segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um convite a honestidade intelectual no debate sobre homossexual(ismo)(idade)



Talvez uma das temáticas mais discutidas no Brasil atualmente é o comportamento homossexual. E como não poderia deixar de ser para uma temática que cai no senso comum, tem sido grandiosamente mal compreendida ou discutida de maneira desonesta e recheada de falsos conceitos. De um lado temos os grupos homossexuais[1] defensores de todo o tipo de liberdade sexual, e que desejam, mais do que respeito ou liberdade para seu comportamento sexual, problematizar a heteronormatividade e a heterossexualidade.[2]
Por outro lado, alguns líderes evangélicos esbravejam ignorância sobre o tema, pois insistem em afirmar que ser homossexual é uma escolha, que a diferença entre raça, cor ou idade com homossexualismo é porque nos anteriores não há opção, enquanto que ser homossexual é uma opção. Coisa, inclusive, que foi reproduzida pela nossa presidente.[3]
A finalidade deste post não é dar respostas Bíblicas a questão homossexual, nem elencar uma infinidade de textos que chamam essa prática de pecado, nem também dar respostas a como alguém pode abandonar esse pecado, alguns post meus já trataram sobre isso[4]. A finalidade é desafiar para que essa temática seja tratada com mais honestidade e menos raiva. A primeira coisa que preciso fazer é explicar o título do post e o porquê do “ismo” e da “idade”. Isso pode ser respondido ao retornarmos a origem da palavra e ver porque o movimento gay insiste tanto no termo homossexualidade.
Karoly Maria Benkert
A palavra homossexual foi usada pela primeira vez por Karoly Maria Benkert, jornalista austro-hungáro, que dedicou boa parte de sua vida pela defesa dos direitos gays[5]. Tanto o sufixo “ismo” como o sufixo “idade” são designados para substantivos abstratos tendo a sua diferença na origem da língua, o primeiro é grego (ismo) e o segundo latim (itas; itatis). Mas por que eu acredito que o termo “ismo” deva prevalecer? Acredito que é comum em nossa língua o uso de “ismo” para falar de substantivos de alguma escola filosófica ou alguma visão sobre algum aspecto da vida.[6] E por conta da palavra “identidade” ter o sufixo “idade” ficaria estranho o uso de homossexualidade, já que isso não é uma identidade sexual, mas sim uma conduta sexual. A identidade sexual se estabelece nos ditames naturais, vistos em toda criação divina. Em Gênesis, quando Deus cria os animais, os constitui entre machos e fêmeas, não havendo assim, outra identificação sexual. Da mesma forma, o homem é criado como macho e fêmea, não havendo, portanto, alguma identidade híbrida ou neutra. Dessarte, que o comportamento homoafetivo não modifica a identidade sexual do homem, somente faz uso redirecionado da estrutura de individualidade da criação.[7]
Justificado o título, podemos nos aprofundar naquilo que é dito pelos grupos homossexuais. É normal que se encontre em algum desses grupos com o seguinte argumento: “Nós nascemos gays, isso veio da minha própria natureza, como posso ter culpa disso? Ou tentar mudar como eu nasci?” Os mais “cristãos” diriam: “Deus me criou assim, se alguém tem culpa é ele, pois que não tive escolha”. Ao que parece, há algo de verdade no que é dito. É difícil pensar em alguém que um dia tenha levantado da cama e dito pra si mesmo: “Huumm, acho que vou virar gay...”. Ninguém escolhe pra si uma vida de preconceitos, de não aceitações e todos os tipos de dificuldades que um comportamento gay possa causar.[8] Mas se não é uma escolha o que seria? Estariam certos os grupos gays em afirmar que as pessoas nascem assim?[9]
Simon LeVay
Não há nenhum estudo genético que tenha achado algum gene gay, alguns estudiosos chegam a falar de diferenças físicas entre homossexuais e heterossexuais[10], o Dr. John Frame[11] comentando sobre a pesquisa de LeVay diz:
Eu não sou competente para avaliar a pesquisa de LeVay. Eu penso que nós somos sábios em suspender o juízo até que o trabalho de LeVay seja corroborado por outros que são mais objetivos na questão[12]. No entanto, nós devemos notar, como outros tem, que há um problema não respondido do tipo “ovo e galinha” aqui: Como nós sabemos que estas condições (ou talvez a largamente não explorada base física para isso) é a causa, e não o efeito, de um pensamento e comportamento homossexual?[13]
Em todo caso, mesmo que se achasse um “Gene-H” isso não significa que seria algo bom ou natural. Os cientistas já identificaram uma série de doenças[14] que são determinadas geneticamente, no entanto, ninguém diria que isso seria bom ou normal. Logo, vemos um problema lógico nos que argumentam que se algo é inato é bom. Mas, e quanto ao comportamento ser determinado, ou o poder de escolha e mudança ser tolhido por uma determinação genética? Estariam os gays desculpados do seu comportamento, e a Deus, portanto, não poderia lhes impor culpa? Esse é outro passo da discussão e acredito que seja o mais importante.
Alguns cientistas encontram certa relação genética para o alcoolismo[15], será que devemos concluir que os alcoólatras estão desculpados, ou que não se deva mais estimular o abandono desse comportamento? É claro que devemos responder com um grande NÃO. O que as descobertas fazem é dar mais armas para que possamos de modo mais eficiente e rápido solucionar diversos problemas. Não devemos acreditar que as pessoas, por terem genética que os deixem mais propensos a determinados comportamentos, não têm poder para escolher terem ou não esse comportamento. Primeiro, porque mesmo com essa construção genética as evidências não atestam 100% de pessoas alcoólatras, mas uma maior porcentagem do que seria normal. E segundo, porque mesmo essas pessoas, conseguem decidir beber ou não mediante suas próprias consciências. Não existe um fator que as obrigue a beber, apesar de tornar mais difícil abandonar o vício. De modo que fatores genéticos de forma alguma anulam as escolhas feitas. São apenas mais fatores que acrescentam influência em nossas ações. 
A necessidade de que o comportamento homossexual seja uma escolha livre é exclusiva de uma doutrina arminiana. Para um reformado[16], existe uma série de fatores que determinam e influenciam as nossas escolhas, desde a construção social, educação, ambiente, pecado, e até mesmo influência genética. Isso sem contarmos com a maior das influências, e essa sim exclusivamente determinante, que é o governo soberano de Deus sobre todas as coisas, portanto, para nós não há dificuldade em dizer que os homossexuais não tiveram escolha[17], mas são totalmente responsabilizados pelos seus atos[18].
Numa debate sincero sobre a temática, esses pontos devem ser levados em consideração. Não adianta falar sobre o tema sem antes uma devida reflexão e aprofundamento, isso só gera mais confusão e desentendimento entre as partes. Os grupos gays deveriam ser mais honestos nas suas declarações sobre seus comportamentos, e entender que há diferenças cruciais entre um comportamento, mesmo que haja influência genética, e uma raça, cor ou idade. Mas aqueles cristãos que se levantam para falar sobre o assunto devem instruir-se mais sobre isso, pois o seu dever é agir com lealdade e justiça, no amor de Deus, a fim de encontrar redenção nos corações eleitos, e culpa nos não eleitos. Não adianta tratar o assunto com superficialidade, e desonestidade, em discursos que só convencem quem já está convencido, e que não santificam a Cristo, como Senhor, em preparar-se para responder àqueles que perguntam a razão da esperança:
Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal. I Pedro 3.15-17.[19]  




