacional.
Keith Roderick é padre episcopal na Diocese de Springfield, Illinois.

Tradução: Leonildo Trombela Junior

domingo, 15 de julho de 2012

Pais gays são prejudiciais para as crianças?

 

Por Charles C. W. Cooke

Não é preciso uma opinião conservadora para ver que “diferentes” significa, quase sempre, “pior”.

Em seu novo estudo publicado pela Social Science Journal, Mark Regnerus faz uma pergunta: “Quão diferentes são os adultos criados por pais que possuem relacionamentos homossexuais?” A resposta para isso – tanto na literatura acadêmica quanto no imaginário do público americano – mudou dramaticamente em menos de uma geração. “Quinze anos atrás”, explicou Regnerus em um evento no neutro Institute for American Values, famílias biológicas heterossexuais eram “consideradas reflexivamente como o melhor ambiente para crianças”. Subsequentemente, isso deu lugar para a noção de que não havia “nenhuma diferença significativa” na criação de crianças em arranjos familiares não-tradicionais. Finalmente, sugeriu-se que crianças “podem se sair melhor sendo criadas por um casal gay”.

Ainda que haja pouquíssimas evidências que dão suporte a essa conclusão, defensores do casamento homossexual e da adoção gay declararam que a ciência já o provou. Talvez a mais famosa dessas declarações é um artigo de 2010, escrito pelos cientistas sociais Judith Stacey e Timothy Biblarz, que propalou que “baseado estritamente em publicações científicas, pode-se argumentar que duas mulheres criam uma criança melhor do que uma mulher e um homem, ou pelo menos uma mulher e um homem com uma divisão tradicional de papéis familiares”. Esse argumento – de que pais homossexuais são iguais ou melhores do que as estruturas familiares tradicionais – encontrou seu caminho em nosso diálogo acadêmico, legal e cultural, e raramente é questionado. Daí a declaração da Nona Corte de Apelação: “Crianças educadas por pais gays ou lésbicas podem ser tão saudáveis, bem-sucedidas e bem-ajustadas quanto crianças educadas por pais heterossexuais. Pesquisas que apontam para essa conclusão são indubitavelmente aceitas no campo da psicologia do desenvolvimento.”

O estudo de Regnerus foi desenvolvido para reexaminar essa questão – uma tarefa difícil, para dizer o mínimo – ao expandir a amostragem analisada e aprimorar a metodologia das pesquisas anteriores. O Censo dos EUA, por exemplo, coleta uma porção de informações úteis, mas, por não conter questões sobre orientação sexual, muito de sua contribuição ao assunto deve ser inferido. Da mesma forma, muitos estudos acadêmicos que utilizam a “técnica bola-de-neve” de amostragens pequenas – um processo no qual os sujeitos que participam do estudo recrutam pessoas conhecidas para participarem dele – podem ser confusos. Um desses estudos, abordado no artigo de Regnerus, analisou mulheres que leem jornais e frequentavam livrarias e eventos lésbicos; o problema com essa abordagem popular é que ela restringe a amostragem aos mais educados, ricos e socialmente similares, resultando em uma compreensão limitada. Estudos assim pulularam nos últimos anos.

Em busca de suas respostas, Regnerus entrevistou 15.088 pessoas. Destas, os pesquisadores encontraram 175 pessoas que foram criadas por mães que estavam em um relacionamento lésbico, e 73 pessoas que foram criadas por pais que tiveram relacionamentos gays – ainda assim, um grupo relativamente pequeno.

A primeira coisa que Regnerus descobriu foi que residências gays com crianças são localizadas nas mesmas áreas geográficas que os lares de casais heterossexuais com crianças. Ao contrário do que se pensa, não há concentração real de crianças onde gays vivem em massa. Por exemplo, como há poucas crianças nas residências de San Francisco, há também poucas crianças vivendo com gays em San Francisco. De fato, a Georgia é o estado com mais crianças vivendo com casais do mesmo sexo. Apesar da fama de serem menos amigos dos gays, os estados do Meio-Oeste americano estão bem representados na medição demográfica de casais gays com crianças. E, fazendo jus à tendência geral, casais gays latinos têm mais crianças do que casais gays brancos.

Regnerus descobriu que as crianças do estudo raramente passaram suas infâncias inteiras nas casas de seus pais gays e seus parceiros. Apenas dois dos 175 sujeitos que declararam ter a mãe em um relacionamento lésbico passaram toda a sua infância com o casal, e nenhuma criança estudada passou toda sua infância com dois homens gays. Os números também caem bastante quanto ao tempo decorrido: por exemplo, 57% das crianças passaram mais do que 4 meses com mães lésbicas, mas apenas 23% passaram mais de 3 anos com elas. Isso é muito interessante, mas tem implicações sérias para o estudo – implicações sobre as quais voltarei a falar depois.

Por último, Mark Regnerus buscou responder se as crianças com pais em relacionamentos homossexuais experimentaram desvantagens quando comparadas com crianças criadas por seus pais biológicos. A resposta, contra o zeitgeist, parece ser um retumbante sim. Crianças com pais em relacionamentos homossexuais possuem baixo desempenho em quase todos os quesitos. Algumas dessas diferenças podem ser relativamente inofensivas – como em que presidente votaram na última eleição, por exemplo –, mas a maioria não é. Um déficit é particularmente preocupante: menos de 2% das crianças de famílias biológicas intactas sofreram algum tipo de abuso sexual, mas o número correspondente às crianças de casais homossexuais é de 23%. Igualmente perturbador é que 14% das crianças de casais homossexuais passaram algum tempo em abrigos temporários, comparado com 2% do total da população americana. Índices de prisão, contato com drogas e desemprego são bem maiores dentre filhos de casais homossexuais.

O que podemos concluir disso? Bom, é aqui que a coisa se complica. Comparar filhos de pais homossexuais com o “padrão-ouro” – ou seja, pais biológicos que permaneceram casados – é problemático. Dado como o estudo foi feito, alguém poderia perguntar justamente se a questão não é tanto a comparação entre criação homossexual e criação heterossexual, mas entre instabilidade e estabilidade na infância. Por definição, qualquer filho de duas pessoas do mesmo sexo sentirá falta de pelo menos um de seus pais biológicos e provavelmente experimentará alguma instabilidade em mudar da díade biológica para qualquer arranjo que a substitua. E, como explicado acima, a maior parte dos sujeitos do estudo passaram apenas alguns anos com pais do mesmo sexo, o que torna provável que seu arranjo familiar mudou mais de uma vez e, assim, resultou em uma infância instável.

