segunda-feira, 28 de junho de 2010

A contra-marcha para GIZUZ (o falso Jesus)


Dia 4 de junho teve a famosa marcha pra Jesus, e alguns cristãos resolveram fazer um protesto um pouco diferente:



Vera Siqueira

Um dia após a marcha para Jesus 2010 em São Paulo, ficam as reflexões sobre o movimento. Mas antes, um breve relato de como foi o dia de ontem.



Estávamos um pouco preocupados em como chegaríamos ao local, estação Tiradentes do metrô, onde se inicia a marcha. No ano passado, era quase impossível andar na estação por conta do grande número de participantes. Esse ano, porém, graças a Deus a chegada foi bem tranquila.

Como no ano passado, nos posicionamos ao lado do primeiro trio-elétrico, o que leva o casal Hernandes e a elite da marcha. Qual não foi nossa surpresa quando o próprio Apóstolo Estevam leu uma de nossas faixas: “Voltemos ao Evangelho!!!”. Porém, ele não enxergou ou não quis ler o restante da mensagem: “puro e simples, o $how tem que parar”. Mas tudo bem, já é um começo!
Esse ano levamos 4 faixas, duas com a mensagem de volta ao Evangelho puro e simples, e duas com versículos bíblicos (1 Tm 6.3-10 e 2 Pe 2.1-3). Por incrível que pareça, as faixas mais defenestradas por quem nos abordava eram as dos versículos bíblicos. Fomos chamados até de doentes mentais, pois em nossas bíblias havia esses versículos e, aparentemente, na bíblia desses “crentes” não. Quando as pessoas preferem dar ouvidos a homens a simplesmente ler a bíblia, vemos que a situação de muitas das igrejas ditas evangélicas é pior do que se pode imaginar, sendo apenas centros de arrecadação para crescimento próprio e de seu “papa” em particular.



Diferente do ano passado, a multidão em conjunto não nos hostilizou. Penso até que foram instruídos nesse sentido, ficando as ofensas e ameaças em nível individual. Mesmo grávida de 9 meses, uma garota que não gostou da faixa que eu segurava me deu um empurrão num local estratégico em minha atual situação, mas tive tempo de posicionar meu braço de modo a evitar danos ao bebê. Meu marido chegou a ouvir que ainda iria levar um tiro na cara. O Júlio foi ameaçado de prisão, aliás a atuação da polícia merece um parágrafo especial.
Nesse ano, resolvemos parar num posto da Petrobras (não, essa empresa não patrocinou nosso movimento! :-) , pois havia uma viatura no local e, de certa forma, isso nos dava uma certa segurança em meio aos mais exaltados. Porém, em certo momento se aproximou de mim um policial e uma senhora bastante exaltada, que depois vim saber que era uma pastora. Essa senhora, com contundência, me disse que era advogada, que aquela era uma passeata de evangélicos, que estávamos atrapalhando e ofendendo a passeata com as faixas (repito, versículos bíblicos conforme todos podem conferir nas fotos), que poderia nos processar, nos mandar prender, blablabla. O policial, constrangido, me pediu para que caminhássemos ao invés de ficarmos ali parados, pois assim as pessoas que estavam reclamando com ele sobre nossa presença não o forçariam a apreender nossas faixas. Via-se que ele tinha apenas que cumprir ordens (aliás, quem disse que ia prender o Júlio, se não me engano, era um oficial membro ou simpatizante da igreja dominante no local, mas isso o Júlio pode explicar melhor no blog O Proponente, em seu artigo sobre o assunto – eu não estava próxima quando isso aconteceu e por isso só posso especular). Enfim, nos mantemos no local, porém sabendo que a qualquer momento as faixas seriam retiradas. Nesse interim, passou por nós a “tropa de apoio” da marcha (digo isso por serem um grupo de homens bem fortinhos, de óculos escuros, sendo que o último da tropa ficou o tempo todo olhando para nós, não sei se admirando a beleza dos nossos componentes ou se tentando de alguma forma nos intimidar). Só sei que, um tempo depois, não havia apenas uma viatura, mas um monte de policiais e guardas metropolitanos ao nosso redor. Mas enfim, não mexeram conosco (não foi dessa vez que passeei de camburão).
Claro, também houve quem apoiasse nosso movimento, inclusive um integrante de um trio-elétrico, por incrível que pareça (ele fez sinal de positivo para nós). Muitas das senhoras que marchavam tocavam em meu barrigão e o abençoavam, num espírito verdadeiramente cristão. Duas meninas, de uns 12, 13 anos, vieram nos perguntar se éramos contra a marcha. Após a explicação de que não éramos contra marchas para Jesus, mas contra o uso do nome Dele de forma mercantilista, elas sorriram, concordando conosco, e voltaram a marchar felizes. Isso realmente me emocionou, não me esquecerei da carinha daquelas duas meninas, peço a Deus que dê a meu filho essa mesma consciência de querer provar todas as coisas, para ver se realmente vêm e são de Deus.
No final da marcha, uma situação meio inusitada. O pessoal de apoio veio com vassouras, dizendo para nós ajudarmos a varrer a rua (mas o fizeram de forma meio irônica, meio provocativa, “já que vocês não fazem nada, façam alguma coisa, ajudem a gente”). Na mesma hora me dispus a fazer isso, peguei uma vassoura e passei a ajudar, pois mesmo sem ter jogado nada no chão (mal bebi, pois grávida vai ao banheiro a cada uma hora e eu não poderia me dar a esse luxo naquele dia), porém como participei da marcha, também era responsável pelo lixo deixado no local. Iria mesmo varrer toda a rua com eles, mas acho que nesse momento se constrangeram e me agradeceram, que não precisava ajudar, que a caminhada até o final era longa, blablabla. Bom, nós nos dispusemos, pelo menos, pois ali todos somos irmãos, mesmo os que nos ofenderam, apenas vemos o Evangelho de Cristo de forma diferente, e melhor do que faixas e camisetas é a evangelização através do exemplo de vida, através do amor, que é a linguagem de Deus.




