sábado, 14 de julho de 2012

Jean Wyllys e o Ernst Höhm: um caso de amor que não ousa dizer o nome

Ernst Höhm foi o mais poderoso chefe da SA ou dos “camisas pardas”, o grupo paramilitar de Hitler, e um dos mais de seus destacados chefes nazistas, antes do famoso massacre em julho de 1934, quando centenas de membros do Partido Nazista foram assassinados pelo ditador. Uma das questões mais curiosas, senão doentias de Höhm era a sua cosmovisão de violência revolucionária e sua idolatria egocêntrica ao homossexualismo. Na verdade, Hitler eliminou o chefe da SA porque este se tornou uma ameaça à estabilidade do regime, como também a SA havia se tornado uma confraria homossexual de Höhm. Mas o que pensava Höhm a respeito? Homossexual assumido, Höhm pregava, intramuros, que a homossexualidade deveria ser um objeto de culto idolátrico entre seus partidários. Era uma forma de coesão interna e culto místico de lealdade entre seus membros, junto com a concepção arianista da raça. Alguém notará alguma semelhança ou coincidência com os métodos, estruturas de pensamento e coesão grupal do movimento homossexual atual? A diferença é que a camisa mudou de cor. É rosa ou arco-íris.
Recentemente, o deputado e militante homossexual Jean Wyllys escreveu uma carta ameaçadora ao jornalista Olavo de Carvalho, esperneando com os mais grotescos impropérios, em razão das declarações que o dono do Mídia Sem Máscara fez em seu programa, True outspeak. Não custa nada avaliar as frases delirantes do deputado do PSOL:
“Pelo visto o Sr. não sabe o que é uma democracia, tendo em vista que sua pretensão é criar um Estado Fascista, pois buscas tolher toda e qualquer direito adquirido pelo povo LGBTS, que, através da minha legislatura, conseguiram o direito fundamental ao casamento e à adoção de crianças”.
Jean Wyllys não nos prova nada desse “Estado fascista” preconizado por Olavo de Carvalho. Pelo contrário, se atentarmos aos esquemas mentais de Wyllys, e mesmo a ideologia do seu partido, podemos ver os elementos mais odiosos do fascismo na doutrina do PSOL: o Estado onipotente controlador da vida social, da economia e da sociedade civil, aparelhada pelo Partido único. Fascista, no sentido ideológico da palavra, é Jean Wyllys. Mas não custa nada observar mais: Jean Wyllys tem outro componente visível da mentalidade fascista, que é não aceitar as dissidências. Ou seja, se alguém discordar do movimento gay, do dito “casamento homossexual” e adoção de criança por homossexuais, o lugar desejado pelo deputado é a cadeia.“Democrático” é aceitar irrefletidamente as doidices de Jean Wyllys. “Fascista” é discordar dele.
Por outro lado, Jean Wyllys mostra uma face bem mais obscura, que é o da pedofilia. Analisemos o fragmento de sua carta:
“Durante o referido programa, ambos, além de todos os ataques homofóbicos, induziram o público a acreditar que sou o defensor da legalização da pedofilia - o que é totalmente mentiroso de sua parte. Defendo, sim, o direito de qualquer pessoa poder dispor do seu corpo da forma que bem entender - inclusive as crianças, pois estas têm as mesmas necessidades que os adultos e não são propriedades de ninguém. Suas declarações criminosas contra mim não ficarão impunes”.
A pergunta que fica no ar é: as crianças têm as mesmas necessidades que os adultos? Se o deputado disser que sim, essa foi uma defesa elementar, ainda que sutil, da liberação da pedofilia. Ora, crianças têm necessidades sexuais? Crianças têm maturidade psicológica para resolver os problemas de sua vida? Confesso que fiquei perplexo com tamanha estupidez, já que quebra qualquer fundamentação jurídica que distingue a maturidade e a incapacidade dos cidadãos, tanto no código civil, como no código penal. Ou mais, quebra qualquer sinal de proteção legal dos jovens, que podem ser vítimas de abusos de toda ordem, tanto de estranhos, como da própria família.
Se as crianças podem assumir quaisquer responsabilidades de adultos, logo, elas podem se casar, assinar contratos, e, inclusive, ter relações sexuais. É pior, se as crianças são “responsáveis” pelos seus corpos, logo, as famílias podem perfeitamente abandoná-las, pelo sinônimo de que são “donas” de si mesmas. Mas sabemos que as crianças não são capazes dessas ações. E daí a lei reconhecer sua incapacidade civil, para protegê-las, sob os cuidados dos pais. Jean Wyllys é claro em dizer que a criança terá a “liberdade” de fazer qualquer coisa com seu corpo. Ou seja, se um pedófilo seduzir uma criança e esta anuir na prática de abuso sexual, logo, para efeitos legais, Jean Wyllys achará lícita a pedofilia? Não é óbvia a malícia do discurso?