Ademais, dado que o estudo é um retrato de um período de tempo que precedeu a legalização do casamento homossexual (em alguns estados), alguém poderia especular que o estigma social teve seu papel nos dados de Regnerus, e que tal estigma terá um efeito menor em pesquisas futuras. De fato, poder-se-ia afirmar que o estudo de Regnerus poderia ser utilizado para justificar o casamento gay no sentido de que desaprovação social a casais gays não-casados gera a própria instabilidade que leva as crianças a passar por experiências negativas: o casamento de parceiros gays leva ao melhoramento da estabilidade familiar e, portanto, é benéfica para as crianças. Considero isso como um passo muito avançado, pois o alto índice de divórcio entre os gays não indica que casais homossexuais serão em breve um modelo de estabilidade –, mas pode merecer alguma reflexão.

O estudo de Regnerus é um sucesso na medida em que responde à questão fundamental se crianças educadas por casais homossexuais são diferentes: está claro que sim, e não é preciso uma opinião conservadora para ver que “diferentes” significa, quase sempre, “pior”. É discutível, todavia, se isso é culpa das famílias homossexuais ou da instabilidade. De fato, a maior conclusão do relatório não é de que famílias homossexuais sejam negativas, mas mais uma afirmação de que famílias biológicas intactas são uma positivas. De modo simples, se você quer que seus filhos tenham uma vida melhor, você deveria tê-los dentro de um matrimônio e mantê-lo firme. Mas isso nós todos já sabíamos.

Charles C. W. Cooke é editor associado da National Review, onde este artigo foi originalmente publicado.

Tradução: Felipe Melo, editor do blog da Juventude Conservadora da UnB.

sábado, 14 de julho de 2012

Jean Wyllys e o Ernst Höhm: um caso de amor que não ousa dizer o nome

Ernst Höhm foi o mais poderoso chefe da SA ou dos “camisas pardas”, o grupo paramilitar de Hitler, e um dos mais de seus destacados chefes nazistas, antes do famoso massacre em julho de 1934, quando centenas de membros do Partido Nazista foram assassinados pelo ditador. Uma das questões mais curiosas, senão doentias de Höhm era a sua cosmovisão de violência revolucionária e sua idolatria egocêntrica ao homossexualismo. Na verdade, Hitler eliminou o chefe da SA porque este se tornou uma ameaça à estabilidade do regime, como também a SA havia se tornado uma confraria homossexual de Höhm. Mas o que pensava Höhm a respeito? Homossexual assumido, Höhm pregava, intramuros, que a homossexualidade deveria ser um objeto de culto idolátrico entre seus partidários. Era uma forma de coesão interna e culto místico de lealdade entre seus membros, junto com a concepção arianista da raça. Alguém notará alguma semelhança ou coincidência com os métodos, estruturas de pensamento e coesão grupal do movimento homossexual atual? A diferença é que a camisa mudou de cor. É rosa ou arco-íris.
Recentemente, o deputado e militante homossexual Jean Wyllys escreveu uma carta ameaçadora ao jornalista Olavo de Carvalho, esperneando com os mais grotescos impropérios, em razão das declarações que o dono do Mídia Sem Máscara fez em seu programa, True outspeak. Não custa nada avaliar as frases delirantes do deputado do PSOL:
“Pelo visto o Sr. não sabe o que é uma democracia, tendo em vista que sua pretensão é criar um Estado Fascista, pois buscas tolher toda e qualquer direito adquirido pelo povo LGBTS, que, através da minha legislatura, conseguiram o direito fundamental ao casamento e à adoção de crianças”.
Jean Wyllys não nos prova nada desse “Estado fascista” preconizado por Olavo de Carvalho. Pelo contrário, se atentarmos aos esquemas mentais de Wyllys, e mesmo a ideologia do seu partido, podemos ver os elementos mais odiosos do fascismo na doutrina do PSOL: o Estado onipotente controlador da vida social, da economia e da sociedade civil, aparelhada pelo Partido único. Fascista, no sentido ideológico da palavra, é Jean Wyllys. Mas não custa nada observar mais: Jean Wyllys tem outro componente visível da mentalidade fascista, que é não aceitar as dissidências. Ou seja, se alguém discordar do movimento gay, do dito “casamento homossexual” e adoção de criança por homossexuais, o lugar desejado pelo deputado é a cadeia.“Democrático” é aceitar irrefletidamente as doidices de Jean Wyllys. “Fascista” é discordar dele.
Por outro lado, Jean Wyllys mostra uma face bem mais obscura, que é o da pedofilia. Analisemos o fragmento de sua carta:
“Durante o referido programa, ambos, além de todos os ataques homofóbicos, induziram o público a acreditar que sou o defensor da legalização da pedofilia - o que é totalmente mentiroso de sua parte. Defendo, sim, o direito de qualquer pessoa poder dispor do seu corpo da forma que bem entender - inclusive as crianças, pois estas têm as mesmas necessidades que os adultos e não são propriedades de ninguém. Suas declarações criminosas contra mim não ficarão impunes”.
A pergunta que fica no ar é: as crianças têm as mesmas necessidades que os adultos? Se o deputado disser que sim, essa foi uma defesa elementar, ainda que sutil, da liberação da pedofilia. Ora, crianças têm necessidades sexuais? Crianças têm maturidade psicológica para resolver os problemas de sua vida? Confesso que fiquei perplexo com tamanha estupidez, já que quebra qualquer fundamentação jurídica que distingue a maturidade e a incapacidade dos cidadãos, tanto no código civil, como no código penal. Ou mais, quebra qualquer sinal de proteção legal dos jovens, que podem ser vítimas de abusos de toda ordem, tanto de estranhos, como da própria família.
Se as crianças podem assumir quaisquer responsabilidades de adultos, logo, elas podem se casar, assinar contratos, e, inclusive, ter relações sexuais. É pior, se as crianças são “responsáveis” pelos seus corpos, logo, as famílias podem perfeitamente abandoná-las, pelo sinônimo de que são “donas” de si mesmas. Mas sabemos que as crianças não são capazes dessas ações. E daí a lei reconhecer sua incapacidade civil, para protegê-las, sob os cuidados dos pais. Jean Wyllys é claro em dizer que a criança terá a “liberdade” de fazer qualquer coisa com seu corpo. Ou seja, se um pedófilo seduzir uma criança e esta anuir na prática de abuso sexual, logo, para efeitos legais, Jean Wyllys achará lícita a pedofilia? Não é óbvia a malícia do discurso?

Por outro lado, há outra falácia detectada no argumento do deputado: se as crianças serão responsáveis pelos seus corpos, logo, a família perderá o pátrio poder sobre os filhos. Na verdade, percebe-se que a suposta “criação” de direitos da criança é uma forma de usurpação dos direitos de família e da própria criança, seja pelo Estado, seja por qualquer movimento pedófilo da vida. O Estado, o partido, as ongs, ao forjarem “direitos” inexistentes para os menores, acabam por jogá-los contra os pais e, na prática, retiram os verdadeiros direitos reais dos infantes, qual seja, a de serem protegidos contra a violência e o abuso de poder. Tamanha é a perversão de raciocínio do deputado.

