sexta-feira, 21 de maio de 2010

Livros apócrifos

Os Livros apócrifos (grego: απόκρυφος; latim: apócryphus; português: oculto), também conhecidos como Livros Pseudo-canônicos, são os livros escritos por comunidades cristãs e pré-cristãs (ou seja, há livros apócrifos do Antigo Testamento) nos quais os pastores e a primeira comunidade cristã não reconheceram a Pessoa e os ensinamentos de Jesus Cristo e, portanto, não foram incluídos no cânon bíblico.O termo "apócrifo" foi cunhado por Jerônimo, no quinto século, para designar basicamente antigos documentos judaicos escritos no período entre o último livro das escrituras judaicas, Malaquias e a vinda de Jesus Cristo. São livros que não foram inspirados e que não fazem parte de nenhum cânon. São também considerados apócrifos os livros que não fazem parte do cânon da religião que se professa.A consideração de um livro como apócrifo varia de acordo com a religião Por exemplo, alguns livros considerados canônicos pelos católicos são considerados apócrifos pelos judeus, pelos evangélicos e pelos protestantes. Alguns destes livros são os inclusos na Septuaginta por razões históricas ou religiosas A terminologia teológica católica romana/ortodoxa para os mesmos é deuterocanônicos, isto é, os livros que foram reconhecidos como canônicos em um segundo momento (do grego, deutero significando "outro").Destes fazem parte os livros de Judite, Tobias, Baruque, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, I e II Macabeus, além de adições aos livros de Ester e Daniel.

Católicos

Para os alguns teólogos, e para a maioria dos historiadores, os textos apócrifos, datam de muito tempo após a vida de Jesus, sendo alguns deles escritos mais de 200 anos após a morte e ressurreição, não podendo ser considerados fidedignos, ou seja, nem tudo o que neles fora escrito narra com precisão a verdade.Os livros apócrifos, foram retirados do Cânon Católico por monstrarem um Cristo diferenciado dos Evangelhos e teologias escolhidos, mostrando-o exclusivamente como Deus, sem as limitações e sentimentos humanos, o que tornaria a passagem pela morte algo fácil, diminuindo assim, o tamanho do Sacrifício realizado pelo Salvador; em outros, entretanto, a imagem de Cristo é excessivamente mundana e em desacordo com a imagem passada pelos quatro evangelhos oficiais.Muitos textos seculares citam textos Apócrifos, como por exemplo o livro e filme "O Código da Vinci", que utiliza fatos encontrados nestes, para melhorar trama do livro, visto que são poucos os que conhecem, mesmo que parcialmente.

Cristianismo ocidental

No cristianismo ocidental actual existem vários livros considerados apócrifos; nos sínodos realizados ao longo da história esses livros foram banidos do cânon (Livros Sagrados), outros obtiveram uma reconsideração e retornaram à condição de Sagrados (Canônicos). Como exemplo de canonicidade temos a Bíblia (reunião de vários livros).

Os livros Apócrifos são muito estudados actualmente pelos teólogos, porque a sua narrativa ajuda a revelar factos e curiosidades a respeito dos primórdios do cristianismo.

A quantidade de livros

O número dos livros apócrifos é maior que o da Bíblia canônica. É possível contabilizar 113 deles,52 em relação ao Antigo Testamento e 61 em relação ao Novo A tradição conservou outras listas dos livros apócrifos, nas quais constam um número maior ou menor de livros. A seguir, alguns desses escritos segundo suas categorias.

