sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

se essa moda pega ...



Punição por batismo

São Paulo - A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou um pai a pagar indenização por danos morais por ter batizado o filho sem o conhecimento e consentimento da mãe da criança. Por maioria, a Turma entendeu que, ao tirar da mãe o direito de presenciar a celebração de batismo do filho, o pai cometeu ato ilícito e provocou danos morais nos termos do artigo 186 do Código Civil, de 2002.

Separado da mãe da criança, o pai pediu alteração do horário de visita e batizou o filho aos 2 anos. O batismo, católico, foi em 24 de abril de 2004, mas a mãe só tomou conhecimento da cerimônia sete meses depois. O caso foi parar na Justiça e chegou ao STJ por recurso especial. Antes do recurso, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro tinha anulado sentença que havia condenado o pai ao pagamento de R$ 3 mil a título de compensação por danos morais. Para o TJ fluminense, não houve dano moral porque o batismo foi feito sob a mesma religião da mãe. Além disso, o TJ considerou que, pela dificuldade de relacionamento entre as partes, o pai teve motivos para ocultar a decisão.
miguel silva

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

1 Pedro 4. 7-11

Exegese do texto de Pedro.

Introdução:

A escravidão na sociedade foi algo aceitável durante muito tempo. Em Roma se um escravo fugisse e sendo encon­trado, provavelmente seria marcado na testa com um “F” (para fugitivus) e se roubasse alguma propriedade de seu senhor, provavelmente seria condenado à morte, de acordo com a lei romana para escravos insubmissos. Os negros trazidos para o Brasil recebiam marcas quando eram comprados por traficantes e recebiam mais marcas quando eram comprados aqui no Brasil. E se fossem vendidos recebiam as marcas do seu novo senhor. Essas marcas eram feitas a ferro quente. Esta era situação de seres humanos que eram escravizados. As Escrituras falam que somos escravos de Deus. Cristo nos resgatou da ira de Deus. Recebemos o Espirito Santo que é o Selo de que pertencemos a Ele. O nosso Dono não nos irá vender. Somos sua propriedade para sempre. Além de sermos suas propriedades, Ele nos elevou a uma condição de dignidade antes nunca vista, somos seus filhos. Como nosso Dono e nosso Pai, Ele exige de nós obediência as suas diretrizes.

Elucidação: Nestes versos Pedro fala que dentro da comunidade cristã o crente deve praticar a disciplina de vida santa, a fim de ter a verdadeira comunhão. No verso 22 do cap. 1 nos é dito que fomos purificados pela obediência à verdade. Nos versos (4. 7-11) a verdade é posta em pratica. Todas as ordens que Pedro dá em termo prático só podem serem obedecidas por quem foi regenerado por esta verdade. Iremos meditar hoje sobre o seguinte tema

Tema: Deveres Cristãos

1 Divisão: O dever da oração (verso 7)

Pedro dá uma ordem especifica aqui que é manifesta em dois versos que ele usou (swfronh,sate) “criterioso” este verbo é um imperativo aoristo ativo. O verbo no original nos passa a idéia de cabeça fria, mente equilibrada que exerce autocontrole ou moderação. O outro verbo é (nh,yate) “sóbrio” este verbo é um imperativo aoristo ativo. A idéia no original é de manter a mente limpa. Qual a razão de sermos criteriosos e sóbrios? R- O fim de todas as coisas está próximo.

Pedro usa aqui o substantivo te,loj “fim”. Qual a idéia de fim que Pedro tem em mente? Que fim de todas as coisas Pedro se refere? A idéia do tempo de Deus está presente aqui. O plano redentor de Deus está estabelecido. Pedro diz que o sangue de Cristo foi manifestado no fim dos tempos por amor de vós 1 Pe. 1.20.

Pedro chama os crentes a atentarem no plano de Deus, Pedro chama os crentes a perceberem o que está acontecendo e terem uma posição definida e não se perturbarem com o que está acontecendo.

Para realçar bem isto, Pedro diz que este fim h;ggiken “se aproximou” este verbo é um indicativo perfeito ativo, ou seja, ele já chegou de forma definitiva e estamos experimentando seus efeitos. As Escrituras nos informam as características dos últimos dias: apostasia e práticas mentirosas. As Escrituras nos ensinam como devemos nos portar neste dias que vivemos:

Hebreus 10:25

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima

Tiago 5:8-9 8 Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. 9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas.