O problema é que Jean Wyllys não tem necessariamente um argumento. Tudo o que faz é injetar uma chuva de declarações ad hominem, com chavões panfletários e mastigados pelo uso, para desmerecer seu oponente. Encontramos aqui outro componente fascista, o de destruir o rival político por todos os métodos, apelando a falsa retórica, a intimidação, a prisão e quem sabe, até a morte.

Entretanto, podemos encontrar um componente bem stalinista de seu discurso: acusar de fascista o seu adversário, ainda que não encontremos nem um sinal da ideologia de Mussolini ou de Hitler. Isso é genuinamente bem comunista e foi absorvido pela intelligentsia de esquerda, lá nos idos dos anos 1930, quando Stálin era moda entre os intelectuais. Neste caso, Jean Wyllys associa o que há de pior no fascismo e no comunismo, que é o mecanismo de hostilidade, intolerância, fanatismo e violência.

Em outra carta endereçada a Olavo, ele ainda insiste em afirmar que não defende a pedofilia:
“Eu defendo sim que toda criança tenha direito de dispor da maneira que desejar o próprio corpo, sendo que a única regra que deve ser respeitada em todas as relações hetero e homoafetivas é o respeito e a liberdade”.
Em outras palavras, a única categoria válida na relação de crianças e adultos não é a maturidade de um indivíduo ou a incolumidade da criança, e sim se a natureza da relação sexual hetero será ou homo. Traduzindo, Jean Wyllys está afirmando que o elemento central a ser “respeitado” é a liberdade sexual entre crianças. O problema é que ele é intelectualmente incapaz de perceber a incoerência lógica do seu discurso,. Ou quem sabe, que ele seja incrivelmente desonesto e perverso. O que denota aquilo que Olavo de Carvalho, com razão, detectou: é um semi-analfabeto.
Resta saber o que o deputado quis dizer com essas palavras ameaçadoras:

“Saiba, pois, que sou um Deputado Federal, detentor de imunidade parlamentar, a qual é importante, diante das tentativas desenfreadas da direita fascista tolher a liberdade dos cidadãos LGBTS - aliás, sempre por parte de reacionários seguidores de sua filosofia sanguinária e despótica”.
Não custa nada perguntar o que significa aí “filosofia sanguinária e despótica”? Curioso, pois Jean Wyllys é membro de um partido que prega a ideologia comunista, o sistema de governo mais sanguinário e genocida da história humana, e que ganha de goleada do nazismo em matéria de assassinatos em massa. É chocante perceber que o deputado não tem raciocínio lógico, não tem linha de argumentação, mas tão somente histeria canina e notório desequilíbrio mental. Olavo de Carvalho prega a morte de alguém? Eu nunca vi. Mas Jean Wyllys prega cadeia para os dissidentes, censura da liberdade de imprensa e processos na justiça, pelo único crime de discordar da sua agendinha homossexual (e por que não?) pró-pedófila.

Ao declarar tantas tolices, tantas mendacidades, Wyllys ainda apela a carteirada típica da vigarice dos políticos de Brasília: usa e abusa da imunidade parlamentar, para não responder pelos seus próprios atos. Ele diz, claramente, que a impunidade aparente da imunidade pode dar carta branca para ele fazer tudo que der na sua cabeça.

Jean Wyllys demonstra ter completo transtorno psicológico ao escrever esse trecho para o Olavo:
“A partir de amanhã vou lutar, junto aos órgãos competentes, pela sua deportação para o Brasil, diante dos crimes contra a humanidade que são cometidos pelo sr., incentivando a violência contra homossexuais e pessoas que possuem ideologia diversa da direita fascista”.
Crimes contra a humanidade? Qual? Olavo de Carvalho matou gente na Síria ou no Sudão? Dirigiu alguma ditadura sanguinária? Na verdade, Jean Wyllys incorreu no crime de calúnia, tipificado no código penal. No entanto, é claro que “crime contra a humanidade” é um conceito bastante seletivo para Jean Wyllys e as esquerdas. Alguém já o ouviu criticar a perseguição aos homossexuais em Cuba ou pedir a extradição de Fidel Castro? Ou será que o mesmo terá coragem de pedir cadeia para Armadinejah, pelo mesmo ofício de enforcar gays no Irã? Pelo contrário, entre o PSOL, o regime sanguinário de Cuba e do Irã, são só amizades e elogios.

Falei inicialmente de Ernst Höhm. Falei da SA e da confraria nazista louca de homossexuais.Jean Wyllys, esse notório insignificante, cuja única contribuição na história humana foi aparecer num Reality Show do Big Brother Brasil, é o nosso Ernst Höhm, o nosso Big Brother gay. Bicha mais louca não há.

ADHT: DefesaHetero.org: O ESTADO IDIOTIZADOR - VEJAS AS METAS DO PT E SEUS...

ADHT: DefesaHetero.org: O ESTADO IDIOTIZADOR - VEJAS AS METAS DO PT E SEUS...: CONTRIBIÇÃO DE UM BRASILEIRO DO TWEETER :

sexta-feira, 13 de julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

As Escrituras e “As Questões Indiferentes” (parte 2)

DEFININDO “ESSENCIAIS E NÃO ESSENCIAIS”

Antes de deixarmos essas observações, uma questão adicional precisa ser considerada. Será visto que, se o ensinamento Puritano do Princípio Regulador for considerado proeminente, então inevitavelmente a questão de nossa prática sobre ordem, governo e adoração na igreja assume uma importância ímpar no meio evangélico. Poderemos, portanto, estar predispostos a concluir, com Whitgift, que os Puritanos, chamando atenção a assuntos externos e a questões “não essenciais à salvação”, não estavam corretamente fazendo distinção entre pontos fundamentais (os Evangelhos e as doutrinas da fé) e secundários. Whitgift disse a Cartwright que a tendência da política Puritana era de provocar “a derrota do Evangelho através de contendas sobre questões externas(...). Certamente, tratando-se de questões “necessárias à salvação” então há justa causa em quebrar a paz da igreja por elas; mas se são questões de menor peso, então você não poderá desculpar-se a si mesmo ou a eles”. [5] De modo semelhante, Bishop Hel declarou que era “mil vezes melhor engolir uma cerimônia do que despedaçar uma igreja”.