  1. Evangelhos: de Maria Madalena, de Tomé, Filipe, Árabe da Infância de Jesus, do Pseudo-Tomé, de Tiago, Morte e Assunção de Maria, Judas Iscariotes;
  2. Atos: de Pedro, Tecla e Paulo, Dos doze apóstolos, de Pilatos;
  3. Epístolas: de Pilatos a Herodes, de Pilatos a Tibério, dos apóstolos, de Pedro a Filipe, Paulo aos Laodicenses, Terceira epístola aos Coríntios, de Aristeu;
  4. Apocalipses: de Tiago; de João, de Estevão, de Pedro, de Elias, de Esdras, de Baruc; de Sofonias;
  5. Testamentos: de Abraão, de Isaac, de Jacó, dos 12 Patriarcas, de Moisés, de Salomão, de Jó;
  6. Outros: A filha de Pedro, Descida de Cristo aos Infernos, Declaração de José de Arimatéia, Vida de Adão e Eva, Jubileus, 1,2 e 3 Henoque, Salmos de Salomão; Oráculos Sibilinos.

  7. Existe entre os apócrifos um livro muito importante "história do universo" que narra a história da criação do universo, da criação de Lúcifer (anjo de luz)como professor de todos os anjos, e da criação da terra, e da descida de Adão e Eva do paraíso para habitar a terra, da criação do holocausto, como aliança entre Deus e os homens até o seu retorno a terra para salvação dos homens, da divisão permitida por Deus entre o bem e o mal, que foi dirigida por Lúcifer, etc...
Palestra virtual pela Editora Cléofas de Dr. Felipe Aquino da Canção Nova.

13 comentários:

  1. O simples fato destes textos se dividirem em Sagrados ou apócrifos,e é o que é sagrado pra um pode ser apócrifo para o outro só mostra que a palavra de Deus passou por edição humana. O que pode ser considerado a palavra de Deus então? Um cojunto de textos que fora escolhidos por um grupo de pessoas? Estariam estas pessoas ungidas pelo Espírito Santo? Quem diz que elas estão? Elas mesmas? Enfim, é um discussao circular que só termina com com o argumento da Fé: é por que é, aceite e não questione.

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  2. Os textos passaram por uma edição humana tanto quanto foram escritos por homens, isto não significa que não sejam confiáveis. A aceitação dos textos se deu por meio do Espírito Santo, da aceitação apostólica, profética e eclesiástica. O que é totalmente coerente com o cristianismo, não poderia ter sido melhor.

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  3. Ronaldo, a argumentação continua sendo circular... a propria crença no Espírito Santo provem do que está escrito na Biblia. E é este mesmo Espírito Santo que promove a aceitação dos textos. Ao fim desta tautologia só resta o dogma da fé como saída.

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  4. Rafael,
    O primeiro problema é que o que você disse não é uma argumentação circular. Para haver uma petição de principio é preciso que para a premissa ser verdadeira a conclusão deverá ser. O que não acontece com o exemplo que você citou. Para a premissa "O Espírito Santo Existe" não é preciso que a conclusão "A Bíblia é confiável" seja verdadeira, porque o Espírito Santo existe antes mesmo da Bíblia ser Escrita, e é acreditado antes mesmo dela ter sido terminada. O que você poderia dizer que é circular é a premissa " A bíblia é confiável" que também está na própria Bíblia. Mas mesmo sendo circular não seria falacioso porque errado seria acreditar que a Bíblia é confiável quando ela diz que não é. Portanto, um dos argumentos a favor da confiabilidade dos textos é que eles mesmos atestam isto de si. E que isto foi aceito pela comunidade desde o começo da circulação dos livros, com algumas raras exceções, mas que também são explicadas por alguns contextos. Por isto a minha argumentação: "A aceitação dos textos se deu por meio do Espírito Santo, da aceitação apostólica, profética e eclesiástica." é totalmente válida. Os escritos são aceitos pela fé é verdade, mas há bons argumentos racionais a seu favor.

    Ronaldo.
    Apenaafiada

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  5. Ronaldo,

    É fato que o Espírito Santo existe desde antes da Bíblia ser escrita, por que a fonte desta informação é a propria Bíblia. Todo o conhecimento da Fé Cristã provem da Bíblia. Logo o argumento é circular por que a fonte da informação referenda a si própria, como vc mesmo disse. Assim ao afirmar que um texto é confiável porque o próprio assim diz que é, você reafirma a necessidade do dogma da FÉ para a crença naquele texto. Você crê no texto, crê na sua palavra, não precisa de recursos externos ao texto que atestem a sua veracidade.

