sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Bereanos ou Cretenses?








Foi por ocasião de sua segunda viagem missionária que o apóstolo Paulo conheceu os bereanos. O escritor do livro de Atos, cremos que Lucas, adjetivou os judeus bereanos como “mais nobres” do que os de Tessalônica. Certamente porque eles receberam a mensagem do Evangelho, pregada por Paulo e Silas, com mais avidez. Notariamente eles tiveram um interesse diferenciado e se preocuparam em conferir nas Escrituras tudo que Paulo pregava. Muitos homens e mulheres de alta posição daquela sociedade se converteram a Cristo. Até hoje destacamos a nobreza dos bereanos quando queremos exortar às pessoas a conferirem na Bíblia Sagrada o que estão ouvindo por boca dos muitos pregadores. Certamente se houvesse uma conferência mais interessada com tudo que se ouve sobre o Evangelho e sobre o próprio Deus, não estaríamos vivendo um sencretismo religioso tão aguçado e, com certeza, não nos sentiríamos tão envergonhados com a representatividade da fé evangélica em nosso país.

A expressão sincretismo tem origem grega e significa “fusão de crenças”. Dizem que os cretenses esqueciam as diferenças internas a fim de se unir à combater um mal maior. Sincretismo é agir como os cretenses agiam, unir coisas díspares, apesar das diferenças, a favor do que é semelhante. Religiosamente falando, o sincretismo é uma mistura de conceitos religiosos, uma expécie de ecumenismo.

Em princípio, algumas pessoas poderiam pensar que esta junção de conceitos religiosos é algo positivo. Mas, definitivamente, não o é. O sincretismo gera uma espiritualidade rasa trazendo confusão à mente e perturbação ao coração.

Talvez um bom exemplo de sincretismo seja o personagem descrito no livro de Atos dos apóstolos de nome Elimas. A Bíblia diz que este indivíduo era judeu, mágico, falso profeta e atendia pelo nome de Barjesus. Como judeu ele conhecia a sua forte tradição religiosa. Obrigatoriamente ele conhecia as leis de Moisés e todos os usos e costumes da religião judaica. Também era um mágico. A magia era uma prática considerada de ocultismo e proibida pela religião judaica. Como se não bastasse, Elimas era um falso profeta, atrevia-se a falar em nome de Deus. Finalmente, para completar sua sindrome sincrética ele atendia pelo nome de Barjesus, ou seja, filho de Jesus. Ele era de tudo um pouco, ou, do pouco, queria ser tudo.

Tendo o dom espiritual do discernimento, o apóstolo Paulo o chamou de filho do diabo, cheio de todo o engano e malícia, inimigo de toda a justiça e que tentava perverter os retos caminhos do Senhor. Tais palavras revelam a interpretação bíblico-espiritual do que é o sincretismo religioso. Deus confirmou as palavras de Paulo, fazendo com que uma névoa e escuridade caissem sobre aquele homem. O resultado foi uma cequeira total ainda que não definitiva. Ele ficou cego por algum tempo.

Em nossos dias percebemos a triste realidade de que sobrevive o sincretismo religioso. Lamentavelmente algumas instituições religiosas crescem o número de seus membros tendo como principal estratégica a mistura de fé, doutrinas, crenças e crendices. Nelas se percebem um viés de cristianismo, à medida que falam em nome de Jesus e usam a Bíblia; mas, também, de espiritualismo com linguagem específica, vestimentas e práticas de ocultismo. Como se possível fosse um espiritismo evangélico. Percebe-se também uma espécie de neo-catolocismo com suas práticas pagãs atribuindo poder aos objetos de uso litúrgico, novenas e procissões.

Em meio a tanta confussão algumas pessoas simplesmente se desencantam com as instituições religiosas. Pensando que todas elas, como diz o adágio popular, “são farinha do mesmo saco”. Ser um cristão em nossos dias e confessar isso publicamente nunca foi tão desafiador. Para muitos, isto tem sido constrangedor. Não porque se envergonham de Cristo, muito pelo contrário. Mas, é fato, se envergonham das instituições religiosas que pretenciosamente se auto denominam de Igrejas.

