quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Você tem todo o direito de discordar...

"Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo."
(Voltaire)
Voltaire hoje seria considerado um homofóbico. Qualquer pessoa que defenda um posicionamento de liberdade de expressão quanto a questão da sexualidade será dado como homofóbico que impede as pessoas de viverem suas paixões. Para essas pessoas não é suficiente que você não se importe com o que elas fazem, você é obrigado a concordar com elas.
A pouco, estive debatendo no facebook na comunidade que foi feita contrária ao posicionamento do Chanceler do Mackenzie Dr. Augustus Nicodemus. Os integrantes pretendem fazer um ato de protesto na frente do Mackenzie dia 24 de Novembro, e para eles palavras como: Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos. São consideradas como violência e ódio aos homossexuais. Não conseguem aceitar o contrário e qualquer discurso que vá de encontro a eles é caracterizado como medieval, arcaico, odioso e ignorante. É uma espécie de ditadura que se impôs sobre nós, e que estamos todos afundados.
Eu, assim como o Dr. Augustus, defendo a liberdade de expressão, acredito que todos têm o direito de expressar sua opinião, e como Voltaire luto por isso até o fim. Porém, assim como tenho o direito de dar minha opinião, não posso tolher a dos outros, como se as minhas palavras fossem as únicas que pudessem ser aceitas, como se o meu modo de pensar fosse o único que pudesse ser verdadeiro, como se eu fosse um deus contra os meros mortais. Isso é um absurdo, e qualquer pessoa deveria ser contrária a esse pensamento. Mesmo um homossexual deveria ser contrário a isso, pois assim como eles querem impedir o Dr. Augustus de falar, alguém pode impedi-los de fazer o mesmo, e portanto, é um tiro no pé.
E como se não bastasse toda essa celeuma, a imprensa faz o que sabe fazer de melhor: distorcer. A cada veiculo que tentar tratar sobre o tema uma coisa é modificada, alguns disseram que o texto foi publicado na semana passada, outros que foi ontem, a verdade é que desde 2007 o texto está disponível no site da chancelaria do Mackenzie. Para quem não entendeu ainda, eu explico. Em 2007 o Rev. Augustus escreveu uma homilia baseada na decisão da IPB sobre a PLC 122, depois publicou no site do Mackenzie na parte que é da chancelaria. Semana passada alguém descobriu isso e começou por meio de Twitter e Facebook a divulgar que o Mackenzie queria ter o direito de ser homofóbico. Depois alguns blogs começaram a divulgar a nota e o fim foi que alguns jornais online já estavam publicando a matéria.
É claro que o Mackenzie não é homofóbico nem discrimina ninguém por conta da sua sexualidade, muito pelo contrário, há um grande número de professores e alunos homossexuais, e nunca foram forçados a nada por conta disso. No entanto, a Universidade Mackenzie, que é presbiteriana desde o princípio, e portanto, cristã, tem princípios que regem, e assim, um deles foi explicitado na homilia do Dr. Augustus, a liberdade de expressão sobre sexualidade, a Bíblia tem um conceito sobre isso muito bem fundamentado, mas não diz que o cristão tem que forçar as pessoas a aceitarem, a verdade não deixa de ser verdade por conta das pessoas não aceitarem. Desta forma, o texto do Rev. Augustus está totalmente coerente com a lei e com a Bíblia, e também com os princípios acadêmicos.
É triste ver que as pessoas não conseguem conviver com o diferente. A esperança se encontra, não em outro lugar, mas na própria Escritura:
Mateus 5.10-12  Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
O Rev. Augustus agora tem motivo para alegrar-se em dobro, a perseguição, a mentira e a injuria, tudo aquilo que aconteceu com os profetas antigos agora acontece com ele. Deus seja grandioso por isso. A Graça e a Misericórdia de Deus se mostram em meio a toda essa confusão, e no meio do deserto há motivos para alegria.
Eu me coloco totalmente em favor do Rev. Augustus e do seu posicionamento, e declaro que vou lutar até o fim para que todos tenham direito de se expressar e dizer o que pensam.
Àquele que é poderoso para fazer o morto ressuscitar e o vivo morrer,
Ronaldo Barboza de Vasconcelos.
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Leia a íntegra da carta do chanceler do Mackenzie:
Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia
Leitura: salmo 1
O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.
Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:
"Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.
Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, "desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher" (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).
A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.
Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo".
Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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