Por outro lado, há outra falácia detectada no argumento do deputado: se as crianças serão responsáveis pelos seus corpos, logo, a família perderá o pátrio poder sobre os filhos. Na verdade, percebe-se que a suposta “criação” de direitos da criança é uma forma de usurpação dos direitos de família e da própria criança, seja pelo Estado, seja por qualquer movimento pedófilo da vida. O Estado, o partido, as ongs, ao forjarem “direitos” inexistentes para os menores, acabam por jogá-los contra os pais e, na prática, retiram os verdadeiros direitos reais dos infantes, qual seja, a de serem protegidos contra a violência e o abuso de poder. Tamanha é a perversão de raciocínio do deputado.

O problema é que Jean Wyllys não tem necessariamente um argumento. Tudo o que faz é injetar uma chuva de declarações ad hominem, com chavões panfletários e mastigados pelo uso, para desmerecer seu oponente. Encontramos aqui outro componente fascista, o de destruir o rival político por todos os métodos, apelando a falsa retórica, a intimidação, a prisão e quem sabe, até a morte.

Entretanto, podemos encontrar um componente bem stalinista de seu discurso: acusar de fascista o seu adversário, ainda que não encontremos nem um sinal da ideologia de Mussolini ou de Hitler. Isso é genuinamente bem comunista e foi absorvido pela intelligentsia de esquerda, lá nos idos dos anos 1930, quando Stálin era moda entre os intelectuais. Neste caso, Jean Wyllys associa o que há de pior no fascismo e no comunismo, que é o mecanismo de hostilidade, intolerância, fanatismo e violência.

Em outra carta endereçada a Olavo, ele ainda insiste em afirmar que não defende a pedofilia:
“Eu defendo sim que toda criança tenha direito de dispor da maneira que desejar o próprio corpo, sendo que a única regra que deve ser respeitada em todas as relações hetero e homoafetivas é o respeito e a liberdade”.
Em outras palavras, a única categoria válida na relação de crianças e adultos não é a maturidade de um indivíduo ou a incolumidade da criança, e sim se a natureza da relação sexual hetero será ou homo. Traduzindo, Jean Wyllys está afirmando que o elemento central a ser “respeitado” é a liberdade sexual entre crianças. O problema é que ele é intelectualmente incapaz de perceber a incoerência lógica do seu discurso,. Ou quem sabe, que ele seja incrivelmente desonesto e perverso. O que denota aquilo que Olavo de Carvalho, com razão, detectou: é um semi-analfabeto.
Resta saber o que o deputado quis dizer com essas palavras ameaçadoras:

“Saiba, pois, que sou um Deputado Federal, detentor de imunidade parlamentar, a qual é importante, diante das tentativas desenfreadas da direita fascista tolher a liberdade dos cidadãos LGBTS - aliás, sempre por parte de reacionários seguidores de sua filosofia sanguinária e despótica”.
Não custa nada perguntar o que significa aí “filosofia sanguinária e despótica”? Curioso, pois Jean Wyllys é membro de um partido que prega a ideologia comunista, o sistema de governo mais sanguinário e genocida da história humana, e que ganha de goleada do nazismo em matéria de assassinatos em massa. É chocante perceber que o deputado não tem raciocínio lógico, não tem linha de argumentação, mas tão somente histeria canina e notório desequilíbrio mental. Olavo de Carvalho prega a morte de alguém? Eu nunca vi. Mas Jean Wyllys prega cadeia para os dissidentes, censura da liberdade de imprensa e processos na justiça, pelo único crime de discordar da sua agendinha homossexual (e por que não?) pró-pedófila.