[1] Por Grupos Homossexuais, ou gays, quero dizer os diversos grupos criados para defender os direitos civis gays, e promover o homossexualismo.
[7] Faço uso dos termos do Filósofo Cristão Herman Dooyeweerd, uma boa introdução ao seu pensamento antropológico pode ser encontrada no artigo do Rev. Fabiano de Almeida, talvez o maior estudioso desse filósofo no Brasil: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XIII__2008__1/Reflexoes_Criticas_sobre_Weltanschauung_-_Fabiano_de_Almeida_Oliveira.pdf
[8] William Lane Craig lista uma série de problemas adicionais num comportamento homossexual. http://www.reasonablefaith.org/site/News2?page=NewsArticle&id=8058
[9] Nem todos os grupos gays ou estudiosos gays defendem isso, o Dr. Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, em entrevista a Jô Soares parece não acreditar nisso: http://www.youtube.com/watch?v=zcNQdvjSv-k&feature=related; O Professor da UFBA sobre homoculturas, Leandro Colling diz: “Assim, em vez de pensarmos que as nossas identidades são naturais, no sentido de que nascemos com elas, iremos verificar que nenhuma identidade é natural, que todos resultamos de construções culturais”. http://www.institutoadediversidade.com.br/cultura/artigo-desnaturalizacao-da-heterossexualidade-leandro-colling/
[10] LEVAY, Simon. A difference in hypothalamic structure between heterosexual and homosexual men. Science 253: 1034–7, 1991. http://www.pchania.eu/LeVay_files/levay.pdf.
[11] John Frame é um filósofo e teólogo cristão autor de vários livros e artigos, também um dos mais conhecidos defensores da apologética pressuposicionalista.
[12] Por LeVay ser um militante gay, Frame acredita que os seus estudos podem não ser tão objetivos cientificamente.
[13] FRAME, John M. But God made me this way!Tabletalk 21:3 (Mar., 1997), 8-11. http://www.frame-poythress.org/frame_articles/1997But.htm
[14] Com isso não quero dar a entender que o homossexualismo seja uma doença, mas que comparar o fato de se for algo inato, assim mesmo, não segue-se que seja bom ou natural.
[15] DOTTO BAU, Claiton Henrique. Estado atual e perspectivas da genética e epidemiologia do alcoolismohttp://www.scielo.br/pdf/csc/v7n1/a17v07n1.pdf
[16] Refiro-me àqueles que acreditam nas doutrinas da reforma protestante sistematizadas por João Calvino.
[17] A escolha aqui falada é aquela que os arminianos defendem, uma espécie de liberdade e não influência das coisas externas sobre nossas consciências. Obviamente, todos nós temos escolhas, pode ser colocado para um urubu a escolha de comer pizza ou carniça, mas não precisamos pensar muito para saber o que ele escolherá.
[18] Para uma discussão mais detalhada sobre o assunto, indico um outro post meu neste blog: http://palpiteabsoluto.blogspot.com/2010/03/deus-e-autor-do-pecado.html
[19]Sociedade Bíblica do Brasil. (2003; 2005). Almeida Revista e Atualizada, com números de Strong (1Pe 3.15-17). Sociedade Bíblica do Brasil.

