sexta-feira, 6 de novembro de 2009

QUEM É REALMENTE REFORMADO? RELEMBRANDO CONCEITOS BÁSICOS DA FÉ REFORMADA


RESUMO
O objetivo deste artigo é oferecer uma visão panorâmica da fé reformada
na busca de uma identificação mais precisa dessa tradição. Ainda que alguns
tópicos aqui discutidos mereçam análises particulares, o propósito deste estudo
é estabelecer o mapa geral para que se encontre mais facilmente o ponto específico
a ser cuidadosamente investigado. Desta forma, busca-se corrigir algumas
concepções genéricas e distorcidas sobre o tema. O artigo está dividido em
três secções básicas. Primeiramente, são analisados os aspectos históricos; em
seguida, os princípios doutrinários e, por último, a perspectiva cultural da fé reformada. Ainda que limitados, esses tópicos parecem oferecer uma estrutura
básica do sistema em questão.

INTRODUÇÃO
A conhecida revista americana Christianity Today trouxe, como artigo
de capa em sua edição de Setembro de 2006, uma reportagem sobre o ressurgimento
do interesse pela teologia reformada nos Estados Unidos.1 Segundo o
articulista, esse fenómeno tem atingido especialmente os jovens que “rejeitam
o evangelicalismo genérico e propagam os benefícios de um conhecimento
mais profundo da doutrina bíblica”.2 Para surpresa de muitos, esse interesse
da juventude pelo Calvinismo é maior do que pelo Movimento da Igreja Emergente (cuja proposta dirige-se especialmente à sua faixa etária). É verdade
( .sobre este assunto da igreja emergente Clique aqui para abrir o PDF. )
que a “‘conversação emergente’ recebe muita atenção da mídia, mas o novo
movimento reformado parece ser um fenómeno mais abrangente e profundo”.3

O fato é que, devido a esse recente acontecimento, alguns pastores têm mudado
de opinião no que diz respeito ao trabalho com a mocidade. Segundo Joshua
Harris, “a expectativa de muitos é que o adolescente não consegue digerir verdades
doutrinárias ou que elas são repulsivas para eles, mas a experiência tem
provado exatamente o contrário”.4 Esses fatores certamente poderão produzir
uma mudança dramática de paradigmas quanto ao ministério com jovens. Somente
o tempo revelará o que este novo apelo da fé reformada poderá causar
nas igrejas e na cultura

Notícias de outros países confirmam a redescoberta da fé reformada
também por outros povos. Na Escócia, as Conferências Reformadas Lambert
continuam atraindo considerável número de participantes.5 Na Albânia,
alguns protestantes alimentam esperanças de que a literatura reformada seja
instrumental na correção da confusão religiosa que assola o país.6 Em Zâmbia,
cresce o número de participantes de uma fraternidade que comunga convicções
doutrinárias reformadas, celebra conferências anuais e edita trimestralmente um
periódico próprio.7 Há que se lembrar ainda do crescente impacto da teologia
reformada na Coréia do Sul e no Japão. Tudo isso aponta para um notável
progresso da teologia reformada ao redor do mundo.

No Brasil, há poucos anos o termo “reformado” poderia ser confundido
com a aposentadoria de militares ou com o processo de restauração de algum
imóvel. Uma igreja reformada era apenas uma igreja na qual haviam sido feitas
obras de melhoramento estético. Hoje, todavia, há uma crescente quantidade
de pessoas familiarizadas com o termo, e muitas delas identificam-se com a
teologia que ele representa. Parte dessa mudança deve-se ao crescente número
de publicações reformadas, traduzidas ou produzidas originalmente em português.
Algumas denominações históricas redescobriram, já há décadas, o valor
de seus documentos confessionais e os vêm enfatizando em seus seminários
e cursos de pós-graduação. Há que se considerar ainda as contribuições das

conferências de conteúdo reformado realizadas em diversas partes do país, bem
como os esforços de algumas instituições de ensino que possuem tal orientação
teológica. O fato é que a palavra “reformado” já não causa mais estranheza
aos ouvidos do mundo evangélico; ela “realmente se tornou popular”.8 Mas
não se pode afirmar que todos os que a usam compreendem realmente o seu
significado. Nem todos aqueles que se apresentam como reformados aderem
aos pontos essenciais da fé reformada, quer por ignorância, quer por sutileza
política.9
Familiaridade nunca foi sinônimo de profundidade e, portanto, é possível
que muitos que se identificam com o conceito reformado ainda careçam de
uma compreensão mais profunda e abrangente daquilo que ele representa. Isto
foi especialmente indicado por Richard D. Phillips em uma palestra na Conferência
de Teologia Reformada, em Filadélfia, em 2004. Segundo Phillips, no
processo de uso excessivo da palavra reformado, “o termo começou a receber
uma definição tão ampla que o seu sentido ficou diluído”.10 Além do mais, o
número de variações existentes sobre diferentes assuntos na tradição reformada
contribui para que haja sérias confusões a esse respeito. Por exemplo,
muitos que seriam mais bem identificados como hipercalvinistas, teonomistas,
tradicionalistas, neo-ortodoxos ou até antinomistas, ecumênicos e partidários
do liberalismo teológico alemão do século 19, poderão identificar-se como
reformados e se ressentirão se alguém disser o contrário.11 Nunca será fácil
determinar quem é de fato reformado e quem não é. Por essa razão, há que se
considerar que muitos dos que se professam reformados na verdade apenas
redefinem o termo de acordo com a sua conveniência pessoal.
O objetivo deste artigo é oferecer uma visão panorâmica da fé reformada
na busca de uma identificação mais precisa.12 Ele não tem o propósito de
apresentar um compêndio sistemático, com elaborações e discussões sobre
pontos específicos, mas expor as principais características do Calvinismo e

leia texto inteiro Clique aqui para abrir o PDF
* Valdeci da Silva Santos* O autor é ministro presbiteriano, pastor da Igreja Evangélica Suíça de São Paulo e professor de teologia pastoral e sistemática no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper

Miguel silva

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