Ao declarar tantas tolices, tantas mendacidades, Wyllys ainda apela a carteirada típica da vigarice dos políticos de Brasília: usa e abusa da imunidade parlamentar, para não responder pelos seus próprios atos. Ele diz, claramente, que a impunidade aparente da imunidade pode dar carta branca para ele fazer tudo que der na sua cabeça.

Jean Wyllys demonstra ter completo transtorno psicológico ao escrever esse trecho para o Olavo:
“A partir de amanhã vou lutar, junto aos órgãos competentes, pela sua deportação para o Brasil, diante dos crimes contra a humanidade que são cometidos pelo sr., incentivando a violência contra homossexuais e pessoas que possuem ideologia diversa da direita fascista”.
Crimes contra a humanidade? Qual? Olavo de Carvalho matou gente na Síria ou no Sudão? Dirigiu alguma ditadura sanguinária? Na verdade, Jean Wyllys incorreu no crime de calúnia, tipificado no código penal. No entanto, é claro que “crime contra a humanidade” é um conceito bastante seletivo para Jean Wyllys e as esquerdas. Alguém já o ouviu criticar a perseguição aos homossexuais em Cuba ou pedir a extradição de Fidel Castro? Ou será que o mesmo terá coragem de pedir cadeia para Armadinejah, pelo mesmo ofício de enforcar gays no Irã? Pelo contrário, entre o PSOL, o regime sanguinário de Cuba e do Irã, são só amizades e elogios.

Falei inicialmente de Ernst Höhm. Falei da SA e da confraria nazista louca de homossexuais.Jean Wyllys, esse notório insignificante, cuja única contribuição na história humana foi aparecer num Reality Show do Big Brother Brasil, é o nosso Ernst Höhm, o nosso Big Brother gay. Bicha mais louca não há.

ADHT: DefesaHetero.org: O ESTADO IDIOTIZADOR - VEJAS AS METAS DO PT E SEUS...

ADHT: DefesaHetero.org: O ESTADO IDIOTIZADOR - VEJAS AS METAS DO PT E SEUS...: CONTRIBIÇÃO DE UM BRASILEIRO DO TWEETER :

sexta-feira, 13 de julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

As Escrituras e “As Questões Indiferentes” (parte 2)

DEFININDO “ESSENCIAIS E NÃO ESSENCIAIS”

Antes de deixarmos essas observações, uma questão adicional precisa ser considerada. Será visto que, se o ensinamento Puritano do Princípio Regulador for considerado proeminente, então inevitavelmente a questão de nossa prática sobre ordem, governo e adoração na igreja assume uma importância ímpar no meio evangélico. Poderemos, portanto, estar predispostos a concluir, com Whitgift, que os Puritanos, chamando atenção a assuntos externos e a questões “não essenciais à salvação”, não estavam corretamente fazendo distinção entre pontos fundamentais (os Evangelhos e as doutrinas da fé) e secundários. Whitgift disse a Cartwright que a tendência da política Puritana era de provocar “a derrota do Evangelho através de contendas sobre questões externas(...). Certamente, tratando-se de questões “necessárias à salvação” então há justa causa em quebrar a paz da igreja por elas; mas se são questões de menor peso, então você não poderá desculpar-se a si mesmo ou a eles”. [5] De modo semelhante, Bishop Hel declarou que era “mil vezes melhor engolir uma cerimônia do que despedaçar uma igreja”.