Qual a finalidade de sermos criteriosos e sóbrios? O texto nos informa a razão: Oração

Enquanto o crente espera o desfecho de todas as coisas, a volta de seu Redentor que irá julgar todas as coisas, o cristão precisa ter a cabeça equilibrada e a mente limpa para que possa orar. Pedro usou uma preposição no texto original que mostrar a finalidade de sermos equilibrados.

Por que orar?

A oração mudaria as características dos últimos dias? Mudaria o decreto de Deus? Mudaria o coração de Deus?

Certamente não!

Os objetivos já estão traçados.

Então, por que orar?

A oração é um aspecto importante da vida espiritual do cristão. Através da oração o cristão tem comunhão intima com seu Deus, através da oração o cristão conta suas angustias a Deus, através da oração o cristão agradece o que ele é em Cristo e do terrível juízo que foi liberto. O catecismo de Heidelberg na sua pergunta 117 diz:

Como devemos orar, para que a oração seja agradável a Deus e Ele nos ouça?

R. Primeiro: devemos invocar de todo o coração, o único e verdadeiro Deus, que se revelou a nós em sua palavra, e orar por tudo o que Ele nos ordenou pedir

Segundo: devemos muito bem conhecer nossa necessidade e miséria, a fim de nos humilharmos perante sua majestade. Terceiro: devemos ter a plena certeza de que Deus, apesar de nossa indignidade, quer atender à nossa oração por causa de Cristo, como Ele prometeu em sua Palavra

Kistemaker no seu comentário faz as seguintes colocações

A sobriedade e o domínio próprio são características essenciais para a oração desimpedida. A oração requer esforço, assim, o cristão pode apresentar seus louvores e pedidos com seriedade perante o trono de Deus. As Escrituras ensinam que deixar de orar é pecado (1 Sm 12.23). A oração é um requisito básico para um cristão que deseja ter uma vida agradável a Deus e aos homens. Através da oração, o cristão estabelece uma ligação vertical com Deus, antes de criar uma ligação horizontal com outras pessoas.[1]

2 Divisão: O dever de amar uns aos outros e de servir ao próximo e (verso 8 -10)

Os deveres cristãos não param somente na oração. Pedro dá mais razões para sermos criteriosos e sóbrios, Nestes versos Pedro começa a trabalha aspectos práticos do cristão.

1- Amor

2- Serviço

No verso 8 Pedro diz: Antes de tudo ou acima de tudo, os cristãos devem ter amor Pedro usou um verbo e;contej “tendo” este verbo é um particípio com sentido imperativo presente ativo, a idéia é de um amor sempre presente e ativo de uns para os outros. Pedro qualifica este amor. Ele não deve ser de qualquer forma, não deve ser falso, não deve ser mentiroso, não deve ser interesseiro, ele deve ser “evktenh/’ intenso e ardente. O amor não é uma emoção, mas uma decisão de querer, que leva à ação.

No próprio verso Pedro mostra este amor atuando. O amor não guarda arquivos dos erros cometidos, antes perdoa e esquece. Pedro faz uma citação do Antigo Testamento

Provérbios 10:12 O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões.

A idéia de Provérbios 10.12 é a seguinte: O ódio sugere a rejeição da boa ordem, dissolução dos relacionamentos humanos, fragmentação de qualquer tipo de sociedade. O amor é a busca do melhor para o outro. O amor é a melhor expressão dos relacionamentos ordeiros. Visando esta harmonia o amor encobre as questões que promovem contendas.

O verbo que Pedro usou para “cobrir” kalu,ptei é um indicativo presente ativo. A idéia é de algo constante, aqui reside um principio que é útil pra muita gente. A disposição de querer que as coisas e projetos dêem errado. Quantas e quantas pessoas nas igrejas além de não fazerem nada ficam torcendo para que as coisas fracassem e saiam erradas. Só pra ter o gosto de dizerem: Não falei!

Estas pessoas estão pecando.

Outra coisa também é o ressentimento a ressurreição de pecados cometidos e nunca perdoados.

