sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Educação dos Filhos da Aliança Entendendo nossa responsabilidade

Terceira Parte

Além das Escrituras, as confissões reformadas também apontam para uma educação que glorifique a Deus. Por exemplo, podemos notar alguns princípios no Catecismo de Heidelberg:

No dia do Senhor 38, ao confessarmos o que cremos sobre o 4º Mandamento, lemos sobre “escolas cristãs” que devem ser mantidas. Há algumas discussões sobre o significado de escolas cristãs nesse contexto. Alguns entendem tratar-se de escolas cristãs como sendo o lugar onde as crianças da aliança devem ser educadas, outros pensam que estas palavras se referem ao treinamento de ministros da Palavra conforme o contexto da resposta parece indicar, ou seja, escolas cristãs, seriam o que chamamos de seminários hoje. Mas mesmo adotando essa interpretação como seminários, temos um princípio aqui: a igreja deve investir na preparação de ministros da Palavra. O objetivo desse investimento na preparação de ministros da Palavra é que a Palavra de Deus seja bem entendida. Portanto, pela mesma razão os ouvintes também devem ser preparados para ouvir a instrução da Palavra de Deus. Essa foi uma preocupação do reformador João Calvino, conforme menciona Edson Pereira Lopes ao falar sobre alguns pressupostos educacionais de Calvino:

“O pressuposto básico de Calvino é que a ignorância é a mãe da heresia. Assim, podemos vê-lo questionar como poderia um povo inculto em todas as áreas absorver os ensinamentos de homens bem preparados. O povo também tinha de ser bem preparado para poder receber e apreciar as instruções. Sendo assim, Calvino começou a preparar seu trabalho inicial. A solução era começar a educar as crianças”. 1

Então, à luz do que confessamos no Dia do Senhor 38, do Catecismo de Heidelberg (confira também as perguntas 158 a 160 do Catecismo Maior de Westminster a respeito da pregação da Palavra), fica implícito que devemos educar nossos filhos da melhor maneira possível, para que no futuro, se chamados por Deus para o ministério da Palavra, estejam preparados para cursar um seminário e servir como ministros da Palavra, e se forem chamados para outra vocação, estejam prontos para servir de igual modo, na vocação para a qual Deus lhes chamar, bem como capacitados para ouvir as instruções da Palavra de Deus.

No dia do Senhor 12, p. 32, confessamos sobre nossa responsabilidade como cristãos. Como membros de Cristo, partilhamos Sua unção para poder sermos profetas, sacerdotes e reis (1 Pe 2.9). A implicação disso é que devemos estar bem preparados para pela graça de Deus servi-lo neste mundo da melhor maneira possível. O que nos leva a conclusão de que nossos filhos precisam de uma educação que lhes permita cumprir da melhor maneira possível seus ofícios como profetas, sacerdotes e reis a fim de glorificar a Deus em suas vocações. Este é um princípio do sacerdócio de todos os santos. Quanto a isso, a idéia dos Reformadores, bem como das Igrejas Reformadas é que não deve haver separação entre o ensino seja de matemática, geografia ou história e o ensino das Escrituras. A educação tem de ser vista como um todo, visando o aperfeiçoamento do homem para a vocação para a qual Deus o chamou. A criança deve ser educada para cumprir um papel na sociedade de tal modo que atinja o fim principal do homem, isto é, “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre” (Breve Catecismo de Westminster).

No dia do senhor 48 (confira também a pergunta 191 do Catecismo Maior de Westminster), onde confessamos a respeito do significado das palavras de Jesus na oração modelo - “venha o teu reino”. Pelo que lemos na resposta à p. 123, podemos ver a necessidade de crentes bem preparados para serem instrumentos nas mãos do Senhor. Por exemplo, em nossas orações devemos pedir a Deus que destrua as obras do diabo, todo poder que se levante contra Ele e toda conspiração contra a Sua Palavra. Sabemos que Deus não irá fazer isso por meio de anjos, mas que Ele usa sua Igreja que é “coluna e baluarte da verdade”. A implicação disso, é que devemos ser crentes conhecedores dessas conspirações contra a Palavra de Deus e estar preparados para na força que o Senhor dá, destrui-las com a própria Palavra de Deus. E isso deve acontecer em todas as áreas. Portanto, mais uma vez somos levados a conclusão de que devemos educar nossos filhos de tal maneira que eles possam nutridos com a verdade, servir a Deus neste mundo, manifestando assim, a presença de Seu reino.