    Sem dogma nao há religião, em todoas as crenças ,se nao me engano, os textos sagrados atestam a si próprios. Não quero com isso pregar um ateismo desenfreado, somente um olhar mais crítico ao que é dito como "verdade irrefutavél".

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  6. Acredito que você não entendeu bem minha argumentação então vou refazê-la. Primeiro te aconselho a dar uma olhada no post chamado: "A crença em Deus é racional? Uma defesa segundo Alvin Plantinga" Você vai perceber que ninguém precisa de uma prova, nem mesmo Bíblica, para acreditar na existência em Deus. Outra coisa é que é bem verdade que EU sei que o Espírito Santo existe antes da Bíblia ser escrita, porém isto não é verdade para todas as pessoas que nasceram antes de Moisés, e nem o próprio Moisés. É claro que eu só sei esta história porque está escrito, mas negar que pessoas existiram antes da escrita é no mínimo estranho. Outra coisa é que eu não disse que acredito que a Bíblia é verdadeira "somente" porque ela diz isso. É apenas um dos argumentos a favor, porque obviamente se o texto dissesse que era mentiroso, seria bem mais difícil acreditar, porém, além do próprio testemunho do livro, temos o testemunho das pessoas que receberam as cartas, os primeiros Cristãos, além de observar que a aceitação se deu de maneira natural baseado na própria crença no profeta. Eu não vejo problema em ter um olhar mais crítico, mas sua crítica não faz sentido.

    Ronaldo.
    apenaafiada

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  7. Ronaldo, vamos por partes:

    1- em momento algum contestei a existência de Deus, este não é o ponto, nem ateu sou. O ponto é a necessidade do dogma para a crença nos textos biblicos.

    2- Não sei de onde vc tirou essa historia de negar que pessoas existiram antes da escrita da Bíblia. Mas bem... vc sabe que o Espirito Santo existe pq está na Bíblia, e questiona quanto as pessoas que tambem sabiam da existência do mesmo antes da feitura do livro sagrado. Se as pessoas do período pré-escrita da Biblia sabiam que o ES existia, nos só sabemos que elas tinham essa crença porque a PRÓPRIA Bíblia nos fala isso. Não adianta buscar subterfúgio, a fonte da toda a Fé Cristã começa e termina na Bíblia, por isso toda a argumentação é circular.

    3- O testemunho dos primeiros cristãos e das pessoas que receberam as cartas TAMBÉM estão na Biblia, mais uma vez tudo começa e termina com ela, argumento circular novamente.

    4- O que você afirma ser "aceitação natural" nada mais é do que valores sociais e culturais passados de geração para geração pela tradição, no processo de socialização e educação no qual todo indivíduo é submetido enquanto cresce. E isto não é natural, isto é socialmente construído, haja visto que as sociedades são diferentes no espaço e no tempo.

    Outro fator que indica que a aceitação não é natural é a diferença de composição dos livros que compõe a Bíblia de uma Igreja para outra. Como eu disse no 1° comentário o que é apócrifo para um é sagrado para outro.

    Por fim a Bíblia é um livro montado (pela primeira vez no Concílio de Nicea), editado e traduzido e retraduzido inúmeras vezes. Ao longo da História passou por várias interferências que muitas vezes tinham interesses mais profanos do que divinos. Lembre-se que por séculos o domínio do texto bíblico se restringia a uma elite católica medieval que tinha crassos interesses políticos em manter sua hegemonia numa Europa destruída após a queda do Império Romano.

    5- Por que tudo isso? Uma interpretação dogmática e acrítica da Bíblia tem sido base para a fomentação de vários preconceitos e restrições de liberdade, como contra gays, mulheres ou mesmo as campanhas feitas contra o uso do preservativo numa África desolada pela AIDS.