Richard Hooker usou essa mesma distinção entre essenciais e não essenciais em resposta à acusação Puritana de que o fundamento da Igreja Elizabetana não aceita a autoridade das Escrituras na sua totalidade. Ele afirmava que rejeitar o ponto de vista Puritano de autoridade bíblica de modo algum negava “a absoluta perfeição das Escrituras”, porque Deus concebeu as Escrituras para serem “uma completa instrução em todas as coisas necessárias à salvação... assim as Escrituras, sim, cada sentença ali, é perfeita, não carecendo de nenhum requisito ao propósito para o qual Deus a deliberou”.[6] Coisas tais como cerimônias, ordem, disciplina, e governo, Whitgift e Hooker defendiam, são à parte do Evangelho e das questões de fé. Por alegar a necessidade da autoridade das Escrituras a questões não necessárias para a salvação, os Puritanos eram denunciados de alargarem e deturparem a Bíblia para cobrir áreas nas quais Deus nunca pretendeu dar instruções definitivas.

Podemos apenas brevemente indicar a natureza da resposta Puritana a tal acusação. Eles asseguravam que o único fundamento sobre o qual a salvação de pecadores depende é a verdade concernente à pessoa e obra de Jesus Cristo (I Coríntios 3.11). Contudo há também um número de outras verdades explicitamente reveladas nas Escrituras as quais não podem ser classificadas estritamente como “necessárias à salvação”, pois um homem pode não compreendê-las ou se equivocar a respeito delas e ainda assim ser salvo. “Não tenho dúvida que muitos dos pais da Igreja Grega” afirma Cartwright, “os quais foram grandes patronos do livre-arbítrio (pelo menos até onde vão suas palavras) são salvos, mantendo-se firmes no fundamento da fé o qual é Cristo”.[7] Whitgift luta para evitar isto (repreendendo Cartwright por “falar tão perigosamente”) porque o argumento de Cartwright derruba sua premissa de que as Escrituras somente falam claramente naquilo que é “necessário para salvação”. Como um ortodoxo protestante Elizabetano ele tem que concordar que as Escrituras são decisivamente contra o livre-arbítrio. Assim sendo, se Cartwright está certo, a Bíblia fala autoritativamente sobre uma questão “não-essencial” – não essencial, isto é, de acordo com a definição de Whitgift, explicitamente, não necessária para a salvação. Whitgift não pode aceitar esta conclusão e, ao invés disso, responde que se uma pessoa morre sustentando o livre-arbítrio ela não pode ser salva.
 
Para os Puritanos, Whitgift estava tentando manter uma distinção que não poderia ser mantida. Os Puritanos consideraram o hábito de seus oponentes de discriminar entre essenciais e não-essenciais um procedimento perigoso. Perigoso, não porque pretendiam exaltar Cristo e o Evangelho ao seu lugar supremo, mas por enfatizar que o Novo Testamento não oferece segurança àqueles que reconhecidamente negligenciam ao menor dos mandamentos de Cristo. Samuel Rutherford diz:

“Nós frisamos a imutabilidade das leis de Cristo, tanto nas questões menores como nas maiores, posto que são os mandamentos de Cristo, o maior ou o menor, com respeito ao assunto intrínseco, tal como o uso de água no batismo, ou batizar é menos importante do que pregar a Cristo, e crer nele (I Coríntios 1.17). Contudo eles são ambos importantes, no que tange a autoridade de Cristo o Comandante (Mateus 28.18,19). E é muita ousadia alterar qualquer mandamento de Cristo, por menor que seja a questão, pois se ele reside na nossa consciência não pode ser de maior ou menor importância... mas por nos prender à autoridade do doador da Lei: assim, a autoridade de Deus é a mesma quando diz: Não adorarás falsos deuses, e quando diz, não acrescentarás de ti mesmo nem um anel ou pino à arca, tabernáculo, templo, sim, pois violar um desses mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, faz da pessoa a menor no reino dos céus (Mateus 5.18)”.[8]
É verdade que uma pessoa salva pela graça pode, através de circunstâncias e ensinamento errado, não ser capaz de ver tudo o que as Escrituras requerem relativamente à Igreja; os Puritanos nunca consideraram pontos de vista corretos sobre a constituição da Igreja como se fossem um teste da graça salvadora. Mas o seu reconhecimento de que nem todas as verdades reveladas são verdades fundamentais sem as quais ninguém é salvo, não significa, como aponta Henry Barrow, que seja permitido fazer “algumas doutrinas e algumas partes do Testamento de Cristo fundamentais e substanciais, outras acidentais e como tal podendo ser alterados ou violadas sem prejuízo ou dano para a alma”.[9] O fato de que uma pessoa possa ser incompleta em conhecimento e prática, e ainda assim ser salva por permanecer no fundamento que é Cristo, não dá permissão para dividir as Escrituras em essenciais e não-essenciais – pondo as regras concernentes à igreja visível na segunda categoria e assim podendo ser deixadas de lado. John Robinson, o pastor da Pilgrim Fathers, faz a seguinte observação a respeito das verdades essenciais:

“Por mais que reconheça a diferenciação de verdades, e que algumas são mais e outras menos importantes, desejo maior consciência na aplicação dessa distinção. Pois embora os ministros e o povo na Igreja Inglesa estejam sujeitos à obediência ao Novo Testamento por leis civis e eclesiásticas, isto se torna um anestésico para toda aflição pois crêem ter a substância do Evangelho, a doutrina da fé, todas as verdades fundamentais e tudo o mais que é necessário para a salvação. Na defesa de que (como é feito) há três perversidades:

1º) “Por isto os homens não apenas se empenham, quando muito, em curar Babel (isto é, a igreja estabelecida), mas até mesmo em fazer Babel crer que ela nem necessita ser curada: as suas feridas não são nem mortais nem perigosas”.

2º) “Isto tende a aviltar e tornar de pouco impulso ou importância muitas das verdades e ordenanças do Senhor”.

3º) “A alegação feita pelos ministros, de que eles detêm e desfrutam todas as verdades fundamentais, e tudo o mais necessário para a salvação, considerando sua finalidade, isto é, a suspensão por parte do povo do esforço para obediência e confissão da vontade de Deus e ordenanças de Cristo, são ambas danosas ao crescimento e obediência do povo de Deus”.
 