As Escrituras mostram que o cristão deve agir de forma correta. O principio do amor é o que está estabelecido na Oração do Pai Nosso: perdoa as nossas dividas assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Deus me ama por isso me perdoa. Tem prazer em ter comunhão com seus santos. O que se espera de um crente? Se não a mesma coisa. Se você meu irmão não está agindo assim, você está pecando. Está sendo passivo da disciplina de Deus.

Outro aspecto prático que Pedro trabalha é a questão do serviço

No verso 9 Pedro fala sobre a hospedagem. É necessário fazermos algumas considerações históricas: A falta de uma rede de hotéis decentes para as pessoas comuns resultava em que as pessoas estivessem prontas para hospedar seus amigos e outros viajantes adequadamente indicados. A hospitalidade era, então, muito mais estimada do que hoje em dia.

Hermann comentando sobre a hospitalidade, na vida dos primeiros cristãos diz o seguinte

O elogio da hospitalidade está no Evangelho; os outros escritos do Novo Testamento insistem no dever da acolhida e explicam sua motivação espiritual. Quem recebe o estrangeiro recebe o próprio Cristo. Esse é um dos critérios para ser acolhido na casa de Deus[2]

Esta hospedagem devia ser feita de forma grosseira e com mau gosto? De forma nenhuma. Pedro diz: sem murmuração. A ênfase da instrução de Pedro está na qualidade da hospedagem.

No verso 10 Pedro estabelece o principio do serviço que cada cristão deve fazer

1- Pedro diz que devemos servir uns aos outros com o dom que Deus nos deu

2- Pois somos os mordomos da multiforme graça de Deus

Pedro quando fala que o cristão recebeu dons para o serviço, usar o verbo e;laben “recebeu” este verbo é um indicativo aoristo ativo, a déia é de algo definitivo. Deus deu dons para que seus santos servissem uns aos outros

Pedro também diz a razão de termos recebidos dons, somos “oivkono,moi” a palavra traz a idéia do escravo responsável pela administração da propriedade ou lar de uma pessoa e pela distribuição de salários, alimentos para seus membros.

Irmão, você e eu somos escravos do Senhor. Sendo assim, cada um deve tratar de servir bem ao seu irmão. Pois o Senhor derramou a sua graça de forma variada visando à edificação de cada santo.

3 Divisão: O dever de ter discernimento de que tudo é para a glória de Deus (verso 11)

A diferença do Senhor e do escravo é uma só: a condição de cada um. O escravo serve ao Senhor.

Somos escravos de Deus, nossa função é o serviço, nosso trabalho deve ter como alvo sua glória e não a nossa.

É sobre isto que Pedro vai tratar no verso 11

Pedro vai esmiuçar a forma correta de utilizar os dons que Deus deu

Os que falam, falem como oráculo de Deus: Nesta primeira orientação Pedro começa com àqueles que foram chamados para anunciar a Palavra de Deus. Qual deve ser a conduta de alguém que anuncie a Palavra de Deus? Irreverente? Como esta pessoa deve se comportar em relação ao resultado da pregação? Pragmático? Qual a atitude que os homens chamados por Deus para anunciar sua Palavra devem ter com a mesma? Indiferença? Será que uma atitude irreverente seria conveniente? Será que piadas na hora da entrega da Palavra de Deus são necessárias para que o ouvinte fique descontraído? Será que o ouvinte deve sentir descontraído quando escuta a Palavra de Deus? A resposta para todas estas indagações é um sonoro: Não!

Aqueles que Deus chamou têm que ter consciência que estão anunciando os oráculos de Deus. E a eficácia do anuncio não reside na sua oratória ou retórica, mas na aplicação feita pelo Espírito Santo que aplica quando quer e onde quer.

Os que servem, devem servir em cima da provisão do Senhor. O verso emprega um verbo no original corhgei/ “conduz um coral” A idéia deste verbo originalmente era “estar no conjunto coral”. Depois veio a significar “suprir um coral” e, assim, produzir uma peça ás suas próprias custas e risco. Finalmente, veio a significar simplesmente fornecer ou suprir com alguma coisa. A idéia é de que quem serve não deve servir baseado na sua própria força e sim na de Deus. A provisão de Deus é abundante.