Richard Hooker usou essa mesma distinção entre essenciais e não essenciais em resposta à acusação Puritana de que o fundamento da Igreja Elizabetana não aceita a autoridade das Escrituras na sua totalidade. Ele afirmava que rejeitar o ponto de vista Puritano de autoridade bíblica de modo algum negava “a absoluta perfeição das Escrituras”, porque Deus concebeu as Escrituras para serem “uma completa instrução em todas as coisas necessárias à salvação... assim as Escrituras, sim, cada sentença ali, é perfeita, não carecendo de nenhum requisito ao propósito para o qual Deus a deliberou”.[6] Coisas tais como cerimônias, ordem, disciplina, e governo, Whitgift e Hooker defendiam, são à parte do Evangelho e das questões de fé. Por alegar a necessidade da autoridade das Escrituras a questões não necessárias para a salvação, os Puritanos eram denunciados de alargarem e deturparem a Bíblia para cobrir áreas nas quais Deus nunca pretendeu dar instruções definitivas.

Podemos apenas brevemente indicar a natureza da resposta Puritana a tal acusação. Eles asseguravam que o único fundamento sobre o qual a salvação de pecadores depende é a verdade concernente à pessoa e obra de Jesus Cristo (I Coríntios 3.11). Contudo há também um número de outras verdades explicitamente reveladas nas Escrituras as quais não podem ser classificadas estritamente como “necessárias à salvação”, pois um homem pode não compreendê-las ou se equivocar a respeito delas e ainda assim ser salvo. “Não tenho dúvida que muitos dos pais da Igreja Grega” afirma Cartwright, “os quais foram grandes patronos do livre-arbítrio (pelo menos até onde vão suas palavras) são salvos, mantendo-se firmes no fundamento da fé o qual é Cristo”.[7] Whitgift luta para evitar isto (repreendendo Cartwright por “falar tão perigosamente”) porque o argumento de Cartwright derruba sua premissa de que as Escrituras somente falam claramente naquilo que é “necessário para salvação”. Como um ortodoxo protestante Elizabetano ele tem que concordar que as Escrituras são decisivamente contra o livre-arbítrio. Assim sendo, se Cartwright está certo, a Bíblia fala autoritativamente sobre uma questão “não-essencial” – não essencial, isto é, de acordo com a definição de Whitgift, explicitamente, não necessária para a salvação. Whitgift não pode aceitar esta conclusão e, ao invés disso, responde que se uma pessoa morre sustentando o livre-arbítrio ela não pode ser salva.
 
Para os Puritanos, Whitgift estava tentando manter uma distinção que não poderia ser mantida. Os Puritanos consideraram o hábito de seus oponentes de discriminar entre essenciais e não-essenciais um procedimento perigoso. Perigoso, não porque pretendiam exaltar Cristo e o Evangelho ao seu lugar supremo, mas por enfatizar que o Novo Testamento não oferece segurança àqueles que reconhecidamente negligenciam ao menor dos mandamentos de Cristo. Samuel Rutherford diz:

“Nós frisamos a imutabilidade das leis de Cristo, tanto nas questões menores como nas maiores, posto que são os mandamentos de Cristo, o maior ou o menor, com respeito ao assunto intrínseco, tal como o uso de água no batismo, ou batizar é menos importante do que pregar a Cristo, e crer nele (I Coríntios 1.17). Contudo eles são ambos importantes, no que tange a autoridade de Cristo o Comandante (Mateus 28.18,19). E é muita ousadia alterar qualquer mandamento de Cristo, por menor que seja a questão, pois se ele reside na nossa consciência não pode ser de maior ou menor importância... mas por nos prender à autoridade do doador da Lei: assim, a autoridade de Deus é a mesma quando diz: Não adorarás falsos deuses, e quando diz, não acrescentarás de ti mesmo nem um anel ou pino à arca, tabernáculo, templo, sim, pois violar um desses mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, faz da pessoa a menor no reino dos céus (Mateus 5.18)”.[8]
É verdade que uma pessoa salva pela graça pode, através de circunstâncias e ensinamento errado, não ser capaz de ver tudo o que as Escrituras requerem relativamente à Igreja; os Puritanos nunca consideraram pontos de vista corretos sobre a constituição da Igreja como se fossem um teste da graça salvadora. Mas o seu reconhecimento de que nem todas as verdades reveladas são verdades fundamentais sem as quais ninguém é salvo, não significa, como aponta Henry Barrow, que seja permitido fazer “algumas doutrinas e algumas partes do Testamento de Cristo fundamentais e substanciais, outras acidentais e como tal podendo ser alterados ou violadas sem prejuízo ou dano para a alma”.[9] O fato de que uma pessoa possa ser incompleta em conhecimento e prática, e ainda assim ser salva por permanecer no fundamento que é Cristo, não dá permissão para dividir as Escrituras em essenciais e não-essenciais – pondo as regras concernentes à igreja visível na segunda categoria e assim podendo ser deixadas de lado. John Robinson, o pastor da Pilgrim Fathers, faz a seguinte observação a respeito das verdades essenciais:

“Por mais que reconheça a diferenciação de verdades, e que algumas são mais e outras menos importantes, desejo maior consciência na aplicação dessa distinção. Pois embora os ministros e o povo na Igreja Inglesa estejam sujeitos à obediência ao Novo Testamento por leis civis e eclesiásticas, isto se torna um anestésico para toda aflição pois crêem ter a substância do Evangelho, a doutrina da fé, todas as verdades fundamentais e tudo o mais que é necessário para a salvação. Na defesa de que (como é feito) há três perversidades:

1º) “Por isto os homens não apenas se empenham, quando muito, em curar Babel (isto é, a igreja estabelecida), mas até mesmo em fazer Babel crer que ela nem necessita ser curada: as suas feridas não são nem mortais nem perigosas”.

2º) “Isto tende a aviltar e tornar de pouco impulso ou importância muitas das verdades e ordenanças do Senhor”.

3º) “A alegação feita pelos ministros, de que eles detêm e desfrutam todas as verdades fundamentais, e tudo o mais necessário para a salvação, considerando sua finalidade, isto é, a suspensão por parte do povo do esforço para obediência e confissão da vontade de Deus e ordenanças de Cristo, são ambas danosas ao crescimento e obediência do povo de Deus”.
 
“...Ela insinua que é suficiente ao homem servir a Deus até o ponto de obter salvação, mesmo com desobediência de grande parte da revelada vontade de Deus: levando o povo a servi-Lo apenas, ou principalmente por uma paga ou retribuição, como fazem os hipócritas. Como se uma criança fosse ensinada a honrar e agradar seu pai até ponto de obter sua herança, mas não ao ponto de se, preocupar em dar a ele qualquer honra ou serviço posterior”.[10]

Foi uma deturpação da posição Puritana o que fez Whitgift ao afirmar que Cartwright considerava “governo externo mais precioso do que as doutrinas da fé”.[11] A história do evangelismo Puritano Elizabetano fez tal acusação ridícula. O que os Puritanos disseram foi que a ordem correta da Igreja não pode ser desconectada do Evangelho: “Deus não apenas ordenou que a Palavra fosse pregada, mas também determinou em que ordem e por quem ela seria pregada”.[12] Eles estavam convencidos de que quando a ordem de Deus é violada o Evangelho em si mesmo será brevemente pervertido. Portanto Tyndale afirma que foi quando os bispos e a hierarquia se levantaram na Igreja que " o arado se enviesou; a Escritura se tornou obscura; Cristo não mais era percebido”.[13] Por outro lado, foi quando a Igreja se manteve próxima à Palavra, que o Evangelho brilhou em sua pureza e poder. Rutherford, fazendo uma retrospectiva em setenta anos de luta para assegurar uma melhor ordem na igreja visível, não hesitou em escrever, em 1646: “Considerem se milhares a mais não teriam sido convertidos se o governo de Cristo tivesse sido estabelecido como o Sr. Cartwright, Sr. Udal, Sr. Deering, e os mais santos suplicaram ao Parlamento”.[14]
 
postado por: miguel silva (leo_miguelsilva@hotmail.com)

terça-feira, 10 de julho de 2012

As Escrituras e “As Questões Indiferentes” (parte 1)