Agora, que já vimos esse assunto da educação dos nossos filhos a partir da Palavra de Deus e das nossas confissões, podemos ver o mesmo a partir do voto que fizemos no batismo de nossos filhos 2. Vocês lembram que quando nossos filhos receberam o santo batismo, a nós pais foram feitas quatro perguntas? As duas últimas são as seguintes:

* Vocês prometem e assumem a responsabilidade, como pais desta criança, instruí-la no ensino já mencionado, logo que for capaz de entendê-lo?

* Vocês prometem fazer todo o possível para que esta criança seja instruída naquele ensino?

Mas que ensino é este “já mencionado”, sobre o qual lemos nas duas perguntas? É o ensino mencionado na segunda pergunta: “O ensino do Novo e do Antigo Testamento, o verdadeiro e completo ensino da salvação”. Que resposta vocês deram? Creio que vocês disseram: Sim! Então isso quer dizer que no batismo dos seus filhos vocês fizeram um voto de educar seus filhos de acordo com as Escrituras (Antigo e Novo Testamentos). Esse voto é uma coisa muito séria, algo que fizemos diante do Deus da aliança e do povo da aliança. A implicação disso, é que se abandonamos a educação dos nossos filhos, transferindo a responsabilidade para o Estado ou para a escola particular, estaremos violando o 3º Mandamento, e este Mandamento nos diz que se o fizermos, Deus não nos terá por inocentes 3.

É bom lembrar também que esta responsabilidade que os pais assumiram no batismo de seus filhos é mencionada no Regimento das Igrejas Reformadas do Brasil em seu artigo 48, que trata sobre o compromisso dos pais que têm filhos batizados. O artigo 48, diz: Os pais devem instruir seus filhos batizados na doutrina da palavra de Deus, como prometeram quando seus filhos foram batizados, também, se for possível, através de educação escolar baseada nesta doutrina 4.

Então a que conclusão chegamos? A Escritura ensina que os pais devem educar seus filhos para Deus, de acordo com a Palavra de Deus, visando a glória de Deus. Nossas confissões apontam para uma educação que redunde em pessoas preparadas para servir a Deus e ao próximo. Nós fizemos votos, no batismo de nossos filhos de que os educaríamos de acordo com “o ensino do Novo e do Antigo Testamento”. Portanto, se os pais abandonam sua responsabilidade de educar seus filhos conforme a Escritura e para a glória de Deus, eles podem estar desobedecendo a Palavra de Deus, contrariando sua confissão e violando o terceiro mandamento. Então mais uma vez temos de reconhecer que a educação dos nossos filhos é um assunto muito sério. Nossos filhos precisam de uma educação baseada na Verdade, tendo como centro a Pessoa de Cristo e sua Palavra, uma educação que prepare nossos filhos a cumprirem sua vocação a fim de servirem a Deus e ao próximo, uma educação que os habilite a entender bem as instruções da Palavra de Deus, uma educação que redunde na Glória de Deus, e espero que vocês pais reconheçam sua responsabilidade em prover tal educação.

No próximo artigo, iremos analisar os perigos a que expomos nossos filhos quando os submetemos a uma educação humanista. Por hora, o encorajo a orar reconhecendo sua responsabilidade, buscando perdão por sua omissão e a ajuda do Senhor, a fim de possa dar a seus filhos uma educação para a glória de Deus.

Pr. Elienai B. Batista é ministro da Palavra na Igreja Reformada em Cabo Frio RJ, esposo de Maralice e pai de Israel, Joabe e Abner.

Notas:

1 LOPES, Edson Pereira. O conceito de teologia e pedagogia na Didática Magna de Comenius. São Paulo: Editora Mackenzie, 2003.

