sábado, 27 de novembro de 2010

Tribo evangélica



Minha preocupação é chamar a atenção para uma das grandes tragédias da cristandade contemporânea, que é especialmente visível no meio de todos nós que somos chamados (e, na verdade, é como nós nos chamamos) de cristãos evangélicos. Numa única palavra, essa tragédia chama-se “Divisões”. Essa palavra tornou-se tão comum em nosso meio que já faz parte de nosso cotidiano.

Quando se abre uma paróquia coloca-se em pauta as divisões futura que virão a ocorre em nosso meio. Mais eu usarei a palavra (tribos evangélicas) neste texto. Ela tem mais a ver com o assunto que tratarei, e talvez chame mais a atenção dos leitores da pena afiada.

Hoje em dia as pessoas falam nas múltiplas “tribos do evangélicalismo”- e ainda fazem questão de acrescentar a palavra “evangélico” como uma qualificação especifica. As tribos são bastante amplas: conservadores, liberais, radicais, abertos, bitolados, reformados, carismáticos, pentecostais, neo-pentecotais, neo-prebiterianos, calvinistas, arminianos, neo-calvisnitas, místicos etc. Como se não bastasse inda foram capazes de criar os títulos, que são um anelo desses que criam as tribos. Como por exemplo: apóstolos patriarcas, pai – apóstolos (as), bispos (as), profetas, reverendos, pastoras etc. Notamos um grande “cardápio”. Esse fenômeno não é algo novo, sempre esteve presente na história do cristianismo.

Paulo em Corinto tratava dessa questão de formação de tribos dentro do seio da igreja: Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo” (I Cor 1.12) Quando lemos a carta de Paulo à igreja de coríntio, notamos que Paulo está bastante preocupado com essa novidade que tinha surgido na igreja. A questão é que os próprios coríntios haviam criado tribos dentro da igreja e ainda relacionava essas tribos a pessoas específicas. As pessoas que tiveram seus nomes identificados com tais tribos (Paulo,Apolo, e Pedro) repudiavam a existência delas, pois traziam contendas. Na verdade, nenhum desses líderes foram a Corinto para estabelecer grupos, contudo, haviam incontáveis divisões dentro da igreja . Além dos conflitos geográficos e linguistas, disputas dentro da igreja sempre foi a causa de grandes preocupações dentro da cristandade. Segundo João Calvino: ”Onde divisões religiosas são bastante, não tarda a acontecer o que esta na mente das pessoas, e logo estoura em conflito real”.

Talvez ocorra uma confusão de não sabermos como devemos nos chamar, como a Bíblia nos denomina, que nome ela nos dá? Em Atos 11.26 diz: “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.” É certo que se os autores dessas tribos tivessem aplicado esse versículo nas suas vidas, não existiriam os partidos, as divisões de ideias que vemos hoje na igreja de Cristo.

(Caso você queira sabe mais sobre unidade, leia meu outro texto sobre unidade e diversidade)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Como Pensar em Coisas Espirituais



por John Owen


A mentalidade espiritual tem reais vantagens, ainda que achemos difícil alcançá-la. Desejo sugerir algumas coisas úteis. Por exemplo, precisamos estar seguros de que, quando pensarmos no céu, comecemos por fatos reais. As idéias de algumas pessoas não passam de pura imaginação!


Precisamos compreender que o céu é um lugar onde estaremos completamente livres de todas as inquietações. Lembremo-nos, porém, de que para os crentes isso não significa meramente estarem eles livres de doenças, da pobreza e de outros problemas semelhantes. O céu significa libertação de algo pior do que todos esses problemas — significa completa libertação do pecado e de todas as conseqüências do pecado. Não posso pensar em nada que seja mais animador do que considerar isso, pois freqüentemente os cristãos ficam decepcionados por verem que a pecaminosidade ainda os afeta. Um sinal da mentalidade espiritual se vê quando pensar na completa libertação do jugo do pecado nos traz prazer. Mesmo o cristão humilde, que sinceramente se entristece com o pecado, pode desfrutar o prazer de tais pensamentos.


Façamos um contraste dessa maneira de ver o céu com as idéias errôneas que muitos têm dele. Para eles, o céu é o lugar onde vão gozar plenamente as coisas terrenas que agora os atraem. Não há nada de espiritual acerca do céu deles. Um verdadeiro conceito do céu nunca entra nas imaginações deles! Outros sugerem que o céu é o lugar onde as nossas almas se sentem totalmente cativadas pela beleza e bondade do Ser divino. Isso é uma meia verdade, mas não é a verdade completa.


As Escrituras indicam que o maior prazer do céu é que os crentes verão a glória de Cristo e entenderão a sabedoria de tudo quanto Deus fez pela salvação da Igreja. Temos algum conhecimento destas coisas agora, pela fé, mas no céu a beleza delas será desfraldada inteiramente. A Bíblia nos ensina a esperar essa espécie de céu, e o Espírito Santo em nós atualmente nos está preparando para ele. Outras idéias do céu podem satisfazer tanto os piores como os melhores incrédulos, porquanto aqueles que nada sabem da graça de Deus na terra não apreciarão a glória de Cristo no além. Os que pensam espiritualmente não querem outro céu senão o que a graça de Deus os faz aguardar anelantemente!


Quando tivermos aprendido os fatos sobre o céu, devemos pensar freqüentemente neles e no que eles significam para nós. Dessa maneira poderemos ter uma mentalidade cada vez mais espiritual. “Todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Coríntios 3:18). Esses pensamentos são a prova de que realmente desejamos ter mentalidade espiritual, pois, “onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mateus 6:21). Será bom se nos submetermos a esses testes. Se falharmos neles, só pode ser por duas razões: ou somos ignorantes da verdade sobre o céu, ou não gostamos de pensar no céu porque não temos mentalidade espiritual. Não só devemos estar meditando nos reais fatos sobre o céu mas também devemos contrastá-los com os do lugar oposto, o inferno. Há pessoas que afirmam que tal lugar não existe. Outros temem que possa haver tal lugar, porém relutam em pensar nele. Mas eu escrevo para os crentes verdadeiros. Quanto mais estes pensam nas misérias eternas, mais animados se sentem a dar graças a Deus pela salvação que Ele lhes deu graciosamente em Cristo Jesus.


Desejo fazer mais dois comentários finais sobre o hábito de meditar nas coisas espirituais. Há ocasiões em que, por fraqueza ou cansaço, é muitíssimo difícil concentrar-nos em tais pensamentos. Permitam-me dizer-lhes que, se vocês não conseguem meditar, não parem de tentar fazê-lo! Voltem à tarefa uma e outra vez durante o dia. Lamentem-se cada vez que falharem. Busquem o consolo de passagens das Escrituras como a de Romanos 8:23-26.


Em segundo lugar, assegurem-se de não perder o progresso que tinha feito anteriormente quanto à meditação. Se vocês negligenciarem o hábito por qualquer tempo que seja, ele logo os abandonará de vez. E o que pior, vão contentar-se com outras coisas que não são coisas espirituais.


Fonte: Extraído de Pensando Espiritualmente, Editora PES, 2005. p. 31-34. Traduzido do original inglês Thinking Spiritually por Odayr Olivetti.