sábado, 3 de abril de 2010

O CASO DO TúMULO VAZIO

Uma análise das diversas teorias contra a Ressurreição.

Um estudante, na Universidade do Uruguai, perguntou‑me:"Professor McDoweli, porque é que não pode negar o Cristianismo?. Eu ‑respondi: “Por uma simples razão: não sou capaz de negar um facto da história—a ressurreição de Jesus Cristo”.Depois de estudar durante mais de 700 horas este assunto e investigar a fundo as suas bases, chequei à conclusão de que a ressurreição é uma das mais maldosas, cruéis e desumanas burlas jamais introduzidas na mente do Homem, ou, então, é o mais fantástico facto da História.

O problema da ressurreição, levanta a pergunta:

"Será o cristianismo válido? Esta pergunta ultrapassa o campo da filosofia e, forçosamente, torna‑se um problema histórico. Terá o Cristianismo uma base histórica aceitável? Há evidência suficiente para garantir a fé na ressurreição?Alguns dos factos relevantes à ressurreição, são os seguintes: Jesus de Nazaré, um profeta judeu que proclamou ser o Cristo profetizado nas Escrituras Judaicas, foi preso, julgado como um criminoso político, e crucificado. Três dias depois da sua morte e enterro, algumas mulheres que foram ao seu túmulo, descobriram que o corpo tinha desaparecido. Os seus discípulos afirmaram que Deus o tinha ressuscitado dos mortos e que lhes tinha aparecido várias vezes antes de ascender para os Céus.Nesta base, o Cristianismo espalhou‑se por todo o Império Romano, e tem continuado a exercer uma grande influência através dos séculos.Houve realmente ressurreição? Estava, na verdade, o túmulo de Jesus vazio? A controvérsia sobre estes problemas continua acesa nos nossos dias.

TESTEMUNHAS OCULARES.

Os testemunhos da ressurreição no Novo Testamento circularam enquanto vivas as pessoas que estavam presentes na ressurreição. Estas pessoas podiam confirmar ou negar a veracidade dessas narrações.Aqueles que escreveram os 4 Evangelhos, foram testemunhas pessoais dos factos ocorridos ou relataram as narrações de testemunhas oculares.Ao advogarem o caso para o Evangelho, os apóstolos apelavam (mesmo quando enfrentavam os seus adversários mais severos) para o conhecimento corrente da ressurreição.F. F. Bruce, professor de crítica bíblica e exegese na Universidade de Manchester, diz, quanto ao valor dos registos no Novo Testamento como informação de primeira mão:"Se tivesse havido alguma tendência para se afastar dos factos, a possível presença de testemunhas hostis na audiência teria servido como forte correcção".

A EVIDÊNCIA DOS DADOS

Devido ao Novo Testamento nos fornecer dados históricos de primeira mão para esclarecimento da ressurreicão, muitos críticos do séc. XIX, puseram em dúvida a veracidade destes documentos.F. C. Bauer afirmou que as Escrituras do Novo Testamento não tinham sido escritas antes dos fins do II séc. D. C. Ele conclui que estes manuscritos formaram‑se basicamente de mitos e lendas, que se desenvolveram durante o grande intervalo entre o tempo de vida de Jesus e o tempo em que estes relatos foram transmitidos para o papel.

O ENTERRO DE JESUS.

As testemunhas do Novo Testamento, sabiam bem as circunstâncias da ressurreição. O corpo de Jesus, de acordo com o costume Judeu, foi envolvido num lençol de linho. Cerca de 40 kg de 6 estâncias aromáticas, misturadas para formar uma substância gumosa, foram aplicados nas faixas de pano envolvidas à volta do corpo.Depois do corpo ser colocado num túmulo sólido na rocha, uma enorme pedra foi rolada contra a entrada do túmulo. Geralmente, estas pedras eram roladas por meio de alavancas para tapar os túmulos, e pesavam à volta de 2 toneladas.Uma guarda romana, composta por homens de guerra rigidamente disciplinados, foi colocada a guardar o túmulo. O medo de punição produzia atenção máxima em serviço, especialmente nas vigias da noite.Esta guarda afixou, no túmulo, o selo romano que era o símbolo do seu poder e autoridade.Este selo tinha em vista evitar qualquer tentativa de violação do sepulcro. Uma tentativa de remoção da pedra quebraria o selo, e provocaria o castigo da lei romana.