2 Uma referência as perguntas usadas na Forma para administrar o santo batismo aos filhos, usada pelas Igrejas Reformadas do Brasil.

3 Conforme o Manual Litúrgico (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana. 2ª edição, 1992), utilizado pela Igreja Presbiteriana do Brasil, os pais, membros desta igreja, assumem o mesmo compromisso, no batismo de seus filhos. No manual existem três formas para o batismo de crianças e entre as perguntas feitas aos pais, podemos destacar as seguintes:

“Prometem ensinar-lhe a ler para que leia por si mesmo a Santa Escritura; orar por ele e com ele; servir-lhe, vocês mesmos, de bom exemplo de piedade e religião, e esforçar-se, por todos os meios designados por Deus, para criá-lo na disciplina e correção do Senhor?”

“Prometem encaminha-la pelas santas veredas da cruz, servindo-lhe vocês mesmos de exemplo de piedade, e envidar todos os esforços para livrá-la de más companhias e de maus exemplos; ensinar-lhe a Bíblia, e trazê-la com vocês à igreja regularmente; ensina- la a adorar o Senhor com reverência e a estimar como irmãos os demais membros da igreja?”

4 No Manual Presbiteriano (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 15ª edição, 1999), no tópico sobre os Princípios de Liturgia, lemos o seguinte sobre batismo infantil:

Art. 11 - Os membros da Igreja Presbiteriana do Brasil devem apresentar seus filhos para o batismo, não devendo negligenciar essa ordenança. § 1º - No ato do batismo os pais assumirão a responsabilidade de dar aos filhos a instrução que puderem e zelar pela sua boa formação espiritual, bem como fazê-los conhecer a Bíblia e a doutrina presbiteriana

Pr Elienai Batista

Sola Scripturas

(Pessoal achamos bastante grande a postagem também mas é de enorme importancia por isso encontra-se no blog mas dividimos em três partes)

Deus Abencoe cada leitor!

Educação dos Filhos da Aliança Entendendo nossa responsabilidade

Segunda Parte

É verdade que eles podem pedir ajuda, mas a responsabilidade, perante Deus, continua sendo dos pais. Em Efésios 6.4, lemos sobre esta responsabilidade. A primeira coisa que podemos notar é que o apóstolo Paulo utiliza uma palavra que geralmente é usada para referir-se a “pais” no sentido masculino, o que faz recair um peso maior de responsabilidade sobre o cabeça da família, no que concerne a educação dos filhos. No entanto, precisamos notar que a responsabilidade dos pais (masculino), não exclui a responsabilidade das mães que devem ser auxiliadoras também nisso. É portanto, responsabilidade dos pais (pai e mãe) criarem seus filhos. O verbo “criar” tem o significado de “nutrir”, “cuidar”, a idéia é de ajudar a florescer, ou seja de ajudar os filhos a alcançarem maturidade em todas as áreas da vida. Podemos pensar nos filhos como pequenas plantas, as quais regamos, aplicamos nutrientes, protegemos, limpamos, em suma, cultivamos com todo cuidado esperando que um dia possam dar frutos. Isso mostra que a participação dos pais na educação de seus filhos é ativa, se desejam que seus filhos produzam frutos para a glória de Deus, eles devem nutrir seus filhos para esse fim.

O texto também nos mostra como devemos fazer isso. Primeiro somos instruídos sobre o que não fazer, isto é, os pais não devem provocar seus filhos à ira. A razão disso nos é fornecida no texto paralelo em Cl 3.21: “... para que não fiquem desanimados”. Portanto, ao criarem seus filhos, os pais devem ter todo cuidado para não encher o coração de seus filhos de amargura e desânimo, fazendo com que obedeçam apenas por medo. Pelo contrário, os pais devem dirigir o coração de seus filhos a obediência exigida deles (Ef 6.1-3), utilizando a “disciplina e admoestação do Senhor”. A palavra “disciplina” (paideia), que também pode ser traduzida por “treinamento”, “instrução”, se refere a tudo aquilo que concorre para o desenvolvimento mental, moral e espiritual da criança, é a educação por meio de regras e normas e que pode envolver recompensas ou castigos. A “disciplina” tem como alvo a vontade da criança. Já a palavra “admoestação” (nouthesia), pode ser traduzida por “advertência”, “instrução”. É a educação por meio de instrução verbal visando a correção do pensamento, da mente. A “admoestação” tem como alvo o intelecto da criança.