A Igreja conforme o conceito bíblico é UNA, CATÓLIA e APOSTÓLICA. Como um corpo humano, assim é a Igreja. Um só corpo, com muitos membros, possuindo uma só cabeça. Católica por ser universal. A igreja não é propriedade de um povo específico. Não importa a localização, o idioma ou a cultura. Onde estiver um discípulo de Jesus, alé está a igreja está presente. A igreja é apostólica, ou seja, baseada na doutrina dos apóstolos de Cristo Jesus. O fundamento que não pode ser alterado. O fundamento é Jesus Cristo, a Rocha, a Pedra principal.

Não existe uma verdade para cada um. Uma moral para cada um, conforme a interpretação dominante. Deus é verdadeiro e mentiroso todo os homens. A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus e não são desprezíveis toda outra regra de fé e prática contrária. Por pensar diferente, alimentamos o sincretismo religioso como se fosse um bicho de estimação.

A leitura que fazemos é de uma igreja muito mais parecida com o Elimas ou, Barjesus, do que Bereana, nobre e que quer saber, pelas Escrituras Sagradas, qual a verdade.

Qual o modelo a seguir? Bereanos ou cretenses? Conferir nas Escrituas tudo que temos ouvido é a cura para a fé cristã da atualidade, caso contrário, faremos parte de instituições religiosas sincréticas que, em nome da tolerância, abre mão da verdade bíblica.

Por Ricardo Mota

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Livro "Poder Global e Religião Universal"

 
Autor: Juan Claudio Sanahuja
Descrição: A crise da Igreja é grave. Tenho a impressão de que não se esconde de ninguém que o cataclismo social – que afeta o respeito à vida humana e à família – tem essa triste situação como causa. Michel Schooyans afirma, sem nenhuma dúvida, que a Nova Ordem Mundial, "do ponto de vista cristão, é o maior perigo que ameaça a Igreja desde a crise ariana do século IV", quando, nas palavras atribuídas a São Jerônimo, "o mundo dormiu cristão e, com um gemido, acordou ariano".
(...) Soma-se à atitude vacilante de muitos católicos a ditadura do oliticamente correto, muito mais sutil que as anteriores e que reivindica a cumplicidade da religião, uma religião que por sua vez não pode intervir nem na forma de conduta nem no modo de pensar. A nova ditadura corrompe e envenena as consciências individuais e falsifica quase todas as esferas da existência humana.
A sociedade e o estado excluíram Deus, e "onde Deus é excluído, a lei da organização criminal toma seu lugar, não importa se de forma descarada ou sutil. Isto começa a tornarse evidente ali onde a eliminação organizada de pessoas inocentes – ainda não nascidas – se reveste de uma aparência de direito, por ter a seu favor a proteção do interesse da maioria".
Adquira o livro através da Editora Ecclesiae: http://www.ecclesiae.com.br/Poder-Global-e-Religiao-Universal

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O silêncio religioso sobre a perseguição cristã


Neste mês, o pastor Youcef Nadarkhani completa mil dias de cárcere em Lakan, uma notória prisão no norte do Irã. Acusado de apostasia, o Sr. Nadarkhani encara uma sentença de morte por não renegar sua fé cristã, que é sua religião desde a infância. Embora ele seja um exemplo de devoção sincera e represente o que acontece com outros milhões que sofrem a mesma repressão, a história dele é pouco conhecida.