“...Ela insinua que é suficiente ao homem servir a Deus até o ponto de obter salvação, mesmo com desobediência de grande parte da revelada vontade de Deus: levando o povo a servi-Lo apenas, ou principalmente por uma paga ou retribuição, como fazem os hipócritas. Como se uma criança fosse ensinada a honrar e agradar seu pai até ponto de obter sua herança, mas não ao ponto de se, preocupar em dar a ele qualquer honra ou serviço posterior”.[10]

Foi uma deturpação da posição Puritana o que fez Whitgift ao afirmar que Cartwright considerava “governo externo mais precioso do que as doutrinas da fé”.[11] A história do evangelismo Puritano Elizabetano fez tal acusação ridícula. O que os Puritanos disseram foi que a ordem correta da Igreja não pode ser desconectada do Evangelho: “Deus não apenas ordenou que a Palavra fosse pregada, mas também determinou em que ordem e por quem ela seria pregada”.[12] Eles estavam convencidos de que quando a ordem de Deus é violada o Evangelho em si mesmo será brevemente pervertido. Portanto Tyndale afirma que foi quando os bispos e a hierarquia se levantaram na Igreja que " o arado se enviesou; a Escritura se tornou obscura; Cristo não mais era percebido”.[13] Por outro lado, foi quando a Igreja se manteve próxima à Palavra, que o Evangelho brilhou em sua pureza e poder. Rutherford, fazendo uma retrospectiva em setenta anos de luta para assegurar uma melhor ordem na igreja visível, não hesitou em escrever, em 1646: “Considerem se milhares a mais não teriam sido convertidos se o governo de Cristo tivesse sido estabelecido como o Sr. Cartwright, Sr. Udal, Sr. Deering, e os mais santos suplicaram ao Parlamento”.[14]
 
postado por: miguel silva (leo_miguelsilva@hotmail.com)

terça-feira, 10 de julho de 2012

As Escrituras e “As Questões Indiferentes” (parte 1)



 

Um Problema Central na Controvérsia Puritana

por Ian Murray

Em 1522 na Manor House de Sodbury, em Gloucestershire, William Tyndale estabeleceu o princípio fundamental do Protestantismo Inglês quando confrontou os eclesiásticos que se reuniram ao redor da mesa de jantar de Sir John Walsh com aquilo que John Foxe chama de “A Escritura Aberta e Manifesta”. Quatro anos depois o mesmo princípio passou a ser aplicado para impregnar ou levedar a nação inteira com a chegada secreta dos primeiros exemplares do Novo Testamento impressos em Inglês, vindos de Flanders. Seu tradutor, Tyndale, já então um exilado procurado pela lei, justificou sua ação ilegal nos seguintes termos: “Percebi por experiência própria que é impossível firmar as pessoas leigas em qualquer verdade, a menos que pelas Escrituras claramente abertas aos seus olhos (...). Deus estabeleceu uma regra nas Escrituras, sem a qual nada se pode fazer, nem mesmo mover um fio de cabelo, sem ser abominável aos olhos de Deus.”[1]

Pagando o alto preço de grande sofrimento o Protestantismo se estabeleceu na Grã Bretanha país, não devido a grandes estatísticas ao conhecimento de seus aderentes, mas porque através das Escrituras rios de vida espiritual fluíram, de modo que ao invés dos ensinamentos e tradições de uma igreja corrupta, homens e mulheres estavam ouvindo as palavras do Deus vivo. Quando um amigo de Tyndale, John Rogers, foi julgado e condenado ao martírio, um dos seus juizes católicos declarou: “você nada pode provar pelas Escrituras: As Escrituras estão mortas e requerem eloquência de exposição”. Ao que Rogers exclamou: “Não, não, as Escrituras estão vivas”.

É esta convicção que explica porque os cristãos nos começos da Reforma agüentaram perseguições e persistiram tanto em traduzir e divulgar a Bíblia: Eles sabiam que só nelas estão as palavras da vida eterna e que o homem só pode viver na medida em que recebe cada palavra que procede da boca de Deus.

As Escrituras são a voz de Deus, e se somos ou não o objeto das bênçãos ou maldições de Deus pode ser experimentalmente determinado ao verificarmos se nós obedecemos e reverenciamos o que está escrito nas Escrituras ou não. Estar sem as Escrituras é estar sem Deus e sem esperança no mundo. Além disto, as Escrituras são o único e infalível registro que temos da vontade de Cristo. Antes da Reforma os ingleses não tinham qualquer meio de afirmar se algo teria ou não a aprovação de Cristo, porque, como escreveu John Hooper em 1547, “ele que havia buscado em todas as igrejas da Inglaterra antes dos dezesseis anos, não teria encontrado uma única Bíblia.” Foi somente quando as Escrituras foram re-abertas que o Anti-Cristo, o qual havia até então se mantido sob o disfarce do “o melhor cristão”, foi descoberto em possessão da Igreja. E quando esta Igreja apóstata mostrou sua ira contra seus assim chamados Reformadores, aqueles que sofreram pela sua fé nas Escrituras não tiveram dúvida de que estavam dando as suas vidas pela causa do Senhor Jesus Cristo.

A questão da autoridade da Bíblia levantada no começo da Reforma Inglesa não estava firme de imediato. Nem quando havia apenas uma aceitação formal do Protestantismo, no reinado de Eduardo VI (1547-1553), nem estava firme depois do terror de Maria a “Sanguinária”, pelo Ato de Uniformidade de Elizabeth em 1559. Mais apropriadamente, o reinado de Elizabeth presenciou o emergir do movimento Puritano dentro do Protestantismo, e a força motriz desse movimento era a convicção de que a completa autoridade da Palavra de Deus ainda não havia sido aceita pela Igreja Inglesa.

A luta que se seguiu nos próximos cem anos não foi uma simples tentativa Puritana para assegurar alterações em vestimentas clericais, ou cerimônias religiosas ou aspectos externos da ordem da igreja, mas foi muito além disso. Os Puritanos reivindicaram que as Escrituras não são apenas a completa revelação do Evangelho de Cristo mas que elas contém todas as informações necessárias para o governo e adoração em Sua Igreja. Eles acreditavam que esse era um princípio fundamental: assim como nenhum ensinamento espiritual pode ser aceito a menos que seja encontrado nas Escrituras, também nenhum significado espiritual pode ser adicionado à Igreja além daquele que está autorizado pela Palavra Escrita. Este princípio – O Princípio Regulador das Escrituras, como foi chamado posteriormente – ele assegurava estar preso ao ensinamento contido na Bíblia a respeito de sua própria autoridade. Com base nesse princípio, eles estabeleceram sua política de Reforma da igreja em duas proposições principais:

• Qualquer coisa introduzida na Igreja sem sanção escriturística é ilegal.

• A forma da Igreja visível no Novo Testamento está permanentemente ligada a todas as gerações de cristãos.

Contra essas proposições os defensores da Igreja Elizabetana, notavelmente John Whitgift (c. 1530-1604) e Richard Hooker (c. 1554-1600), formularam duas contra-proposições:

• Eles alegavam que os Puritanos havia entendido mal a intenção das Escrituras: a Bíblia faz obrigatórios todos os aspectos relacionados à salvação, enquanto permite liberdade à Igreja para introduzir “coisas indiferentes” (ADIAPHORA é o termo técnico), isto é, coisas não proibidas pelas Escrituras e que a prudência cristã entenda como benéfico ao governo e à adoração da Igreja, em certas circunstâncias.