Por fim, o texto nos ensina que essa “disciplina e admoestação” devem ser “no Senhor”, isto é, a educação deve se desenvolver sob a autoridade que o Senhor dá e de acordo com a Sua Palavra. Isso nos chama a atenção para o fato de que o Senhorio de Cristo deve ser reconhecido também na educação dos filhos, mesmo ai, não podemos nos submeter a outro Senhor.

Portanto, à luz de Efésios 6.4, devemos reconhecer que os pais são responsáveis por “nutrir” seus filhos, para um desenvolvimento pleno, como o próprio Senhor Jesus se desenvolveu como homem (Lc 2.52). Os pais são responsáveis por educar seus filhos e não se desfazer desta responsabilidade.

Lendo este artigo, talvez você pergunte: Se a responsabilidade da educação em todos os âmbitos é dos pais, então qual o papel da escola? A escola e seus professores são meios que os pais podem utilizar para cumprir sua responsabilidade de educar seus filhos. Neste caso, o professor tem autoridade delegada pelos pais para ensinar seus filhos, e ainda que o professor seja também responsável, a responsabilidade final recai sobre os pais. Então se um professor está ensinando a seus filhos que não há nenhum problema em uma união homossexual, que a questão de sexo masculino ou feminino é uma questão de opção, que Deus não existe, que o mundo veio de uma grande explosão, que não existe verdade absoluta, que o aborto deveria ser legalizado, que não existe pecado ou que o homem é inerentemente bom, você pai é responsável por isso diante de Deus.

Então como vocês podem perceber este é um assunto muito sério. Os pais devem sentir o peso de sua responsabilidade na educação de seus filhos. E já que a responsabilidade é dos pais, então a educação dos filhos é algo para o qual os pais devem dar muita atenção. Eles não podem simplesmente entregar seus filhos a escola, seja cristã ou não, como se não fosse sua responsabilidade a educação como um todo.

Isso nos leva a outro ponto, isto é, à questão do tipo de educação que os filhos da aliança devem receber. Quanto a isso, em resumo podemos dizer: os filhos da aliança devem receber uma educação conforme a Escritura e para a glória de Deus.

É isso que nos ensinam as Escrituras, por exemplo, no Salmo 78. Este Salmo é uma meditação histórica cujo objetivo de uma lado é exaltar a graça e a misericórdia do SENHOR no estabelecimento e manutenção da Sua aliança e por outro demonstrar a ingratidão, rebeldia e infidelidade do povo da aliança. À luz disso, o salmista se dirige ao povo da aliança na qualidade de mestre e o encoraja a instruir as futuras gerações a fim de que não sejam como seus pais “geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus” (v.8). Podemos notar alguns princípios no início do Salmo:

1. A educação dos filhos da aliança é responsabilidade dos pais (vv.3-5). Notem os verbos: ouvir, aprender, não encobrir, contar, transmitir. É o Deus da aliança que confere essa responsabilidade aos pais (v.5).

2. A educação dos filhos da aliança deve ser de acordo com o testemunho e a lei que o SENHOR instituiu (v.5). Portanto, a educação dos filhos da aliança não pode ser contrária à Palavra de Deus.

3. A educação dos filhos da aliança tem efeito sobre as gerações futuras (v.6). é bom lembrar, se falhamos, na educação dos nossos filhos, isso tem conseqüências sobre as gerações futuras.

4. A educação dos filhos da aliança tem como objetivos: a glória de Deus (v.4), a confiança em Deus (v.7) e a obediência aos mandamentos de Deus (v.8).