    Enfim, eu acho que esse debate nao vai terminar nunca, mas tá sendo um bom exercício de retórica. =)

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  8. Rafael,

    Como você dividiu tua argumentação com pontos, vou seguir esta divisão para comentá-los:

    1. A minha argumentação é que antes do dogma da crença na Escritura, as pessoas já acreditavam nela. Quando Moisés escreve o pentateuco ele diz que recebeu do próprio Deus a revelação, e todo povo acredita nisto porque viu o que acontecia no monte.

    2. Eu acredito no Espírito Santo porque eu falo com Ele e Ele fala comigo. Além disto a Escritura assevera isto também, como você disse. A Bíblia também é um livro histórico, e conta a história do povo de Israel, e ao contar nos mostra como se deu a crença nos livros profeticos e etc. Você está certo em parte, o problema é diminuir a autoridade da Escritura, somente por ela atestar ter autoridade. Ela faz isto porque além de ter autoridade em si mesma, as pessoas lhe deram esta autoridade, desde o pentateuco até apocalipse.

    3. Aqui temos um pequeno equívoco. Além da história dos cristãos na própria Bíblia temos inúmeros escritos "extra-bíblicos" que atestam a recepção dos Escritos nas comunidades Cristãs. Só mostra que eles eram respeitados e tinha autoridade desde que foram Escritos.

    4. Quando você diz: "valores sociais e culturais passados de geração para geração pela tradição, no processo de socialização e educação no qual todo indivíduo é submetido enquanto cresce" espera que eu tome isto como uma "palavra mágica" para dizer que não era natural? Você vai ter que explicar e detalhar o que você quer dizer com isto. Além do mais se estamos falando de cultura, estamos falando da ação do homem no mundo, e isto é natural. A aceitação da Bíblia pelos ouvintes e endereçados se deu porque eles acreditavam vim do próprio Deus aquilo que foi escrito. Acreditavam nisto por conta de vários fatores, como milagres, mudanças de vida (conversão), acreditavam ser homens de Deus aqueles que escreviam e mais uma serie de fatores. Que independente da cultura seriam aceitos.

    As diferenças não eram tão grandes assim, grande parte dos livros nos canons eram comuns a todos, é só você procurar um livro de introdução Bíblica. Apenas alguns livros receberam alguma dificuldade para serem aceitos. As comunidades verdadeiramente cristãs tinha quase que por completo aceito os livros da Bíblia como um todo desde o começo da escrita destes. O problema é que você está confundido as comunidades cristãs, com as seitas que se levantaram na época, como por exemplos os Gnósticos. Nunca foram dados como cristãos, os apóstolos combateram suas doutrinas e depois os pais da igreja apologétas também.

    5. Gostaria que você explicasse melhor o que quer dizer por "preconceito e restrições de liberdade contra gays e mulheres" A campanha feita contra o uso do preservativo não é em nome de nada. O problema é que a Bíblia diz que o melhor meio de não contrair doenças sexualmente transmissíveis e a abstinência, e isto é um fato. Usando o exemplo do governo brasileiro, as propagandas em prol do uso da camisinha na verdade são propagandas em prol da promiscuidade e do sexo desenfreado, e isto é um absurdo.

    Já que você faz uso da retórica, posso então te chamar de sofista.

    Abraços, Sofista

    Ronaldo

    apenaafiada

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  9. Voltando a questão do “natural”, quando eu digo que valores culturais e sociais não são naturais é por que eles não podem ser tomados como dados, como sempre estiveram presentes, eles mudam ao longo do tempo, porém para nos que somos educados e socializados numa terminada sociedade, quando nos encontramos com outros valores e culturas achamos aquilo estranho, por que para nos o natural é tomar banho com água, por exemplo, porém há tribos nômades do deserto africano que tomam banho com areia. Então, você, se eu bem em lembro, foi educado numa família fortemente protestante, e desde pequeno educado numa Fé protestante, então isto lhe soa natural, ao mesmo tempo em que alguém chegar e contestar esses valores que você crê, lhe soa estranho. Não que a sociedade determine 100% os indivíduos, mas influencia bastante (esse é o debate mais antigo das Ciências Sociais, alias, e não será resolvido aqui com certeza... rsrs). Então é isto que quero dizer quando falo "valores sociais e culturais passados de geração para geração pela tradição, no processo de socialização e educação no qual todo indivíduo é submetido enquanto cresce". O cristianismo é mais antigo que a bíblia, quando ela foi montada já existia a Fé Cristã, então obviamente um Cânon consagrado pela Igreja Cristã gozaria de Fé entre seus seguidores.