A coragem do Sr. Nadarkhani e a tenacidade de seus apoiadores – muitos deles meros fiéis espalhados pelo Twitter e outras redes sociais alertando o mundo para essa situação – lembram grandes campanhas pelos direitos humanos dos últimos tempos: a luta contra o apartheid na África do Sul e a mobilização para ajudar os judeus soviéticos a emigrarem dos países da Cortina de Ferro. Assim como Mandela representou a oposição ao racismo na África do Sul e Anatoly Sharansky exemplificou as justas demandas dos judeus soviéticos, o Sr. Nadarkhani hoje simboliza a situação crítica a qual líderes da Igreja alegaramm que 100 milhões de cristãos espalhados pelo mundo sofrem.
Mesmo assim o Sr. Nadarkhani não tem praticamente nenhum reconhecimento se comparado aos Srs. Mandela e Sharanski. Apesar da crescente brutalidade com que se alvejam os cristãos – atentados à bomba na Nigéria, discriminação no Egito (cristãos são presos lá até mesmo por construírem ou reformarem igrejas) e decapitações na Somália – os americanos continuam amplamente desinformados sobre o quão crítica a situação se tornou, particularmente no mundo islâmico e nos países comunistas como a China e Coreia do Norte.
A principal razão pela qual a opinião pública não foi alertada sobre a perseguição de cristãos é o fato de vários líderes das várias igrejas ignorarem ou tergiversarem a respeito do problema. Se não houver pronunciamentos enérgicos sobre esse assunto, então é falta de realismo esperar que os governos democráticos o façam.
Pegue o Vaticano como exemplo. Em várias ocasiões nos últimos anos, o Papa Bento XVI falou sobre a perseguição de cristãos no Egito, Paquistão, Somália e outros lugares. Mas nem o Papa nem um oficial sênior do Vaticano propuseram uma opção política para combater essa repulsiva tendência. Algumas dessas opções podem ir desde uma vinculação comercial e assistência financeira de modo a demonstrar um comprometimento com a liberdade religiosa, até melhorar a segurança em igrejas e outras instituições ou reforçar a ajuda militar a países como Nigéria e Quênia, onde milícias islâmicas estão aterrorizando os cristãos.
Nos Estados Unidos, cleros de todas as denominações, especialmente os influentes evangélicos, poderiam levantar na Casa Branca e no Departamento de Estado os arquivos sobre a perseguição aos cristãos. As condições são propícias para uma campanha pública organizada e os esforços judiciais em nome dos judeus soviéticos oferecem um modelo valioso.
Vinte e cinco anos atrás, uma passeata em Washington D.C. pela causa dos judeus soviéticos atraiu mais de 250.000 participantes de todos os setores da comunidade judaica. Dado que uma parte significativa dos 250 milhões de cristãos deste país é engajada politicamente, não é exagero acreditar que uma iniciativa semelhante em nome dos cristãos perseguidos poderia atrair uma multidão de mais de um milhão.
Mas para isso acontecer, primeiro é preciso um mar de mudanças no pensamento dos líderes das igrejas ocidentais. Para começar, eles devem se despir da aura de ingenuidade que turva seus testemunhos a respeito das perseguições. Ao longo dos anos sombrios da existência da União Soviética, os bispos ortodoxos se desesperaram com a disposição dos forasteiros para tomar ao pé da letra as suas garantias – oferecida com o olhar nervoso das autoridades – de que a vida não era tão ruim assim. Podemos constatar uma tendência similar hoje em dia em relação ao mundo islâmico.
Líderes cristãos dos países muçulmanos estão preocupados se sobrevivem para um novo dia. Podemos ajuda-los não entrando em diálogos insossos, mas compelindo seus governantes a respeitarem a liberdade de culto, bem como seu desejo de conter a enxurrada de cristãos que fogem da opressão para portos mais seguros.
As igrejas também precisam dar um reset nas suas prioridades. É uma amarga ironia que Israel, o único país no Oriente Médio onde os cristãos podem viver em liberdade, seja o principal foco de opróbrio das igrejas.
Numa convenção anual realizada neste mês, presbiterianos da América aprovaram uma campanha de desinvestimento visando comunidades judaicas na Cisjordânia. O Pastor Nadarkhani não foi sequer mencionado. Nos dias de convenções episcopais, mais tarde, as resoluções sobre Gaza e o processo de paz israelense-palestino entraram na pauta, mas o pastor iraniano foi igualmente ignorado. Quanto aos atentados às igrejas na África e na Ásia, é como se eles nunca tivessem acontecido.
 
Ben Cohen mora em Nova York e é escritor de assuntos relacionados à política internacional.
Keith Roderick é padre episcopal na Diocese de Springfield, Illinois.

Tradução: Leonildo Trombela Junior