 

Um Problema Central na Controvérsia Puritana

por Ian Murray

Em 1522 na Manor House de Sodbury, em Gloucestershire, William Tyndale estabeleceu o princípio fundamental do Protestantismo Inglês quando confrontou os eclesiásticos que se reuniram ao redor da mesa de jantar de Sir John Walsh com aquilo que John Foxe chama de “A Escritura Aberta e Manifesta”. Quatro anos depois o mesmo princípio passou a ser aplicado para impregnar ou levedar a nação inteira com a chegada secreta dos primeiros exemplares do Novo Testamento impressos em Inglês, vindos de Flanders. Seu tradutor, Tyndale, já então um exilado procurado pela lei, justificou sua ação ilegal nos seguintes termos: “Percebi por experiência própria que é impossível firmar as pessoas leigas em qualquer verdade, a menos que pelas Escrituras claramente abertas aos seus olhos (...). Deus estabeleceu uma regra nas Escrituras, sem a qual nada se pode fazer, nem mesmo mover um fio de cabelo, sem ser abominável aos olhos de Deus.”[1]

Pagando o alto preço de grande sofrimento o Protestantismo se estabeleceu na Grã Bretanha país, não devido a grandes estatísticas ao conhecimento de seus aderentes, mas porque através das Escrituras rios de vida espiritual fluíram, de modo que ao invés dos ensinamentos e tradições de uma igreja corrupta, homens e mulheres estavam ouvindo as palavras do Deus vivo. Quando um amigo de Tyndale, John Rogers, foi julgado e condenado ao martírio, um dos seus juizes católicos declarou: “você nada pode provar pelas Escrituras: As Escrituras estão mortas e requerem eloquência de exposição”. Ao que Rogers exclamou: “Não, não, as Escrituras estão vivas”.

É esta convicção que explica porque os cristãos nos começos da Reforma agüentaram perseguições e persistiram tanto em traduzir e divulgar a Bíblia: Eles sabiam que só nelas estão as palavras da vida eterna e que o homem só pode viver na medida em que recebe cada palavra que procede da boca de Deus.

As Escrituras são a voz de Deus, e se somos ou não o objeto das bênçãos ou maldições de Deus pode ser experimentalmente determinado ao verificarmos se nós obedecemos e reverenciamos o que está escrito nas Escrituras ou não. Estar sem as Escrituras é estar sem Deus e sem esperança no mundo. Além disto, as Escrituras são o único e infalível registro que temos da vontade de Cristo. Antes da Reforma os ingleses não tinham qualquer meio de afirmar se algo teria ou não a aprovação de Cristo, porque, como escreveu John Hooper em 1547, “ele que havia buscado em todas as igrejas da Inglaterra antes dos dezesseis anos, não teria encontrado uma única Bíblia.” Foi somente quando as Escrituras foram re-abertas que o Anti-Cristo, o qual havia até então se mantido sob o disfarce do “o melhor cristão”, foi descoberto em possessão da Igreja. E quando esta Igreja apóstata mostrou sua ira contra seus assim chamados Reformadores, aqueles que sofreram pela sua fé nas Escrituras não tiveram dúvida de que estavam dando as suas vidas pela causa do Senhor Jesus Cristo.

A questão da autoridade da Bíblia levantada no começo da Reforma Inglesa não estava firme de imediato. Nem quando havia apenas uma aceitação formal do Protestantismo, no reinado de Eduardo VI (1547-1553), nem estava firme depois do terror de Maria a “Sanguinária”, pelo Ato de Uniformidade de Elizabeth em 1559. Mais apropriadamente, o reinado de Elizabeth presenciou o emergir do movimento Puritano dentro do Protestantismo, e a força motriz desse movimento era a convicção de que a completa autoridade da Palavra de Deus ainda não havia sido aceita pela Igreja Inglesa.

