quinta-feira, 25 de agosto de 2011






Arrogância, Principal Tentação do Reformado



O que leva reformados ao caminho da arrogância e soberba? Essa pergunta pode soar estanha e imprópria. Entretanto a altivez e o orgulho espiritual é um pecado no qual muitos reformados caem. A razão para o deslize – por incrível que pareça - é causado pelo conhecimento doutrinário que se recebe. O que fazer com ele? A resposta a essa pergunta é que faz toda a diferença.


Diz o velho jargão que “conhecimento é poder”. É fato que aqueles que têm contado com a fé reformada - e se afadigam no estudo da mesma - estão à frente daqueles cristãos evangélicos que só conhecem superficialmente o Evangelho de Cristo. Os reformados estão entre os leitores de livros doutrinários e históricos, freqüentam simpósios e encontros, além de utilizar ferramentas da mídia eletrônica para se atualizarem nos blogs e sites. Esse conhecimento os separa e os distingue das massas alienadas fabricadas pelo raso evangelicalismo moderno. Como resultado alguns reformados se julgam superiores ao demais gerando, assim, soberba e arrogância.


Estranho esse proceder, pois quanto mais conhecimento obtemos de Deus mais conscientes deveríamos ficar da nossa miséria e falência. Como resultado Isso deveria nos levar ao quebrantamento e a servidão de tal forma que consideraríamos os outros superiores a nós mesmos.


Ao contemplar a glória de Deus no Templo, após uma profunda crise , Isaías em êxtase gritou: “Ai de mim! Estou perdido!”. O peso da glória divina esmagou toda a prepotência e vaidade do profeta - fê-lo conhecer sua insignificância e vileza. Além disso, logo após essa confissão, brotou uma identificação com o próximo de tal maneira que o levou ao serviço: “eis-me aqui”. Essa visão reformou completamente o profeta. O conhecimento de Deus o lançou ao povo a fim de instruí-lo na verdade. Eis um homem consciente da sua miséria e depravação com uma mensagem de perdão e esperança nos lábios. A contemplação da majestade de Deus não levou Isaías ao orgulho espiritual e nem ao isolamento dos demais homens.


Mas, hoje, em muitos casos, não é isso o que acontece. Por quê? É simples: muitos têm uma apreensão intelectual da Verdade, porém essa nunca desceu para o coração. Assim sendo, o conhecimento de Cristo e da sua doutrina quando não nos leva à humildade, inevitavelmente, nos conduz à soberba e, por que não dizer, ao farisaísmo.


Às vezes ouço a antiga oração ecoando por aí: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, arminianos, pentecostais e dispensacionalistas, nem ainda como um liberal; leio a Confissão de Fé duas vezes por dia e dou o máximo de tudo quanto ganho para comprar livros reformados, freqüentar congressos e simpósios”. Esses se consideram justos e desprezam os demais. Algo não muito raro no nosso meio.


Concluo enfatizando que precisamos de um calvinismo experimental - uma reforma que nos leva a uma experiência diária de real quebrantamento diante de Deus e humildade perante os demais homens. O “eis-me aqui” de Isaías precisar ser acompanhado pelo “Ai de mim! Estou perdido!”. São essas duas expressões que devem moldar o caráter do reformado, pois somente assim poderemos fazer diferença no nosso meio e na nossa geração. Então, quando o discurso e a prática estiveram presentes na nossa fé reformada seremos realmente relevantes para o mundo. Porém, se tivermos apenas a fé reformada sem a experiência de vida reformada estaremos falando de nós para nós mesmos – presos no gueto da nossa própria vaidade e futilidade. Medite nessas cousas!



Rev. Naziaseno Cordeiro Torres Pastor da Capela do Alto Alegre, Bahia


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