    5. Não vou entrar no mérito das campanhas governamentais por que governo deve ser laico. Hoje já não temos uma cultura machista tão forte, mas no passado, principalmente quando Estado e Igreja andavam juntos, vários trechos bíblicos serviam para argumentar a submissão da mulher ao homem, como quando Deus expulsa Adão e Eva do Éden e afirma que Adão dominará Eva (Genesis 3:16). Hoje creio que ninguém mais evoca esse trecho, porém outros são ainda utilizados de maneira acrítica, como da castidade ou da condenação da homossexualidade. A Bíblia reflete a cultura de uma sociedade numa determinada época em que fora escrita, muito diferente da hoje. Tem trechos que se forem propagados por aí seriam considerados totalmente insanos, como por exemplo: Deuteronômio 21: 18-21 diz que filhos extremamente desobedientes devem apedrejados até a morte, em 22: 20-21 fala que mulheres que casam sem serem virgens também devem também ser apedrejadas até a morte e em Êxodo 35:1-2 “Deus diz” que quem trabalhar no sábado morrerá. Há vários outros, porém o que é curioso é que enquanto se relativiza alguns trechos bíblicos outros são tomados ao pé da letra, talvez porque para as pessoas que os evocam estes não estejam tão em desacordo com sua cultura e valores. Temos mais uma mostra de que o que é “natural” na realidade é cultural.

    A ao dizer isso que não falo que se deva cair numa promiscuidade desenfreada ou colocar a biblia numa lata de lixo para papel reciclado. O livro tem trechos valiosíssimos como “não faça ao outro que não querer para ti mesmo” ou não “amai uns aos outros”. A Bíblia nos ensina principalmente que o amor é base da vida e o respeito ao próximo, isto na minha opinião basta para suplantar qualquer trecho absurdo como os citados aqui. =)

    PS.: o a tendência é os comentários aumentarem de tamanho, por isso acho que não vai terminar nunca, até porque fé é algo muito complexo, mas vamos ver onde isso vai dar, está interessante.

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  10. A retórica é a técnica de elaboração e construção de argumentos para defender um ponto de vista, e não era somente usada pelos filósofos da Grécia Clássica que cobravam pelos seus ensinamentos - os sofistas - mas por diversos outros pensadores ao longo da História. =)

    1. Toda a informação contida no tópico 1 provem da bíblia, mas uma vez, começa na biblia, termina na biblia = circular.

    2. Observe o que você disse, "(...)porque além de ter autoridade em si mesma, as pessoas lhe deram esta autoridade, desde o pentateuco até apocalipse". Para os islâmicos o Alcorão também tem autoridade em si mesmo. Para os judeus a Torá também tem autoridade em si mesma. Na realidade o crente dá autoridade a escritura porque crê que a própria escritura dá autoridade a si mesma. Em outras palavras, para que a autoridade que a Bíblia dá a si mesma exista para o crente, ele tem de reconhecer isto lhe dando autoridade. A final para islâmicos e judeus (pelo menos a parte do novo testamento) a Bíblia não tem autoridade nenhuma, mas reconhecem isto nos seus respectivos livros sagrados.

    3. Hummm... ok. Porém você acaba de sair do terreno do sagrado e do que foi sabatinado pela Fé Cristã e vai para a fonte de terceiros. Assim, se estes documentos que atestam a recepção do escritos foram feitos pelas mesmas pessoas que contribuíram a construção, edição e montagem do mesmo ou tinham fé nos escritos (e eu desconfio que tinham), isto torna estes documentos a mera reprodução do ponto de vista destas pessoas.

