terça-feira, 25 de agosto de 2009

É bíblico contribuir financeiramente à Igreja


Com este estudo pretendemos esclarecer aos irmãos em Cristo e lançar luz sobre o assunto da contribuição financeira. Isto se deve ao fato de estarmos assumindo alguns compromissos financeiros como aluguel de imóvel, compra de material didático para evangelismo, cópias, cestas básicas, etc. À medida que, pela graça de Deus, esta denominação cresce, os compromissos financeiros também crescerão. Daí a necessidade de termos logo no inicio um entendimento correto sobre o que a Biblia tem a dizer sobre esta temática. A nossa abordagem deste assunto não será exaustiva, mas terá alcançado plenamente o seu objetivo, se ao final das nossas considerações, você tiver fundamentação bíblica suficiente para responder a pergunta do título de maneira afirmativa.

Antes da Lei Mosaica

A prática de dar dízimos já existia antes mesmo da lei Mosaica. Temos textos como Gênesis 14:17-20 em que Abraão deu dízimo a Melquisedeque, provavelmente como expressão de gratidão a Deus pelo livramento de seu sobrinho Ló que tinha sido capturado por reis inimigos. Mas não há evidências neste texto de que o dízimo foi ordenado por Deus. Na verdade, o texto nos leva a acreditar que Abraão deu dízimo por sua própria escolha, ou seja, foi algo voluntário. Outra passagem que menciona o dízimo antes da Lei mosaica é Gênesis 28: 2-20. Jacó, nesta passagem, está fazendo a Deus um voto em resposta ao fato de ter sido visitado por Deus em sonho. Deus prometeu a Jacó que estaria com ele e que o guardaria aonde quer que este fosse e o levaria à terra prometida. Em resposta a isso, Jacó se comprometeu em dar a décima parte de seus bens. Aqui também neste texto Deus não ordenou a Jacó que lhe desse o dízimo. A exemplo de Abraão, Jacó voluntariamente decidiu dar o dízimo. Além disso, não há evidência de que dar dízimo fosse uma prática regularmente levada a efeito por Jacó. De forma que, podemos concluir esta seção dizendo que o dízimo antes da Lei Mosaica não era algo obrigatório, era voluntário.

Sob a Lei Mosaica

No antigo Testamento, sob a Lei Mosaica, era requerida dos crentes a décima parte da sua renda para a manutenção da obra de Deus bem como para o suprimento das necessidades dos pobres. As passagens mais relevantes quanto a isso são: Lev 27: 30-33; Num 18:21-24; Det 14:22-27; Det 14:28-29; Neem 12:44, Mal 3:8-12. Vejamos brevemente uma por uma destas passagens:

--> Levítico 27:30-33. Observe que nesta passagem o dízimo é descrito como produto da terra , tirando dos rebanhos e ainda como frutos das árvores. Em outras palavras o dízimo não era em dinheiro.

--> Números 18:21-24. Esta passagem diz que o dízimo era designado para suporte dos levitas, isto porque os levitas não tinham herança na terra de Canaã como as outras tribos. De forma que, a manutenção deste vinha dos dízimos dos outros israelitas. O dízimo era uma compensação para os levitas pelo serviço sacerdotal deles.

--> Deuteronômio 14:22-27. Este texto fala do dízimo como sendo usado para financiar as festas religiosas e os festivais de Israel. Este era um segundo dizimo porque o primeiro era usado para a manutenção dos Levitas. Este segundo dízimo, por assim dizer, possibilitava que os israelitas obtivessem todas as comidas e bebidas necessárias às festas religiosas de Israel e à adoração ao Senhor.