Sola Scrpturas

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Educação dos Filhos da Aliança Entendendo nossa responsabilidade


Primeira Parte

Sou pastor de uma igreja que pela graça de Deus passou por um processo de reforma, um processo de retorno às Escrituras no que diz respeito a doutrina, ao culto e a prática. Neste processo, uma das doutrinas que nos trouxe um grande impacto foi a doutrina da aliança. Nós a estudamos por cerca de dois anos, até que nossos filhos vieram a receber o selo da aliança, o santo batismo. Com o aprendizado da doutrina da aliança, logo percebemos que não estávamos educando nossos filhos a partir do pressuposto de que eles pertencem a Deus. Isso nos levou a nos preocuparmos cada vez mais com a educação dos nossos filhos e por isso, começamos a estudar sobre a educação cristã.

Como um pastor e pai, sei que há o grande perigo de abraçarmos a doutrina bíblica da aliança, sem contudo vermos as implicações da aliança no que concerne a educação de nossos filhos. Creio que a compreensão da doutrina da aliança, deve nos levar a uma reforma na educação dos nossos filhos. Por isso, escrevo esta série de artigos sob o título: “A Educação dos Filhos da Aliança”, na esperança de que o Senhor promova tal reforma, principalmente entre aqueles que confessam a doutrina da aliança. Neste primeiro artigo procuraremos entender nossa responsabilidade como pais, e nos próximos veremos o perigo que nossos filhos estão correndo sendo submetidos a uma educação humanista bem como aquilo podemos fazer a esse respeito.

Neste primeiro artigo, precisamos atentar para algo muito importante, precisamos de uma resposta para a seguinte pergunta: de quem é responsabilidade pela educação dos filhos da aliança? A resposta parece óbvia e é mesmo. Creio que todos concordarão que os responsáveis são os pais. Mas, mesmo concordando com isso, na prática, muitos pais correm o risco de dividir a educação de seus filhos em duas ou três partes, responsabilizando-se apenas parcialmente.

Quando isso ocorre, os pais tendem a dizer: “Nós não estamos habilitados para ensinar, por exemplo, ciências a nossos filhos, portanto essa é uma responsabilidade do professor. Nossa responsabilidade é de educar em relação a outros assuntos”. Assim, se pode chegar a seguinte divisão na educação dos filhos e consequentemente da vida:

1. Educação moral - os pais dizem: “É nossa responsabilidade”. Ainda que, já aqui, haja muita intromissão da escola, que por vezes é tolerada.

2. Educação intelectual - os pais dizem: “É responsabilidade da escola”. Nesta caso os pais se limitam a cobrar dos filhos boas notas e algum compromisso com os estudos.

3. Educação religiosa (bíblica) - os pais dizem: “É responsabilidade da igreja”. Aqui muitos pais se omitem de ensinar a Palavra de Deus a seus filhos de uma maneira consistente, transferindo a responsabilidade para os oficiais da igreja e para as professoras da ebd.

Tal concepção educacional, vem de, e gera, uma divisão da vida em vários compartimentos. é como se não houvesse unidade entre essas áreas e como se houvesse uma separação entre espiritual e material (gnosticismo). Tal visão não está de acordo com a Palavra de Deus que nos ensina que tudo pertence ao Senhor (Sl 24) e que até as mínimas coisas devem ser feitas para a glória de Deus (1 Co 10.31).

Essa tricotomia educacional (separação entre moral, intelectual e espiritual), pode fazer com que os pais entreguem seus filhos a escola, entendendo que é responsabilidade dela educar seus filhos intelectualmente. Se a escola é pública, o Estado é visto como o responsável pela educação dos filhos. E em nosso país, onde o Estado costuma ganhar um status de deus que deve nos dar tudo e em quem nós devemos confiar e esperar, tudo isso se agrava. Então se o Estado ocupa nossos filhos tirando-os de casa, se ele provê material escolar, merenda, roupas e em alguns casos até dá um dinheiro por filhos matriculados, muitos pais se darão por satisfeitos (q.v. Sl 146). Por outro lado, se a escola é particular, a escola também é vista como responsável pela educação dos filhos. Neste caso, os pais podem dizer: “Nós estamos pagando, então a responsabilidade é da escola”. Com isso, os pais podem imaginam que estão cumprindo com sua obrigação, oferecendo a seus filhos uma “educação de qualidade”. Em ambos os casos, o grande perigo é diminuir a responsabilidade dos pais quanto a educação dos filhos e transferi-la a terceiros. O que facilita também colocar a culpa em terceiros se algo der errado.