• Eles negavam que o padrão da Igreja do Novo Testamento fosse permanentemente obrigatório posto que a informação dada pelas Escrituras nesse assunto não é suficiente, como os Puritanos reivindicavam, mas incompleta e não decisiva, sugerindo que Cristo não intencionou que qualquer forma de governo na Igreja fosse de autoridade Divina.

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES

Antes de voltarmos nossa atenção para o que está envolvido nessas conflitantes afirmações farei alguns comentários preliminares:

1. O ensino Puritano do Princípio Regulador das Escrituras, na Inglaterra, é quase tão obsoleto quanto o ensino de que o planeta Terra é achatado. Desde os últimos quarenta anos do século XVII quando a idéia de governo da Igreja por “direito divino” foi rejeitado com desdém, desprezada e excluída de julgamento, evangélicos e não evangélicos concordavam em considerar a posição Puritana como simplória e intangível. As únicas pessoas que o recente Relatório Metodista-Anglicano relacionou como os que apoiam a idéia de que “A Igreja só pode fazer aquilo que está explicitamente afirmado e comandado pelas Sagradas Escrituras” são os Radicais da Reforma, Anabatistas e Puritanos do século XVII. [2] Tudo o que precisamos dizer aqui, a respeito dessa atitude, é que ela não se baseia em qualquer refutação da posição Puritana. O que John Owen escreveu a Samuel Parker em 1669 continua verdadeiro. Parker, um firme defensor do Ato de Uniformidade de 1662, atacou o Princípio Regulador como “o alicerce de todo Puritanismo”, mas em resposta a seus argumentos, Owen declarou que Parker “não utilizou nenhum artifício que já não tenha sido utilizado mais de uma centena de vezes contra essa questão, todos mal secedidos”. Owen cita o argumento principal de Parker: “Aquilo que as Escrituras não proíbem, elas permitem; e o que permitem não é ilegal; e o que não é ilegal pode ser feito legalmente. Essa mentira, eu confesso, tem-nos sido dita muitas e muitas vezes” diz Owen, “mas ela já foi tantas vezes respondida que, por uma simples questão de raciocínio, pode se ver que é no seu todo, capciosa e sofismática”.[3] Mesmo depois de três séculos de retórica, se a questão do Culto Puritano na Igreja fosse reaberta, encontraríamos justificativa para a abordagem de Owen.

2. À primeira vista, pode parecer que o ensino Puritano nessa questão não tem relevância quanto a nossa situação contemporânea. Alguém poderia afirmar, “Qual o sentido de discutirmos a extensão da autoridade das Escrituras quando o que está sendo realmente questionado hoje é se a Bíblia tem qualquer autoridade afinal?”. A resposta Puritana a essa questão seria, que a abordagem sugere implicitamente o homem como centro: a rejeição da inerrância da Bíblia pelo mundo moderno é um problema para os evangélicos, mas há um problema mais profundo, isto é, “porque os favores de Deus já não se manifestam mais em nossas igrejas?”. À luz dessa questão não será irrelevante perguntar: “Até que ponto queria Deus que Sua Palavra fosse nossa única guia e regra? Estariam as Escrituras regulando a vida de nossas Igrejas, hoje, na amplitude almejada por Cristo?”. Não é impossível que nós estejamos tão preocupados em defender as Escrituras que não estejamos tendo suficientemente temor quanto à nossa própria falha na obediência da Palavra. A primeira dedução Puritana, partindo da sua crença de que as Escrituras são a voz de Deus, era que cada um é pessoalmente responsável ante Deus com respeito a tudo aquilo contido em Sua Palavra. “Enquanto temos a Palavra de Cristo para as coisas que devemos fazer ou recusar a fazer”, diz Henry Barrow, “não precisamos temer as ameaças de homens vãos e orgulhos; nem estarmos impressionados ante títulos e nomes de igrejas, sacramentos, etc. pois uma coisa é certa, não há igreja que possa nos desculpar pela quebra da Lei de Deus perante o grande Juiz”.[4] Nós não resgataremos o sentido dessa citação até reexaminarmos nossa visão geral das Escrituras. Um estudo renovado do Princípio Regulador no tempo atual não seria uma excursão teológica embolorada e azeda com problemas de uma era passada; na realidade, isto nos levaria a um confronto com o teste que a nossa cristandade moderna necessita, e levaria nossas mentes adiante, até aquele dia em que todos os atos praticados, através do nosso corpo, serão julgados pela regra ditada nas Escrituras: “A nossa total pregação deve passar pela prova das Escrituras” diz Thomas Brooks, “ou nós e nossos atos devemos ser queimados juntos”. Os Puritanos nos mostram quão grande responsabilidade pessoal deve se seguir e advir da convicção na infalibilidade das Escrituras.

3. Outra razão pela qual esse assunto é relevante para nós é que nos força a considerar a linha divisória entre uma prática legal de expediência e um compromisso com o pecado; ou seja, qual é o ponto onde as Escrituras deixam de ser nosso único guia e passamos a definir novas formas e métodos, de acordo com as circunstâncias em que nos achamos? Estamos entrando numa era em que as tradições das igrejas estão sucumbindo, e experiências estão, cada dia mais, sendo praticados no evangelismo, na adoração e nas formas de governo das igrejas.

Novas experiências em música, drama religioso, técnicas audio-visuais, têm sido praticadas e algumas igrejas têm chegado ao ponto de substituir o sermão de domingo por filmes. A questão fundamental é, ATÉ QUE PONTO AS ESCRITURAS PERMITEM TAIS COISAS? Não há desacordo quando ao fato de que o exercício da prudência, sabedoria e bom senso são responsabilidades dos cristãos; o desacordo entre nós e os Puritanos é que temos agido como se houvesse uma ampla área na prática da Igreja que está fora do escopo do Novo Testamento. Eles traçaram a linha divisória entre expediência legítima e desobediência em um ponto diferente daquele em que nós traçamos. Como evangélicos temos sido inclinados a crer que onde quer que nossas falhas estejam, elas não estão em desobediência às Escrituras. Mas se o ensinamento Puritano do Princípio Regulador estiver correto, isto porá a nossa conduta em um outro foco.

postado por:miguel silva (leo_miguelsilva@hotmail.com)

sábado, 7 de julho de 2012

Deus requer que eu dê o dízimo de tudo quanto ganho?



por

John F. MacArthur Jr.
Questão
Deus requer que eu dê o dízimo de tudo quanto ganho?