A luta que se seguiu nos próximos cem anos não foi uma simples tentativa Puritana para assegurar alterações em vestimentas clericais, ou cerimônias religiosas ou aspectos externos da ordem da igreja, mas foi muito além disso. Os Puritanos reivindicaram que as Escrituras não são apenas a completa revelação do Evangelho de Cristo mas que elas contém todas as informações necessárias para o governo e adoração em Sua Igreja. Eles acreditavam que esse era um princípio fundamental: assim como nenhum ensinamento espiritual pode ser aceito a menos que seja encontrado nas Escrituras, também nenhum significado espiritual pode ser adicionado à Igreja além daquele que está autorizado pela Palavra Escrita. Este princípio – O Princípio Regulador das Escrituras, como foi chamado posteriormente – ele assegurava estar preso ao ensinamento contido na Bíblia a respeito de sua própria autoridade. Com base nesse princípio, eles estabeleceram sua política de Reforma da igreja em duas proposições principais:

• Qualquer coisa introduzida na Igreja sem sanção escriturística é ilegal.

• A forma da Igreja visível no Novo Testamento está permanentemente ligada a todas as gerações de cristãos.

Contra essas proposições os defensores da Igreja Elizabetana, notavelmente John Whitgift (c. 1530-1604) e Richard Hooker (c. 1554-1600), formularam duas contra-proposições:

• Eles alegavam que os Puritanos havia entendido mal a intenção das Escrituras: a Bíblia faz obrigatórios todos os aspectos relacionados à salvação, enquanto permite liberdade à Igreja para introduzir “coisas indiferentes” (ADIAPHORA é o termo técnico), isto é, coisas não proibidas pelas Escrituras e que a prudência cristã entenda como benéfico ao governo e à adoração da Igreja, em certas circunstâncias.

• Eles negavam que o padrão da Igreja do Novo Testamento fosse permanentemente obrigatório posto que a informação dada pelas Escrituras nesse assunto não é suficiente, como os Puritanos reivindicavam, mas incompleta e não decisiva, sugerindo que Cristo não intencionou que qualquer forma de governo na Igreja fosse de autoridade Divina.

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES

Antes de voltarmos nossa atenção para o que está envolvido nessas conflitantes afirmações farei alguns comentários preliminares:

1. O ensino Puritano do Princípio Regulador das Escrituras, na Inglaterra, é quase tão obsoleto quanto o ensino de que o planeta Terra é achatado. Desde os últimos quarenta anos do século XVII quando a idéia de governo da Igreja por “direito divino” foi rejeitado com desdém, desprezada e excluída de julgamento, evangélicos e não evangélicos concordavam em considerar a posição Puritana como simplória e intangível. As únicas pessoas que o recente Relatório Metodista-Anglicano relacionou como os que apoiam a idéia de que “A Igreja só pode fazer aquilo que está explicitamente afirmado e comandado pelas Sagradas Escrituras” são os Radicais da Reforma, Anabatistas e Puritanos do século XVII. [2] Tudo o que precisamos dizer aqui, a respeito dessa atitude, é que ela não se baseia em qualquer refutação da posição Puritana. O que John Owen escreveu a Samuel Parker em 1669 continua verdadeiro. Parker, um firme defensor do Ato de Uniformidade de 1662, atacou o Princípio Regulador como “o alicerce de todo Puritanismo”, mas em resposta a seus argumentos, Owen declarou que Parker “não utilizou nenhum artifício que já não tenha sido utilizado mais de uma centena de vezes contra essa questão, todos mal secedidos”. Owen cita o argumento principal de Parker: “Aquilo que as Escrituras não proíbem, elas permitem; e o que permitem não é ilegal; e o que não é ilegal pode ser feito legalmente. Essa mentira, eu confesso, tem-nos sido dita muitas e muitas vezes” diz Owen, “mas ela já foi tantas vezes respondida que, por uma simples questão de raciocínio, pode se ver que é no seu todo, capciosa e sofismática”.[3] Mesmo depois de três séculos de retórica, se a questão do Culto Puritano na Igreja fosse reaberta, encontraríamos justificativa para a abordagem de Owen.