    4. Ok vamos ao dicionário. Primeiro quando vc fala "natural" o significado que me vem a cabeça é: "Em que não há trabalho ou intervenção do homem / Instintivo, automático, maquinal / Sem artifício; espontâneo" (tirei isso aí do Aurélio). Ou seja, a aceitação dos escritos iria acontecer independente de qualquer coisa, pois foi natural. Observe porém que no seu penúltimo comentário você diz que a aceitação se deu "baseada na própria CRENÇA do profeta". Observe também que várias vezes você utiliza os verbos "crer" e "acreditar":

    "A aceitação da Bíblia pelos ouvintes e endereçados se deu porque eles ACREDITAVAM vim do próprio Deus aquilo que foi escrito. Acreditavam nisto por conta de vários fatores, como milagres, mudanças de vida (conversão), ACREDITAVAM ser homens de Deus aqueles que escreviam e mais uma serie de fatores."

    Várias vezes você evoca a necessidade de se ter FÉ na autoria divina dos textos ou na inspiração divina dos seus escritores. A partir do momento em que se tem FÉ tudo pode acontecer, o próprio Cristo afirma isto. De incentivo e força de vontade para mudar de vida a uma melhoria do estado psicológico do paciente que se reflete em seu estado físico. Porém sempre se há a necessidade de se ter fé primeiro, e é isto que eu estou dizendo. Se não se tem Fé na Bíblia ela tem tanta autoridade quanto teria para um judeu ou islâmico. Assim, estas coisas que você fala aconteceram simplesmente porque as pessoas tinham Fé naquilo que acreditavam. E como eu falei no primeiro comentário, fé prescinde de explicação, a fé é dogmática e acrítica.

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  11. Rafael,

    Você definiu bem a retórica, só esqueceu-se de expor um ponto: não há uma preocupação com a verdade, apenas com o convencimento. Por isso não vejo com bons olhos a retórica, e seus discursos.
    Vamos aos pontos:

    1. Acredito que você até agora não entendeu o meu argumento. A questão não é que os relatos estão na Bíblia, mas que eles existem antes dela, e portanto, o testemunho do Espírito Santo é anterior.

    2. A diferença entre os escritos Mulçumanos é que o próprio Corão é baseado na Bíblia, e que você encontra facilmente problemas no que é dito, entre eles, a afirmação de que Jesus era um mero profeta. Obviamente isso não faz sentido, já que Jesus se dizia o próprio Deus, e portanto, se não for Deus era um louco. Quanto aos Judeus, a Torá faz parte da Bíblia, estamos falando da mesma coisa. Acredito que você negligência meus argumentos, pois assevera que: “Na realidade o crente dá autoridade a escritura porque crê que a própria escritura dá autoridade a si mesma.” E isso eu já disse várias vezes, mas também disse que este não é o único motivo, afirmei vários outros, talvez você deve reler minhas respostas.

    3. Começo a acreditar que o teu problema é o pressuposto de que os cristãos necessariamente “inventaram” a história da inspiração. É óbvio que os relatos a favor dos escritos bíblicos vieram dos próprios cristãos, não poderia ser de outro jeito, pois se alguém que não é cristão afirmar que a Bíblia é a palavra de Deus, ou ela é doida, ou é cristã. Você fica insistindo nesse raciocínio circular, como se para a Bíblia ter sido inspirada era necessário que ela não dissesse isso e que as testemunhas fossem os que não acreditassem. O que é um absurdo, em outras palavras, você quer exigir da Bíblia uma contradição para que ela não tenha contradição... Reveja este ponto. Deixe claro o que seria “suficiente” para que a Bíblia fosse inspirada.