No mais, tudo mais ou menos igual ao ano passado. Terminada a marcha, o Pablo colheu algumas entrevistas e fomos embora, felizes por saber que alguns dos que leram nossas faixas e camisetas serão importados pelo Espírito Santo de Deus a buscar nas Escrituras a Verdade, e assim se abrirá o caminho para que realmente venham a ser homens e mulheres livres de todo o jugo religioso, que só serve para manter no poder e enriquecer os “papas” locais. O Evangelho puro e simples de Jesus nos traz a Graça, de graça: nos traz a liberdade.
Que Deus abençõe e capacite aos que, corajosamente, estiveram esse ano na marcha: Vinicius e sua esposa Regiane (blog Refletindo a Graça), Alex Martins, Ailton e sua noiva Daniele, Tiago, Mambalt, Reinaldo Black (blog Tamu Junto), Laudinei (blog Exemplo Bereano), Julio (blog O Proponente), Pablo Silva (canal de video) Joaquim Lucas (em sua 2a. marcha, mesmo antes de nascer – alguém duvida de que será protestante?) e o Paulo. Se não citei alguém me desculpe, parece que houve pessoas que ajudaram a carregar as faixas e depois saíram, mas Deus não se esquece de vocês jamais. Sentimos muito a falta do Vitor Cid, do Diogo Bocchio, , da Mayara, da Sandra, da Rose, do Sergio, de pessoas que, por vários motivos, não puderam participar, embora houvesse o desejo no coração. Mas fiquem tranquilos, ano que vem tem mais!!! (o bom seria marcharmos todos unidos apenas por Cristo, mas a bíblia diz que nos últimos tempos muitos apostatarão da fé, que a iniquidade vai crescer, que surgirão falsos cristos e falsos profetas, então a tendência, infelizmente, não é de melhora em tão curto tempo).
Que Deus possa levantar homens e mulheres com ousadia nos quatro cantos do país, para que proclamem o verdadeiro Evangelho, que não é obtido a preço de prata ou ouro, pois já foi pago pelo sangue derramado por Cristo na cruz.

Obs1.: aguardem em breve o vídeo produzido por Pablo Silva.
Obs2: o Apóstolo Estevam Hernandes disse, em reportagem do portal Guia-me, que em número éramos insignificantes em relação à multidão que marchava. Concordo plenamente, nesse quesito, com o apóstolo. Afinal, somos insignificantes mesmo, e se alguma coisa acontecer a partir do nosso protesto silencioso, toda a honra e glória será apenas para Deus.