Mas o que cada pai cristão precisa lembrar, e especialmente nós que professamos a fé denominada de reformada, e que cremos que Deus estabeleceu uma aliança com seu povo, aliança esta da qual nossos filhos também participam, é que a responsabilidade de educar nossos filhos, é nossa. Cada pai é responsável por educar seus filhos em todos os sentidos, seja no âmbito moral, espiritual ou intelectual.

Portanto, os pais não devem ver a educação de seus filhos como vários compartimentos, mas como um todo, pelo qual, eles são responsáveis.

sola scripturas


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SERE (Sala de Estudo Reformado)

Mais duas aula aconteceram de muitas que virão se Deus assim permitir.
Através desse post viemos agradecer o comparecimento de todos os quantos estavam lá na sala, pois de forma honrada é que recebemos a vós outros, os quais têm em seus corações o desejo de conhecer mais e mais o nosso Deus que se revela através da Sua santa escritura sagrada, o qual nos disse para apresentarmos aprovados, "como obreiro que não tem que se envergonhar que maneja bem a palavra da verdade."(1Tm 1.15)

O nosso intuito é justamente esse, de trazer o sã doutrina a todos, e com isso produzir verdadeiras "testemunhas" de Cristo Jesus, nosso Senhor. Como já falamos e agora repetimos:

Reformar, sempre reformar!!!

Neste sábado, dia 28, estaremos com o Pr. e professor do Seminário Presbiteriano do Norte e Pentecostal do Nordeste, o Rev. Gaspar de Souza, com o tema, “Cosmovisão Bíblica”.

Convidamos todos a comparecerem, percebendo que de fato o nosso projeto tem como prisma final "senão a Jesus Cristo e este crucificado.” (1Co 2.2b).

As palestras acontecem todos os sábados das 19 às 21hs no colégio Carneiro Leão em Maranguape I, Paulista.

Informações: 81-87365795, falar com Rafael, ou
81-99779552, falar com Anderson.

Quase esquecendo, as fotos do nosso terceiro dia e também do quarto dia (as seis ultimas):










segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Subscrição das Confissões: Um Instrumento de Segurança Espiritual para a Igreja






Por Rev. Adriano Gama


Quando se fala a palavra “subscrição” devemos lembrar do ato de colocar uma assinatura embaixo de um documento, confirmando ou firmando o conteúdo nele escrito.
Nós conhecemos bem na prática o que seja uma subscrição, pois assinamos certidões de casamentos, habilitações, contratos, cheques, recibos ou outros documentos que exigem de nós uma confirmação ou um compromisso com algo ou alguém.
A subscrição, apesar de ser um pedaço de papel com tinta e uma assinatura nele impressa, representa um compromisso com aquilo que está escrito e assim segurança para as partes envolvidas.


Na Igreja de Cristo também existem subscrições. O conselho e os concílios subscrevem as suas atas confirmadas e se comprometendo com as decisões tomadas. Os delegados das igrejas apresentam nos concílios suas credencias assinadas pelos seus Conselhos e sem essas cartas assinadas eles não podem ser recebidos como delegados nesses concílios. E os oficiais de Cristo nas igrejas também subscrevem um documento por meio do qual eles se comprometem a ensinar, defender e se submeter as Confissões de Fé e a disciplina caso não cumpram seu compromisso. Esse documento é conhecido como Forma de Subscrição das Confissões.

Devemos lembrar alguma coisa sobre as Confissões e o valor delas para segurança das igrejas. As Confissões não são a Palavra de Deus, mas são o ensino fiel dela. As igrejas de Cristo sempre entenderam que a unidade na Doutrina é o fundamento da unidade entre as igrejas. Podemos dizer que as confissões escritas de nossas igrejas são a pedra fundamental da nossa existência como uma denominação.