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  12. 4. Quando uso a palavra natural, não estou me referindo as questões da natureza, mas falando que não houve uma espécie de propaganda para os livros, como se algumas pessoas saíram por ai entre os cristãos para tentar colocar o seu livro entre os sagrados. Uma espécie de propaganda eleitoral dos livros da Bíblia, e os que tiveram maiores votos foram eleitos. Não foi isso que aconteceu! Outra coisa que você precisa entender é que eu não faço dicotomia entre “fé e razão”, “crença e justificação”. Como bem sabem os que estudam epistemologia, conhecimento é “crença verdadeira justificada” (sem querer adentrar nos problemas de Gettier). Portanto, quando eu digo que os cristãos tinham crença, não significa que eles não tinha justificação, ou que esta crença não pudesse ser provada. As crenças eram justificadas mediante a veracidade do próprio profeta em ser profeta, e assim, o grupo acreditava nele, havia boas razões para isso. Quando você diz: “A partir do momento em que se tem FÉ tudo pode acontecer, o próprio Cristo afirma isto.” Você está confundindo definições de fé. A fé no sentindo Bíblia é um dom de Deus, dado por ele para a salvação. No entanto, este termo também tem outra conotação que é de crença, inclusive tem a mesma raiz da palavra crer no grego. Quando afirmo “crença” não estou falando que é um “vale-tudo”, infelizmente você está se baseando em definições do senso comum, que normalmente não são exatas. Assim, a fé na Bíblia não é sinônimo de irracionalidade, ou de ausência de justificação, mas uma crença baseada em fatos e em verdade. Acredito que você deveria voltar aos livros, dá uma estudada sobre epistemologia, ler um pouco de Platão, daí você iria descobrir que “crença” ou mesmo “fé” podem ser criticadas e críticas. Na Bíblia, isso é muito claro, até porque em vários textos os cristãos são exortados a “julgar”, “analisar” e “refutar” crenças.
    Voltando a questão do “natural”, quando eu digo que valores culturais e sociais não são naturais é por que eles não podem ser tomados como dados, como sempre estiveram presentes, eles mudam ao longo do tempo, porém para nos que somos educados e socializados numa terminada sociedade, quando nos encontramos com outros valores e culturas achamos aquilo estranho, por que para nos o natural é tomar banho com água, por exemplo, porém há tribos nômades do deserto africano que tomam banho com areia. Então, você, se eu bem em lembro, foi educado numa família fortemente protestante, e desde pequeno educado numa Fé protestante, então isto lhe soa natural, ao mesmo tempo em que alguém chegar e contestar esses valores que você crê, lhe soa estranho. Não que a sociedade determine 100% os indivíduos, mas influencia bastante (esse é o debate mais antigo das Ciências Sociais, alias, e não será resolvido aqui com certeza... rsrs). Então é isto que quero dizer quando falo "valores sociais e culturais passados de geração para geração pela tradição, no processo de socialização e educação no qual todo indivíduo é submetido enquanto cresce". O cristianismo é mais antigo que a bíblia, quando ela foi montada já existia a Fé Cristã, então obviamente um Cânon consagrado pela Igreja Cristã gozaria de Fé entre seus seguidores.

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  13. 5. Acredito que você deveria se dedicar mais estudando hermenêutica, você está falando bobagem, pois o método hermenêutico, e a verdade de um texto não são mudados com a cultura, o que a Bíblia diz deve ser respeitado, se ela estar errada é outra história, mas não pode ser mudado por causa do tempo. Assim como eu estou respeitando o que você diz, sem alterar a tua intenção e mudar mediante a minha cultura. Nenhum texto deve ser relativizado ou levado ao pé da letra mediante o leitor, mas sempre seguindo a intenção do escritor, consonante com seu estilo literário, e suas figuras de linguagem, isso é algo básico para leitura e interpretação de texto, qualquer que seja o texto.
    Por fim, o que tenho a te dizer é que grande parte do nosso debate seria resolvido, se você se voltasse aos livros, existe uma série de livros sobre hermenêutica, epistemologia, lógica e outras coisas. Se você desejar, posso colocar uma lista bibliográfica.

    Abraços,

    Ronaldo.

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