sexta-feira, 16 de abril de 2010

NATURALISMO: UMA COSMOVISÃO


Queridos leitores(e leitoras, claro!), após uma semana envolvido com um módulo do Mestrado - que ocorreu no Seminário Presbiteriano do Norte em parceria com o Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), Mackenzie - estamos de volta aos trabalhos. Não houve descanso. O Prof. Fabiano Oliveira (Prof. do CPAJ) é exigente e altamente competente na exposição e transmissão da disciplina Cosmovisão Reformada, especialmente na exposição da Filosofia Reformada (Dooyeweerd, Bavinck, Kuyper, Vollenhoven etc). Não se podia perder nenhuma de sua explicações. O módulo foi muito puxado: de 8h às 17h, com uma pausa para o almoço. Se nós, alunos, ficamos cansados, o que dirá do professor que ministrou o curso. Agora é fazer as tarefas e leituras; muitas, por sinal. Porém, desde a recepção pelo SPN, até pela formação de novas amizades, o cansaço pode ser visto como uma luta que valeu a pena. O Rev. José Roberto, coordenador da pós-graduação no SPN, o Diretor Rev. Marcos André e o Capelão Rev. Stéfano Alves, deram os devidos atendimentos ao Professor Fabiano e aos Alunos, principalmente na provisão dos livros necessários e primários para o Módulo. Agredecemos, também, à Livraria Luz e Vida por providencia rapidamente a literatura precisa.
Ao Prof. Fabiano Oliveira nossos agradecimentos pelo esmero e dedicação. Deus continue a abençoá-lo.

Como estamos de volta, iniciarei com uma tradução sobre o tema do título da postagem. Será o Naturalismo uma visão coerente consigo? Será que suas bases são sustentáveis? Se aplicássemos ao Naturalismo seus pressupostos, poderia ele permanecer? O artigo mostrará que o Naturalismo é auto-contraditório. Não deixem de ler e postar seus comentários. Sejam bem-vindo de volta.
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por L. Russ Bush III (Filósofo da Religião, Apologista, Escritor, Professor e Pastor) - Southeastern Baptist Theological Seminary in Wake Forest, N.C.

A palavra “natureza” geralmente se refere ao mundo físico em sua condição normal. Se algo é “natural”, isto significa que não foi modificado pela ação humana (inteligência). Muitos de nós amamos a “natureza”, o ar puro, o mundo das florestas e rios e montanhas e prados.

No entanto, ao acrescentar o sufixo “ismo” temos um significado diferente relacionado. “Naturalismo” é a crença de que, em última análise, a natureza é tudo que existe, e que a “natureza” é essencialmente inalterada por qualquer outra coisa a não ser ela própria. Em outras palavras, a própria natureza é considerada a realidade última.

A natureza é dinâmica e ativa, mas de acordo com a cosmovisão conhecida como “naturalismo”, nada existe além da natureza que tenha influência causal ou aja sobre a natureza. Se existe ou não Deus, ele não tem influência ou ação sobre a natureza. Alguém pode sugerir ou pensar que a natureza por si mesma possa ser um ser criativo. O Naturalismo afirma que a vida na terra surgiu de substâncias naturais por seleção natural para fins naturais. Não existe realidade que possa ser adequadamente chamada de sobrenatural. Realidades espirituais, de acordo com o naturalismo, são ilusões ou, senão, são simplesmente complexos ou realidades naturais incomuns.

Desde o século dezoito, uma filosofia materialista vem ganhando influência no mundo ocidental. Anteriormente, a maioria das pessoas no Ocidente acreditava que o mundo era uma criação divina; mas o pensamento naturalista gradualmente desafiou esta visão e procurou substituí-la, primeiro com métodos naturalistas e, em seguida, com uma filosofia naturalista mais abrangente.

Antes do surgimento do naturalismo como uma cosmovisão proeminente (ou tendência abrangente), a maioria dos ocidentais cria que Deus havia criado o mundo e era responsável por sua forma e por sua existência. Entendia-se que Deus estava sustentando todas as coisas pela palavra de seu poder, pois no princípio Deus tinha criado todas as coisas. Uma vez que Deus era um ser vivo (N.T – auto-existente), era lógico esperar a vida no mundo, porque a vida vem da vida. O naturalismo do século vinte construiu-se sobre a idéia de que o universo (e todas as coisas nele, incluindo a vida em si) veio a ser o que é por causa de uma flutuação quântica natural (ou por outros meios estritamente naturais) e desenvolveu-se por processo natural desde seu estado original natural até o estado atual natural. A vida surgiu da não-vida.

O naturalismo não afirma nenhum Deus, exceto o deus do impessoal, não-vivo, não-planejado químico-fisico. Um processo natural de mudança é essencialmente aleatório e/ou não direcionado, mas os processos naturais realmente parecem “selecionar” alguns processos e atividades na direção de o “melhor” ou mais forte sobrevivam, enquanto os outros pereçam. Naturalistas crêem que este processo de “seleção” inconsciente, não-dirigida juntamente com as flutuações genéticas aleatórias (i.e, mutações) são as chaves que explicam a origem mundo dos seres vivos como nós os conhecemos hoje.

Assim, a “cosmovisão” naturalística é a crença geral de que a natureza é tudo que existe. Deus não a projetou. Inteligência foi resultado, não a causa do desenvolvimento do mundo. A natureza formou a si mesma por processos estritamente naturais. Esta afirmação tem várias implicações.