João Calvino (1509-1564) entendeu bem isto. Por isso, uma das primeiras coisas que ele fez quando começou seu ministério em Genebra (Suíça) foi escrever uma Confissão de Fé. Também as igrejas na França em seu primeiro Sínodo (1559) aceitaram uma Confissão de Fé comum. As Igrejas Reformadas do Sul da Holanda (hoje Bélgica) da mesma maneira aceitaram a Confissão de Fé Belga no seu primeiro Sínodo (Armentieres, 1563). As Igrejas das províncias do Norte da Holanda fizeram também o mesmo no seu primeiro Sínodo (Enden, 1571). Elas rapidamente adotaram obrigatoriamente a mesma Confissão e o Catecismo de Heidelberg.


Todo esse testemunho histórico mostra como as igrejas de Cristo tem sentido a necessidade de assegurar a pureza da doutrina e unidade na Fé desde o início de sua história.
E sobre os oficiais recai maior peso de manter segura a pureza e a unidade na Fé. E, por isso, os oficiais têm o dever de subscreverem a Forma de Subscrição quando são ordenados, ou antes, de começarem o exercício no ofício. Essa prática também é antiga.
Durante as primeiras décadas da Reforma do Século XVI as igrejas da Holanda não tinham uma Forma de Subscrição. Os ministros faziam apenas uma declaração verbal de concordância e depois uma simples subscrição foi usada, que não mostrava um compromisso muito claro com as Confissões.
Mas, com o passar do tempo, apareceu a necessidade das igrejas estabelecerem uma Forma de Subscrição que firmasse o compromisso e concordância plena dos oficiais com as Confissões Reformadas.


Essa necessidade se mostrou mais urgente por causa dos Arminianos (seguidores de Jacó Armínio: 1560-1609). Tanto Armínio como os ministros arminianos subscreveram a Confissão e o Catecismo, mas continuaram a expressar suas idéias contrárias a doutrina reformada, especialmente, contra a doutrina da eleição (Confissão de Fé Belga Arts. 16 e 17).
No início do ano 1608 um Concílio Regional na Holanda (Alkmaar) considerou que seria importante uma Forma de Subscrição mais bem elaborada que desse segurança à igreja contra as heresias. Essa Forma de Subscrição continha uma declaração de plena concordância com o Catecismo de Heidelberg, a Confissão de Fé Belga e uma promessa que obrigava os seus assinantes de “manter a doutrina neles contidos e que ele abertamente rejeitava todas as doutrinas que se opusessem ao Catecismo e a Confissão de Fé Belga”.


Essa Forma do Concílio Regional foi adotada (com certas modificações) por outras assembléias eclesiásticas (concílios e sínodos) e, finalmente, o Grande Sínodo de Dort (1618-1619) definiu que ministros e os professores das Universidades teriam que assiná-la (Art. 53 do Regimento de Dort). Isto fez os oficiais e professores terem compromisso com a Fé Bíblica ensinada nas Três Formas de Unidade: Confissão de Fé Belga, Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dort.
A Forma de Subscrição adotada pelas igrejas no Grande Sínodo de Dort foi com o tempo sofrendo pequenas adaptações. Hoje a Forma que os oficiais das Igrejas Reformadas do Brasil assinam tem a mesma natureza. E todos oficiais dessas igrejas são conscientes das suas responsabilidades bem expressas nas partes da Forma de Subscrição.
Podemos dividir a nossa Forma de Subscrição em quatro partes:
Primeira, uma declaração de concordância plena com as Confissões: “Estamos plenamente convictos de que a doutrina reformada, expressa nas Três Formas de Unidade – a Confissão de Fé, o Catecismo de Heidelberg e os Cinco Artigos da Fé Contra os Arminianos – está em plena conformidade com a Palavra de Deus, em todas as suas partes.”