Resposta

Dois tipos de dar são ensinados consistentemente durante toda a Escritura: dar para o governo (sempre compulsório) e dar para Deus (sempre voluntário).
O assunto tem sido grandemente confundido, todavia, por alguns que entendem mal a natureza dos dízimos do Velho Testamento. Os dízimos não eram primariamente ofertas a Deus, mas taxas para suprir o orçamento nacional em Israel.
Porque Israel era uma teocracia, os sacerdotes Levíticos atuavam como um governo civil. Assim, o dízimo Levítico (Levítico 27:30-33) foi um percussor do imposto de renda de hoje, visto que era um segundo dízimo anual requerido por Deus para suprir uma festa nacional (Deuteronômio 14:22-29). Taxas menores foram também impostas ao povo pela lei (Levítico 19:9-10; Êxodo 23:10-11). Assim, a doação total requerida dos Israelitas não era 10 por cento, mas mais do que 20 por cento. Todo esse dinheiro era usado para colocar a nação em funcionamento.
Toda doação aparte daquela que era requerida para colocar o governo em funcionamento, era puramente voluntária (cf. Êxodo 25:2; 1 Crônicas 29:9). Cada pessoa dava conforme o que estava em seu coração; nenhuma percentagem ou quantia era especificada.
Os crentes do Novo Testamento nunca são ordenados a dizimar. Mateus 22:15-22 e Romanos 13:1-7 nos contam sobre a única doação que é requerida na era da igreja, que é o pagamento de impostos para o governo. Interessantemente, nós na América, atualmente pagamos entre 20 e 30 por cento de nossos rendimentos para o governo - uma figura muito similar ao requerimento sob a teocracia de Israel.
A linha de direção para a nossa doação para Deus e Sua obra é encontrada em 2 Coríntios 9:6-7: “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”.



Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 25 de Fevereiro de 2003.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Teólogo publica monografia contestando doutrina do dízimo e disponibiliza estudo para download.



As doutrinas cristãs que ensinam a respeito do dízimo e ofertas às igrejas, para o sustento das denominações e seus colaboradores, são constantemente alvo de críticas e polêmicas.
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Dentre as maiores polêmicas em torno da doação de ofertas à igreja, está a doutrina chamada de “teologia da prosperidade”, que enfatiza o enriquecimento do cristão proporcionalmente à sua contribuição.
Sobre o dízimo, há quem diga que as passagens bíblicas que falam sobre a entrega de 10% à obra no Velho Testamento ainda valem para o Novo Testamento, e há quem discorde, afirmando que a partir de Cristo, a Lei foi derrubada, e que os critérios são outros, em todos os aspectos, incluindo a doutrina do dízimo.
O teólogo João Bosco Costa Vieira publicou sua monografia, com um estudo detalhado sobre o dízimo, abordando as passagens bíblicas a respeito do tema no Velho e no Novo Testamento, e situando cada uma das menções ao dízimo em seu contexto.Vieira ressalta que após a morte e ressurreição de Cristo foi estabelecida a Nova Aliança, e que os ensinos e doutrinas válidos para a prática da fé cristã estão inseridos a partir do livro de Atos dos Apóstolos, pois os Evangelhos contam a história de vida e ministério de Jesus, ainda sob a lei.
Bacharel em teologia pelo Instituto de Formação e Educação Teológica (IFETE), Vieira comenta que tem apresentado seu trabalho acadêmico a pastores, pedindo avaliação, mas não tem obtido respostas: “Não encontrei até hoje nenhum pastor que tenha refutado o conteúdo da obra. Após a leitura do trabalho os pastores evitam falar sobre o mesmo. Nenhum obreiro até hoje fez qualquer comentário contrário sobre o conteúdo”, relata o teólogo.
Segundo Vieira, a contestação de seu trabalho se torna difícil pelo embasamento que o trabalho recebeu em sua construção: “Um pastor próximo começou a comentar logo no início da leitura, como o expliquei que seria salutar conversarmos apenas quando o mesmo lesse todo o conteúdo, ele não mais tocou no assunto. Creio que o texto, pela misericórdia de Deus e não por mérito meu, não deixa espaço para conflitos, pois o mesmo é muito claro, de fácil compreensão e bem fundamentado na Bíblia. Os comentários objetivos de ótimos autores e de pastores respeitados por toda comunidade cristã complementam e facilitam o entendimento do leitor”.
O teólogo João Bosco Costa Vieira disponibilizou sua monografia, após cumprimento de trâmites ligados à instituição de ensino, para download gratuito neste      link.
Assista no vídeo abaixo, uma introdução ao tema, gravada pelo teólogo João Bosco Costa Vieira:

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A Obra Literária de Calvino por Alderi Souza de Matos



Um dos maiores legados de João Calvino ao movimento reformado e ao mundo foi a sua extraordinária produção literária. As obras do reformador de Genebra impressionam não somente pelo seu volume, mas por sua qualidade e erudição, notadamente nos campos da teologia e da interpretação bíblica. A totalidade dos escritos de Calvino preenche nada menos que 59 grossos volumes da coleção conhecida como Corpus Reformatorum . Os frutos dessa reflexão encontram-se em seis categorias de escritos.
(a) As Institutas: Calvino produziu ao todo oito edições de sua obra magna em latim e cinco traduções para o francês. A primeira edição (1536) tinha apenas seis capítulos e a última (1559) totalizou oitenta. Essa edição equivale em tamanho ao Antigo Testamento somado aos evangelhos sinóticos e segue o padrão geral do Credo dos Apóstolos, tendo como objetivo ser um guia para o estudo das Escrituras. É composta de quatro livros: I – O conhecimento de Deus, o Criador; II – O Conhecimento de Deus, o Redentor; III – A maneira como recebemos a graça de Cristo; IV – Os meios externos pelos quais Deus nos convida para a sociedade de Cristo.
(b) Comentários bíblicos: os comentários de Calvino são um importante complemento das Institutas. Ele escreveu comentários sobre todos os livros do Novo Testamento (exceto 2 e 3 João e Apocalipse), bem como sobre o Pentateuco, Josué, Salmos e Isaías. Além disso, foram preservadas as suas preleções sobre todos os profetas.
(c) Sermões: em suas pregações, Calvino fazia a exposição sistemática dos livros da Bíblia. Ele costumava pregar sobre o Novo Testamento aos domingos e sobre o Antigo Testamento durante a semana. Seus sermões eram anotados taquigraficamente por um grupo de leais refugiados franceses. A série Corpus Reformatorum contém 872 sermões do reformador.
(d) Opúsculos e tratados: Calvino escreveu muitas obras de natureza apologética ao polemizar com católicos, anabatistas, libertinos e outros grupos. Alguns exemplos são a Resposta ao Cardeal Sadoleto, reações ao Concílio de Trento e a questão das relíquias. Outros escritos seus tratam de temas como a Ceia do Senhor, a doutrina da trindade, a predestinação e o livre arbítrio.
(e) Escritos eclesiásticos: o reformador também produziu muitos textos voltados para diferentes aspectos e necessidades da vida da igreja (escritos catequéticos, confessionais, litúrgicos e outros). Dentre eles se destacam: Instrução e Confissão de Fé, Ordenanças Eclesiásticas, Catecismo da Igreja de Genebra, Saltério de Genebra, Forma das Orações e Cânticos Eclesiásticos e Confissão Galicana.
(f) Cartas: finalmente, Calvino produziu uma volumosa correspondência dirigida a outros reformadores, governantes de diferentes países, igrejas perseguidas, crentes encarcerados, pastores e colportores.
Um autor observa que o reformador de Genebra escreveu mais num espaço de trinta anos do que uma pessoa pode estudar e digerir adequadamente durante toda uma vida. Seus escritos nos mostram o teólogo, o exegeta, o polemista, o pastor e, acima de tudo, o cristão preocupado em glorificar a Deus e honrar a sua Palavra. Esse esforço contribuiu para a difusão do movimento reformado por quase toda a Europa.