O TÚMULO VAZIO

Mas, o túmulo estava vazio. Os seguidores de Jesus disseram que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Informaram que Ele lhes tinha aparecido durante um período de 40 dias, apresentando‑se claramente através de muitas "provas infalíveis”. Paulo , o apóstolo, conta que Jesus apareceu uma vez a mais de 500 dos seus seguidores e a maior parte deles ainda se encontravam vivos e podiam confirmar o que Paulo escreveu.O túmulo vazio era "demasiadamente notório para ser negado". Paul Aithus, afirma que a ressurreição "não se podia ter aguentado por um único dia, uma única hora, se o facto do túmulo estar vazio, não tivesse sido confirmado por todos”.Como é que podemos explicar o caso do túmulo vazio? Poderá ser explicado por uma causa natural?Os cristãos crêm, baseados em abundantes evidências históricas, que Jesus ressuscitou corporalmente no tempo e no espaço, pelo poder sobrenatural de Deus. As dificuldades da fé podem ser grandes mas, os problemas inerentes à descrença apresentam ainda maiores dificuldades.As teorias desenvolvidas para explicar a ressurreição através de causas naturais, são bastante fracas; na verdade, servem para aumentar a confiança na veracidade da ressurreição.

O Túmulo ERRADO?

Uma teoria proposta por Kirsopp Lake, afirma que as mulheres que anunciaram que o corpo tinha desaparecido, se enganaram e foram ao túmulo errado. Se fosse assim, então, os discípulos que foram verificar se o corpo tinha ou não desaparecido, também se enganaram e foram ao túmulo errado.Além disso, podemos ter a certeza de que as autoridades judaicas, que pediram uma guarda romana colocada junto do túmulo com o fim de impedir que o corpo fosse roubado, não se teriam enganado na sua localização, nem os guardas romanos, pois eles estavam lá!Se este fosse o caso, as autoridades não teriam perdido tempo e teriam ido buscar o corpo ao túmulo certo, terminando para sempre qualquer rumor sobre a ressurreição.Outra teoria afirma que as aparições de Jesus depois da ressurreição foram simples ilusões ou alucinações. Esta não é apoiada pelos princípios psicológicos que determinam as aparições e alucinações; esta teoria também não coincide com a situação histórica. Aliás, onde é que estava o corpo, e porque é que não foi apresentado?

TEORIA DA MORTE APARENTE.

Divulgada por Venturini há vários séculos e bastante mencionada nos dias de hoje, esta teoria diz que Jesus, na realidade, não morreu; ele simplesmente desmaiou devido ao cansaço e à perda de sangue. Todos julgavam que Ele estava morto e, quando se reanimou, os discípulos pensaram que tinha ressusitado.O céptico David Friedrich Strauss ‑não crendo ele próprio na ressurreição‑eliminou qualquer pensamento de que Jesus se tenha reanimado de uma morte aparente:“É impossível que um ser humano, roubado meio morto de um sepulcro, que se arrastava fraco e doente, necessitado de tratamento médico, de ligaduras, apoio, ajuda, e que por fim cedeu aos seus sofrimentos, pudesse ter dado aos seus discípulos a impressão de que era um Conquistador sobre a morte, o Príncipe da vida; impressão que permanece na base do seu futuro ministério. Tal reanimação, só poderia ter enfraquecido a impressão que Ele lhes tinha provocado tanto em vida, como na morte. No máximo, só lhes poderia ter dado uma voz saudosa, mas não poderia ter transformado a sua tristeza em entusiasmo, nem a sua reverência em adoração”.

FOI O CORPO ROUBADO?

Agora, considerem a teoria de que o corpo foi roubado pelos discípulos, enquanto que os guardas dormiam. A depressão e covardia dos discípulos fornece um forte argumento contra a súbita bravura e ousadia em enfrentar um destacamento de soldados e roubar o corpo. Eles não estavam em condições para tentar qualquer coisa deste género.J. N. D. Anderson tem sido o Deão da Faculdade de Direito da Universidade de Londres, presidente do Departamento de Direito Oriental na Escola de Estudos Orientais e Africanos e director do Instituto dos Estudos Legais Avançados, na Universidade de Londres. comentando, a propósito dos discípulos terem roubado o corpo de Cristo, ele afirma:“Isto iria totalmente contra tudo aquilo que sabemos sobre eles; os seus ensinamentos éticos, a qualidade das suas vidas, sua atitude perante o sofrimento e a perseguição. Nem isto explicaria a dramática transformação de desprezados e desanimados fugitivos em testemunhas a quem nenhuma oposição podia calar”.A teoria de que as autoridades judaicas ou romanas tivessem retirado o corpo de Cristo, não tem mais lógica para explicar o túmulo vazio do que a anterior. Se as autoridades tinham o corpo na sua posse, ou sabiam onde é que ele estava, porque é que, quando os discípulos proclamavam a ressurreição em Jerusalém, não bradaram: "Esperem! Nós tiramos o corpo‑Cristo não ressuscitou dos mortos!E se esta correcção falhasse, porque é que eles não explicaram exactamente onde o corpo estava e, se isto não fosse suficiente, porque não tomaram o corpo, colocando‑o numa carruagem e o mostraram pelo centro da cidade de Jerusalém? Uma acção como esta teria destruído o Cristianismo mesmo na sua base!