--> Deuteronômio 14:28-29. Este texto menciona um terceiro dízimo. OS comentaristas bíblicos não são unânimes quanto a pensar se estes dízimos eram um terceiro tipo separado de dízimos ou apenas o segundo dízimo usado de maneira diferente. O historiador Judeu Flavio Josefo apoiava a compreensão segundo a qual este era um terceiro tipo de dízimos. De qualquer forma, o povo judeu recebeu a ordem de dar pelo menos vinte por cento de suas colheitas e rebanhos. Esse tipo de dízimo poderia ser chamado o “dízimo para os pobres”.

--> Neemias 12:44. Observe que, de acordo com este texto, o dízimo era requerido pela Lei. Este ato de dar dízimo era voluntario no caso de Abraão e Jacó, mas sob a Lei mosaica, o dízimo não era uma questão de escolha, era uma obrigação.

--> Malaquias 3:8-12. Este texto refere-se as bênçãos materiais que Deus prometeu a Israel caso este povo obedecesse aos Seus estatutos e mandamentos dos quais o dízimo fazia parte dele.

Assim, o dízimo era uma taxa ordenada por Deus ao seu povo sob o sistema Teocrático do Antigo Testamento, era uma obrigação e não uma questão de escolha de cada um.

No Novo Testamento

Ao contrário do Antigo, no novo Testamento o conceito de dízimo é praticamente inexistente. As poucas passagens neotestamentárias que aludem ao dízimo são as seguintes: Mateus 23:23; Lucas 18:12 e Hebreus 7:1-10. Observemos brevemente, mais uma vez, uma por uma:

--> Mateus 23:23. Esta passagem é repetida em Lucas 11:42. Jesus falou estas palavras aos fariseus enquanto a Lei Mosaica ainda era vigente. Assim, esta passagem não pode ser usada para legitimar a obrigatoriedade de dar o dízimo sob a Nova Aliança.

--> Lucas 18:12. Jesus, neste texto esta contando a parábola do fariseu e do publicano. Aqui Cristo esta falando sobre um fariseu que dar o dízimo sob a Lei Mosaica, não para um cristão dando o dízimo sob a Nova Aliança.

--> Hebreus 7:1-10. Já nesta passagem, objetivo do autor da carta aos Hebreus é mostrar a superioridade de Cristo sobre o sacerdócio Levítico, exortando assim os seus leitores a não retornar à antiga forma judia de adoração caracterizada pelo templo, pelos sacrifícios, etc. Em outras palavras, o autor desta epístola não esta exortando os crentes a dar o dízimo como Abraão fez.

Prossigamos em nossa consideração de mais algumas passagens do Novo Testamento para extrair delas princípios norteados quanto a nossa conduta nesta área fundamental da mordomia cristã:

--> I Co 16:1-2. Neste texto, o apóstolo Paulo dirige a igreja de Corinto a fazer uma coleta para os pobres de Jerusalém. O apóstolo diz aos coríntios para contribuírem de maneira proporcional e na medida em que eles têm prosperado. Embora o texto não fale sobre o dízimo, os coríntios são instruídos a dar de maneira proporcional. O principio é bastante simples: aqueles que têm mais devem dar mais.

--> Atos 11:27-39. Observe que nesta narrativa que os irmãos de Antioquia fizeram doações aos irmãos da Judéia de acordo com suas condições. Aqueles que tinham mais deram mais. Aqueles que tinham menos deram menos. Nessa perspectiva, aqueles que nada têm, não devem se sentir culpado por não poder contribuir financeiramente com a Igreja.

--> II Cor 9:7. Aqui Paulo instruiu cada um que contribua segundo tiver proposto no coração. Observe que o apóstolo simplesmente diz que eles devem dar a quantia que o coração deles determinar, mas note também que o contribuinte deve ser fiel àquilo que propôs o coração. A vontade de Deus é que quando nós vermos uma necessidade, nós oremos ao Senhor pedindo a sua direção sobre como podemos suprir aquela necessidade e, então, de acordo com sua situação financeira, nós contribuirmos “não com tristeza ou por necessidade”porque Deus ama ao que dá com alegria.