O Rev. Alderi Souza de Matos é historiador oficial da IPB.
Fonte:
Jornal Brasil Presbiteriano

1º Semana Calvinista: confira sermões inéditos de Ryle, Spurgeon e Calvino sobre a Doutrina da Eleição

1º Semana Calvinista: confira sermões inéditos de Ryle, Spurgeon e Calvino sobre a Doutrina da Eleição

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Pastor Famoso afirma que a Bíblia contém erros.

Leiam vale a pena.

http://www.pulpitocristao.com/2012/06/caio-fabio-afirma-a-biblia-nao-e-um-livro-de-deus/

Por C.H.Spurgeon A Dica do Labirinto

Prefácio

As dúvidas escurecem e esfriam o dia. A névoa paira sobre todas as coisas e os homens se movem como os antigos egípcios quando presenciaram a escuridão. Oh, que esta névoa vá embora! O melhor que podemos esperar é que a presente melancolia passe bem depressa, e que a nuvem deixe o seu orvalho nutrindo uma fé mais sólida e inteligente.
O lamacento ceticismo não deixa ninguém correr, mas o fraco ainda pode ser alimentado. Os homens que são muito bons nascem nas colinas e amam o ar fresco das montanhas da verdade.
Os parágrafos deste pequeno livro não pretendem ser um exaustivo tratado de defesa da fé, pois meu objetivo não é o de destruir todos os argumentos do adversário, mas apenas o de ajudar um amigo. Assim como eu estive por algum tempo perdido no labirinto da vida, quem sabe não seria a hora de instruir alguém que se acha na mesma situação. Espero que através destas páginas algum coração verdadeiro possa receber o auxílio necessário para obter forças e lutar contra suas dúvidas. Não permita que o coração de ninguém caia, pois o prevalecente ceticismo é apena um “espectro da mente”. Enfrente-o e ele fugirá.
Um grande poeta forjou a expressão “dúvida honesta”. E quão avidamente ela foi tomada! A descrença moderna é tão medíocre de qualidade que ainda aproveitou esse rótulo para suprir para todas as épocas a necessidade que tinham de um personagem. É assim que na debilidade de nossas vozes, nos levantamos em nome da “Fé Honesta”.

Capitulo 1: VAMOS VIVER
A parte mais importante da vida humana não é o seu fim, mas o seu começo. O dia da nossa morte é a criança do passado; mas os nossos anos de nascimento são os senhores do futuro. Na última hora os homens geralmente trazem à sua cabeceira os pensamentos solenes que, infelizmente, chegaram tarde demais para algum efeito prático. O olhar silencioso, reverente e profundo, tão freqüente nos momentos de partida, deveria ter vindo mais cedo. Recomendo o exemplo do rei hebreu que jejuava e vestia trajes de luto enquanto a criança ainda estava viva. Sabiamente ele compreendeu a inutilidade do seu lamento após a morte da criança. “Poderei eu fazê-la voltar?” (2 Samuel 12:16-24) Essa foi uma das mais sóbrias perguntas. Porém, se consideramos que é algo desapontador tomar o ferro frio da bigorna, muito pior é ficar parado olhando a barra quente esfriar. Por isso, meu irmão, quem quer que seja, se mexa!

Capitulo 2: COMO DEVEMOS VIVER?
Qual martelo devemos usar? Sim, esta é a questão! Não é um tipo de pergunta que faço apenas para mim mesmo, mas por desejar ser um verdadeiro irmão e ter comunhão com você, meu leitor, eu a faço por sua causa trazendo uma reflexão a partir de uma oficina de trabalho. Aqui estão martelos, luz, claridade, muitas coisas! Veja a marca e a garantia, são novinhos! O velho ferreiro dali diz que não sabe nada sobre essas ferramentas. Elas foram deixadas por uma nova empresa que costuma criar bons produtos. “Pelo menos”, diz ele, “eles chamam a si próprios de uma nova empresa, mas acredito que seria melhor se fossem chamados de ‘a velha empresa com novo nome’. Eles entraram no mercado com um novo nome, mas são os mesmos picaretas de antigamente”. Com seu braço forte e o martelo em mãos, o velho ferreiro golpeia seu instrumento de trabalho, fazendo sair faíscas para todos os lados – “Lá”, diz ele, “o velho martelo me serve melhor”. Você vê, meu bom amigo, ele é apenas um ferreiro, e não conhece nada melhor. Algumas pessoas gostam demais das coisas antigas. Pergunto: Este conservador é mais tolo do que os aficionados pelas novidades? Pensamos que não!
O velho martelo forja a fé em Deus.
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Capitulo 3: A FÉ OPEROU MARAVILHAS.
A fé trabalha pesado, pois os homens de firmes convicções moldam o mundo sobre suas bigornas. A confiança cinge os lombos de um homem, incitando-o a por nela todas as suas forças. No capítulo onze da Epístola aos Hebreus, Paulo nos apresenta a lista dos heróis da fé e erige um Arco do Triunfo à suas memórias. Os nomes são destacados com fulgor: Abel, Enoque, Noé, Abraão, e as cenas esculpidas são como estas: “reinos subjugados,” “fecharam a boca de leões,” “extinguiram a violência do fogo”. Se os elogios fazem uma pausa não é porque o assunto acabou, como ele exclama: “E que mais direi? Faltaria tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas” (Hebreus 11:32).
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C.H.Spurgeon
Tradução: Wesley Carvalho
Fonte: livro “the Clue of the Maze“, escrito originalmente por C.H. Spurgeon em Merton, Sul da França, em 1882
Capa: Victor Silva
Ano de publicação 2012
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS: Proibida a reprodução com fins comerciais, e proibida a reprodução em um único volume, e proibida a reprodução sem citar o Projeto Spurgeon com link da fonte

Livro A Dica do Labirinto: Considerações profundas sobre a fé e a dúvida
Tradução: Wesley Carvalho
Direitos reservados: Projeto Spurgeon – Proclamando a Cristo crucificado