2. À primeira vista, pode parecer que o ensino Puritano nessa questão não tem relevância quanto a nossa situação contemporânea. Alguém poderia afirmar, “Qual o sentido de discutirmos a extensão da autoridade das Escrituras quando o que está sendo realmente questionado hoje é se a Bíblia tem qualquer autoridade afinal?”. A resposta Puritana a essa questão seria, que a abordagem sugere implicitamente o homem como centro: a rejeição da inerrância da Bíblia pelo mundo moderno é um problema para os evangélicos, mas há um problema mais profundo, isto é, “porque os favores de Deus já não se manifestam mais em nossas igrejas?”. À luz dessa questão não será irrelevante perguntar: “Até que ponto queria Deus que Sua Palavra fosse nossa única guia e regra? Estariam as Escrituras regulando a vida de nossas Igrejas, hoje, na amplitude almejada por Cristo?”. Não é impossível que nós estejamos tão preocupados em defender as Escrituras que não estejamos tendo suficientemente temor quanto à nossa própria falha na obediência da Palavra. A primeira dedução Puritana, partindo da sua crença de que as Escrituras são a voz de Deus, era que cada um é pessoalmente responsável ante Deus com respeito a tudo aquilo contido em Sua Palavra. “Enquanto temos a Palavra de Cristo para as coisas que devemos fazer ou recusar a fazer”, diz Henry Barrow, “não precisamos temer as ameaças de homens vãos e orgulhos; nem estarmos impressionados ante títulos e nomes de igrejas, sacramentos, etc. pois uma coisa é certa, não há igreja que possa nos desculpar pela quebra da Lei de Deus perante o grande Juiz”.[4] Nós não resgataremos o sentido dessa citação até reexaminarmos nossa visão geral das Escrituras. Um estudo renovado do Princípio Regulador no tempo atual não seria uma excursão teológica embolorada e azeda com problemas de uma era passada; na realidade, isto nos levaria a um confronto com o teste que a nossa cristandade moderna necessita, e levaria nossas mentes adiante, até aquele dia em que todos os atos praticados, através do nosso corpo, serão julgados pela regra ditada nas Escrituras: “A nossa total pregação deve passar pela prova das Escrituras” diz Thomas Brooks, “ou nós e nossos atos devemos ser queimados juntos”. Os Puritanos nos mostram quão grande responsabilidade pessoal deve se seguir e advir da convicção na infalibilidade das Escrituras.

3. Outra razão pela qual esse assunto é relevante para nós é que nos força a considerar a linha divisória entre uma prática legal de expediência e um compromisso com o pecado; ou seja, qual é o ponto onde as Escrituras deixam de ser nosso único guia e passamos a definir novas formas e métodos, de acordo com as circunstâncias em que nos achamos? Estamos entrando numa era em que as tradições das igrejas estão sucumbindo, e experiências estão, cada dia mais, sendo praticados no evangelismo, na adoração e nas formas de governo das igrejas.

Novas experiências em música, drama religioso, técnicas audio-visuais, têm sido praticadas e algumas igrejas têm chegado ao ponto de substituir o sermão de domingo por filmes. A questão fundamental é, ATÉ QUE PONTO AS ESCRITURAS PERMITEM TAIS COISAS? Não há desacordo quando ao fato de que o exercício da prudência, sabedoria e bom senso são responsabilidades dos cristãos; o desacordo entre nós e os Puritanos é que temos agido como se houvesse uma ampla área na prática da Igreja que está fora do escopo do Novo Testamento. Eles traçaram a linha divisória entre expediência legítima e desobediência em um ponto diferente daquele em que nós traçamos. Como evangélicos temos sido inclinados a crer que onde quer que nossas falhas estejam, elas não estão em desobediência às Escrituras. Mas se o ensinamento Puritano do Princípio Regulador estiver correto, isto porá a nossa conduta em um outro foco.

postado por:miguel silva (leo_miguelsilva@hotmail.com)