A nossa confissão no cap. XVI sessão III falando a respeito desta força que e concedida pelo Senhor diz:

O poder de fazer boas obras não é de modo algum dos próprios fiéis, mas provém inteiramente do Espírito de Cristo. A fim de que sejam para isso habilitados, é necessário, além da graça que já receberam, uma influência positiva do mesmo Espírito Santo para obrar neles o querer e o perfazer segundo o seu beneplácito; contudo, não devem por isso tornar-se negligentes, como se não fossem obrigados a cumprir qualquer dever senão quando movidos especialmente pelo Espírito, mas devem esforçar-se por estimular a graça de Deus que há neles.

Qual a razão de Pedro dá estas instruções para quem prega e quem serve?

A razão é que em todas as coisas quem deve ser glorificado é Deus

Não temos glória nenhuma. Toda glória é do Senhor.

Interessante o modo do verbo que Pedro usou no original para glorificar “ doxa,zhtai” subjuntivo presente passivo. O subjuntivo é o modo de probabilidade. Creio que Pedro dá uma advertência aqui. Quando o cristão não segue as instruções de Pedro ele acaba não dando a gloria a Deus. Mas quando o cristão obedece às instruções ele glorifica a Deus através de Jesus Cristo.

O Senhor Deus só aceita as nossas obras por causa de Jesus Cristo.

A Nossa confissão de Fé no cap. XVI sessão II diz:

Estas boas obras, feitas em obediência aos mandamentos de Deus, são o fruto e as evidências de uma fé viva e verdadeira; por elas os crentes manifestam a sua gratidão, robustecem a sua confiança, edificam os seus irmãos, adornam a profissão do Evangelho, tapam a boca aos adversários e glorificam a Deus, cuja feitura são, criados em Jesus Cristo para isso mesmo, a fim de que, tendo o seu fruto em santificação, tenham no fim a vida eterna.

Pedro termina o verso com uma doxologia, ou seja, um louvor final.

Deus é glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertence à glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém

Aplicação:

1- Não podemos viver no mundo sem o necessário discernimento da época em que vivemos. Deus ordena que sejamos criteriosos e sóbrios para termos discernimento das coisas. O crente precisa fazer a leitura do seu tempo e perceber o agir de Deus

2- Este discernimento deve levar o crente à oração

3- As Escrituras ordenam como devo me relacionar com meu irmão: devo amá-lo intensamente. Amar é respeitar, corrigir, ser transparente, não criar confusão, entender que temos o mesmo propósito, manter a paz entre os santos de Deus. Quem não procede assim, peca.

4- Devemos ser prontos para ajudar

5- Devemos ter discernimento que somos escravos e administramos bens do Nosso Senhor. Que recebemos dons e devemos utilizá-los de forma que todos os santos de Deus sejam servidos. A finalidade de tu teres dons e posses é ser útil ao teu irmão. Se você ainda não entendeu isto, você está pecando.

6- Cada um precisa usar o talento que Deus lhe deu e entender que a força para usar este talento não provém de nós mesmo.

7- Toda a glória é de Deus. Então não se engane, não somos nada, não temos nada, tudo o que somos e o que temos foi dado por Deus. Sendo assim, a maior estupidez que um santo de Deus possa ter é o orgulho e a soberba.

Conclusão:

Como escravos de Deus temos o sinal de sua propriedade: O Espírito Santo. Deus é o nosso Dono definitivo.

Deus nos elevou a um estado de dignidade.

Ele nos trata como filhos, pois de fato somos seus filhos, por causa de Cristo.

Deus requer de nós obediência e quando não obedecemos, Ele nos castiga como filhos

Deus nos delegou deveres que devem ser obedecidos

Que o Senhor nos ajude a obedecer-LO

Que nossas atitudes visem acima de tudo exaltá-Lo sempre e sempre

A Ele toda glória!

Amém.


[1] KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento Epistolas de Pedro e Judas. São Paulo-SP: Cultura Cristã, 2006. p. 227
[2] HAMMAN, A.-G. A Vida Cotidiana dos Primeiros Cristãos (95-197). São Paulo-SP: PAULUS, 1997. p. 34


Soli deo Gloria!!