Segunda parte, uma promessa para ensinar e defender a doutrina reformada, e rejeitar e refutar todo erro doutrinário: “Por isso prometemos que nós, cada um em seu próprio ofício, ensinaremos esta doutrina com dedicação, a defenderemos fielmente e rejeitaremos qualquer ensino que esteja em conflito com a doutrina reformada”.
Terceira parte, uma promessa para expôr dúvidas ou mudanças de pensamento quanto a doutrina: “Prometemos que, caso fiquemos com uma objeção contra esta doutrina ou mudemos de pensamento, não ensinaremos ou defenderemos nosso pensamento, nem publicamente nem de outro modo, mas apresentaremos nosso pensamento ao Conselho para que seja investigado por ele.
Quarta parte, uma promessa de submissão a investigação e disciplina por parte do Conselho: “Prometemos que sempre estaremos dispostos a explicarmos melhor nosso pensamento a respeito de qualquer parte da doutrina reformada, caso o Conselho exija isto por motivos fundamentados, afim de reservar a unidade e a pureza da doutrina. Se quebrarmos esta promessa, também seremos suspensos, embora fique preservado nosso direito de apelar contra decisões consideradas injustas. Mas durante o período de apelação nós nos conformaremos com a sentença do Conselho. ”


O final da Forma de Subscrição mostra claramente o objetivo de se assinar tal documento: “Assim declaramos e prometemos agir para a glória do Senhor e para a edificação da sua Igreja”.
Esse final da Forma é muito importante, pois o SENHOR chamou e ordenou homens para Sua Glória e para a edificação da Sua Igreja. E os oficiais agem para glória de Deus quando mantêm pura a Sua doutrina que é bem exposta nas nossas Confissões. Também, os oficiais só edificam a Igreja quando mantêm a unidade na mesma Fé.
Por esse motivo devemos manter essa boa prática de exigir a subscrição de compromisso com as Confissões, especialmente, no meio de um mundo onde se prega e se vive uma diversidade doutrinária que não glorifica a Deus nem edifica Sua Igreja.
Devo encerrar dizendo que a Forma de Subscrição não é a segurança plena para manter a glória de Deus e a edificação da Igreja. Pode haver mil subscrições e todas elas serão sem efeito se não houver a disciplina eclesiástica dentro da Igreja. É a disciplina na Igreja que vai fazer valer o que se diz e se assina na Forma de Subscrição.


Mas, isto não tira a importância da Forma de Subscrição, pois, por meio da disciplina bíblica, ela se torna um eficiente instrumento de Segurança Espiritual para a Igreja de Cristo. A Forma lembra e firma o compromisso daqueles que vão servir no ofício e os seus deveres. Assim a Forma protege os oficiais do erro e indica o caminho como eles devem tratar suas possíveis dúvidas.
A Forma também protege a igreja, pois prevê a suspensão e a disciplina para os oficiais que se rebelam contra a doutrina da Escritura. Assim a Forma é um instrumento que dá segurança espiritual à igreja.
Portanto, encerro na esperança que este pequeno artigo tenha esclarecido você sobre a prática de termos uma Forma de Subscrição e a sua importância. Faço isto para que você seja estimulado a orar e trabalhar a fim de que essa boa prática seja mantida em nosso meio. Que o SENHOR Deus, em Jesus Cristo, nos guarde por Seu Espírito Santo e Sua Palavra.


Fontes de pesquisa:

1. Degier, K. Explanation of the Church Order of Dordt: In Questions and Answers – Netherlands Reformed Book and Publishing Committee. Grand Rapids: 2000.
2. Van Dallen and Monsma, The Church Order Commentary: A Brief Explanation of the Church Order of the Christian Reformed Church.
3. Van Oene, W. W. J.. With Common Consent – A practical guide to the use of the Church Order Of the Canadian Reformed Churches - Premier Publishing.
4. Feenstra, Peter G. . Unspeakable Comfort – A Comm.entary on The Canons of Dort - Premier Publishing.
5. Forma de Subscrição dos oficiais das Igrejas Reformadas do Brasil
6. Regimento das Igrejas Reformadas

Sola Scriptura

Rafael Santos