Já vimos que, sob Nova Aliança, o crente não esta obrigado a dar dízimo, ou seja, ele deve contribuir de maneira voluntária. E os textos que acabamos de considerar ressaltam que devemos contribuir, mas não apontam uma porcentagem. É possível que a esta altura alguns estejam com uma grande interrogação na cabeça? Quanto dar? Isso tem dado margem a que muitos minimizem a importância da contribuição financeira para a causa de Jesus Cristo no mundo. Quanto a isso, pode ser dito o seguinte: Se cristão não deve contribuir sob compulsão, nem deve fazer nada forçadamente, nem ninguém pode constranger a sua consciência a dar uma porcentagem, por outro lado, ele deve ter a consciência tanto dos seus benefícios quanto de seus deveres debaixo da nova aliança. Assim para o cristão que não sabe como, nem por onde começar, pedagogicamente, dez por cento pode seu um ponto de partida.

R. C. Sproul fala:

“É verdade que o dízimo foi instituído no Antigo Testamento. Mas usar este fato como uma desculpa para diminuir o seu peso na era neotestamentária é ignorar tudo que o Novo Testamento ensina sobre o nosso envolvimento com a Nova Aliança. Quando as duas alianças são comparadas, é enfatizado de maneira inequívoca que os benefícios desfrutados excedem em muitos benefícios conferidos aos santos no Velho Testamento. Com grandes benefícios vem maior responsabilidades, não menor. O dízimo, é uma resposta à bondade de Deus. Se era requerido dos santos que viviam sob a velha estrutura dar o dízimo, e um insulto à graça presumir que algum nível de gratidão agora seria um ideal alcançado apenas por uma elite espiritual. O principio do Novo Testamento deve ser traduzido não como dando um passo na direção dos dízimos. Mas como dando um passo a partir dos dízimos. Assim o dízimo se torna um ponto de partida, uma base inicial para a mordomia cristã do Novo Testamento. Isto representa a resposta mínima de uma alma agradecida, uma resposta que deve ser dada com alegria".

Comentários Finais

Alguns pastores pregam a obrigatoriedade dos dízimos, usando vários artifícios, aonde ele venha a obter informações de quanto dinheiro entra no mês, de quanto podemos gastar e etc. Sabemos que uns usam envelopes para identificar os irmãos que contribuem e também forçam com campanhas de compra de moveis, de veículos para a igreja, de gravação de DVD do grupo de louvor, e muitas coisas que vai acarretar mordomia apenas aos irmãos. Mas sabemos que a contribuição não é para suprir a necessidade de conforto, e sim de alimentação dos irmãos, cuidados com os membros e ajuda aos pobres.

Os pastores que fazem tais práticas querem saber quanto entra de renda no mês, para saberem como poderão fazer seus projetos com a verba da igreja, tornando igrejas – empresas, aonde não se preocupam com o que a Escritura diz sobre as ofertas, pelo contrário forçam irmãos a contribuírem como no velho testamento, e quem não contribui, é de uma forma bem delicada forcado a tirar até o que não tem.

Não são pastores, mas empresários da Fé que não se preocupam com nada pelo contrário, guiam a igreja com mãos sujas e rápidas em extorquir o povo de Deus. Usam vários métodos de como gastar o dinheiro dos santos, gravam cd e DVDs de pregações e de grupos de louvores para que possam acarretar mais ainda fins monetários, para obter uma administração de sucesso, afinal pequenas e grandes igrejas não deixam de ser grandes negócios em suas concepções.
Para que possam sentir o peso da Escritura Sagrada, coloco um texto que Paulo fala veementemente sobre os que tais coisas praticam:

ICOR 3:10-23

Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.

Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.

A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.

Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.

Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?
Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.

Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.

Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.

E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.

Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso,

E vós de Cristo, e Cristo de Deus.

Sola Scripturas
Anderson Queiroz

Um comentário:

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