Na terra parece existir uma série de diferente personalidades conscientes. O naturalismo, por definição, diz que a personalidade surgiu (evoluiu) do não-pessoal, de que era apenas matéria e energia. Não existe nada no universo naturalístico que seja essencialmente pessoal.

Não só a personalidade tem surgido do não-pessoal, como também, supostamente, surgiu espontaneamente, sem direção ou orientação de qualquer fonte pessoal. Isto parece violar a lei natural da causa e efeito. Energia se dissipa. Complexidades mudam por simplificação. Nenhum sistema torna-se espontaneamente mais complexo, a menos que energia e ordem adicionais venham de fora do sistema. Uma “causa’"deve, ou conter o “efeito” ou, ao menos, ser suficientemente complexa para ser capaz de produzir o “efeito” menos complexo. No entanto, personalidade é muito mais complexo que a ordem físico-química naturais de coisas observadas na natureza. Como isto pode ser? O naturalista geralmente varre tais questões intelectuais para a lata de lixo. Seres pessoais estão aqui (eles, você e eu existimos), e mesmo assim, os naturalistas aceitam o fato independente da improbabilidade significante de alta complexidade e inteligência e autoconhecimento da personalidade naturalmente decorrente da realidade não-pessoal da matéria não-inteligente e não-consciente.

O mesmo acontece com a vida! Os naturalistas admitem que existe vida (geralmente eles estão vivos). Mas para manter seu naturalismo, eles argumentam que a natureza espontaneamente e sem sentido ou causa externa produziu vida a partir da não-vida. A falta de prova e a alta improbabilidade deste tipo de evento não dissuadem estes pensadores, porque (eles dizem) isto aconteceu apenas uma vez. Na verdade, a semelhança genética de todas as formas de vida conduz o naturalista a presumir que toda vida deve ter vindo de uma simples célula ou conjunto de processos químicos que se aproximassem um trabalho de uma célula. Esta simples célula deve ter, aleatoriamente (e sem orientação e programação) iniciado o uso de energia ordenada e um processo de replicação ao longo dos anos. A atividade de alterações química e física, supostamente levou a um arranjo mais complexo que, em seguida, transformou e começou a usar energia e replicar-se em novas formas. Com o tempo, todas as coisas vivas supostamente surgiram daquele simples e aleatório conjunto de substâncias químicas, com cada vez mais decorrentes de processos complexos e aleatório e sem um planejamento inteligente.

Isto também significa que em algum estágio de desenvolvimento, os estados mentais surgiram a partir de precursores absolutamente não-racionais. O pensamento racional foi e é, para o naturalista, simplesmente um complexo de interações químicas naturais. A razão nunca foi planejada por um processo natural e não-inteligente, pois intencionalidade é uma característica racional. Assim, intenção ou propósito não poderia existir até que a razão passasse a existir, mas o naturalismo nega que a razão existiu no começo. A razão evolui apenas no final do processo. Antes do aparecimento da razão, aquilo só poderia ser caracterizado por não-razão.

Isto nos leva, finalmente, a uma compreensão importante. A própria razão, na cosmovisão naturalista, não é nada mais do que resultado natural e aleatório de uma mudança aleatoriamente particular pouco original da matéria. A razão não é realmente um processo avaliativo independente que possa criticar a si mesma. A razão é apenas o que a química permite através da auto-configuração e auto-organização, e a formação da lógica, racionalidade e linguagem gramatical é simplesmente uma mudança resultado de um processo não-planejado que não tem relação necessária com a verdade ou o significado. Toda verdade seria meramente uma qualificação pragmática de um conjunto de ideias. Nenhuam verdade intrínseca existe, e, ainda assim, o naturalista afirma que o próprio naturalismo é verdadeiro. Mas como poderia escapar da afirmação de que a conclusão é inevitavelmente cética? Nada pode ser conhecido pela certeza de ser objetivamente verdadeira, pois não existe nenhuma norma a não ser o padrão químico que esteja ocorrendo em alguém naquele momento. Por que a razão seria confiável? Como o naturalista poderia conhecer a verdade? A resposta é: ele não pode.

Assim, o naturalismo falha por não ser capaz de sustentar sua pretensão de verdade. Na verdade, todo conhecimento torna-se temporariamente simples comportamento químico no cérebro, que é um produto de processos químico sem significado e aleatório. Você e eu não somos nada mais do que dois conjuntos de processos temporariamente químicos na atual configuração. Nada pode ser verdade, no sentido tradicional, pois não existe padrão objetivo. A mente humana é apenas um efeito temporário de um conjunto de processos químicos e, portanto, não é uma verdadeira observadora da realidade de fato.

O naturalismo afirma ser a melhor e mais científica maneira de encontrar a verdade, mas é um caso extremo de raciocínio circular que esqueceu suas raízes objetivas no conhecimento do mundo que está na revelação divina (“No Princípio Deus criou os céus e a terra”). Apenas no Teísmo temos uma causa pessoal, viva e inteligente. Apenas o Teísmo tem uma explicação suficiente da vida no mundo. Deus é um Ser Necessário, mas é exatamente isto que o naturalismo nega. Portanto, [no naturalismo], a razão está perdida; a verdade está perdida; o conhecimento está perdido; o significado está perdido.

O naturalismo nega seu próprio sucesso.

Leitura Recomendada
L. Russ Bush, The Advancement: Keeping the Faith in an Evolutionary Age. Nashville: Broadman & Holman, 2003.

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