5 comentários:

  1. tenho uma pergunta aos puritanos, casamento apaga pecado?se os puritanos do passado vissem seus sucessores com certeza eles os amaldiçoariam hehe, a única coisa que os históricos oferecem a humanidade é estória e piadakkkk, pelo menos silas defende o cristianismo e vcs o que defendem?onde está o protesto de vcs contra a PLC 122? ah, esqueci, a igreja presbiteriana americana já deve está em conexão com a IPB hehe, já ordenam gays lá, e já devem ter aderido aqui também né?hehe! deixo um forte abraço ao Queiroz e ao Queiroz Filho hehe, viva ao puritanismo, hehe!!!!!!!!!!!kkkkkkkkkkk

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  3. Eu não entendi quando o anônimo se referiu ao Silas Malafaia defensor do evangelho ?
    É de surpreender, você que se acha tão esclarecido achar que Silas é um defensor da Causa do Evangelho. Sabemos que Homossexualidade agora estar em evidência e por isso o Silas estar se manifestando, graças a Deus pela posição dele em relação a tal assunto, mas acredito que sua reputação estar distante de ser a melhor, e outra, qual evangelho ele defende ?
    Não compreendo muito bem o evangelho que ele defende, afinal minhas verdades são totalmente diferentes, pode ser que pra você ele seja um ótimo apologeta, mas pra nós não passa de um de um homem com dinheiro falando o que estar em destaque na TV. Defendemos o Evangelho simples e das antigas doutrinas da Graça, isso não impede de se manifestar em relação a assuntos que hoje rodeiam nossa sociedade, mas a nossa bandeira é a Cruz de Cristo e fazer discípulos. Não me comparo com nenhum puritano, aliás não sou digno dessa honra, mas tento defender o que os reformadores defendiam com unhas e dentes. Sobre suas acusações o jugar faz parte de pessoas pouco esclarecidas e um papel comum dos fariseus e saduceus que rodeavam Cristo! Acho que sobre essas acusações não vou entrar em detalhes, porque e perda de tempo. Espero que O Espirito Santo te ilumine.

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  4. Anônimo, não há como você perguntar aos puritanos, porque todos morreram. Se você está querendo perguntar aos autores do Blog, a resposta é que o texto nem está falando de casamento, eu realmente não sei de onde você tirou isso. Silas não defende o cristianismo, defende o bolso dele, pra que fique mais cheio. No que se refere a ordenação de gays nos EUA isso refere-se a uma pequena denominação que já há muito não é presbiteriana.

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  5. Oi, sou gay e achei esse texto por acaso. Devo dizer que foi a coisa mais sensanta que já li, dentre o protestantismo. Ainda bem que há evangélicos que se propoem a pensar e debater e não espernear e gritar como o Malafaia. Obviamente que tenho uma visão distinta da "pecaminosidade" da homossexulididade, mas ai esbarramos em diferentes interpretações de dogmas bíblicos, já é pano pra outro discussão. =) Parabéns pelo texto.

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