O Dr. John Warwick Montgomery explica:

"Ultrapassa toda a credibilidade que os Cristãos primitivos tivessem inventado toda esta história para depois contá‑la entre aqueles que poderiam destruí‑ia facilmente, apresentando o corpo de Jesus”.

AS EVIDÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO

Brooke Foss Westcott (1825‑1901), pensador inglês, disse: “Juntando toda a evidência, não é demais dizer que não há facto histórico melhor e mais extensamente apoiado do que a Ressurreição de Cristo. Nada, a não ser uma pressuposição de que a Ressurreição tem de ser falsa, podia ter sugerido a ideia de deficiência na sua comprovação".

O Dr. Paul L. Maier professor de História Antiga na Universidade de Western Michigan, conclui: "Se toda a evidência é verificada cuidadosamente e com justiça, é realmente justificável, de acordo com os padrões da pesquisa histórica, concluir que o túmulo no qual Jesus foi sepultado estava realmente vazio na manhã da primeira Páscoa. E nenhum sinal de evidência apareceu ainda, nas fontes literárias, epigrafia ou arqueologia, que pudesse negar esta afirmação".

VIDAS MUDADAS

Mas, o maior testemunho de todos, é a vida daqueles Cristãos primitivos. Nós devemos perguntar‑nos: o que é que os levou a ir a toda a parte para anunciar a mensagem da ressurreição de Cristo?Se tivesse havido alguns benefícios visíveis, que os recompensasse dos seus esforços, tais como prestígio, riqueza, subida de posição social ou benefícios materiais‑nós poderíamos logicamente tentar explicar as suas acções, e a sua entusiástica e total consagração a esse ”Cristo ressuscitado".Como recompensa dos seus esforços, contudo, estes cristãos foram espancados, apedrejados torturados, crucificados, todos os métodos possíveis foram usados para impedir estes homens de falar.No entanto, eles eram uns homens pacíficos, nunca impunham pela força as suas crenças a ninaté à morte, atirados aos leões, guém. Mas, deram as suas vidas como prova máxima da sua inteira confiança na verdade da sua mensagem.Um crente em Jesus Cristo pode ter, nos dias de hoje, inteira confiança como estes primeiros Cristãos tiveram, pois a sua fé é baseada, não em mitos ou lendas, mas sim no sólido facto histórico da ressurreicão, e do túmulo vazio.Ainda o mais importante, é que cada crente pode experimentar hoje o poder de Cristo ressuscitado na sua vida. Primeiro que tudo, pode saber que os seus pecados estão perdoados. Segundo, ele pode estar certo da vida eterna e da sua própria ressurreição dos mortos. Terceiro, ele pode ser libertado de uma vida vazia e sem significado, e ser transformado numa nova criatura em Jesus Cristo.

texto do Livro (As Evidências da Ressurreição de Cristo)Autor Josh McDowell

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postado por: miguel silva

Pecado (Parte II)

Falamos a respeito da aliança de Deus com o homem, e como Jesus cumpriu e como entramos nesta aliança. Porém, como é da natureza caída do homem, estragamos as coisas com os nossos pecados. Vimos que mesmo com as nossas tentativas de perturbar o Shalom, nossa aliança com Deus é inquebrável, porque ela não diz respeito ao que nós fazemos, mas o que Deus fez. Vamos, então, continuar nossa definição de pecado. Quando a Aliança foi estabelecida com o povo de Israel, a lei foi dada para formalizar esta Aliança. A lei expressava o desejo de Deus para o homem, aquilo que deveria ser feito pelo homem, para viver em unidade com Deus. Por isto, todo pecado é direcionado, primeiro e finalmente, contra Deus. E assim: “Pecado é qualquer ato – qualquer pensamento, desejo, emoção, palavra ou feito – ou sua omissão, que desagrada a Deus e merece ser denunciado.”[1]
Precisamos fazer algumas dentições sobre a lei dada a Moisés. Até agora havíamos chamado de lei tudo que se referia aos mandamentos de Deus no monte Horebe e repetidos por Moisés em Deuteronômio. Porém, algumas coisas precisam ser separadas, a primeira é que nem tudo o que está estabelecido para o povo de Israel é para nós lei e nos é mandado para obedecer. Mas por quê? A Confissão de Fé de Westminster faz uma distinção muito boa neste aspecto:
Essa lei, depois da queda do homem, continuou a ser uma perfeita regra de justiça. Como tal, foi por Deus entregue no monte Sinai em dez mandamentos e escrita em duas tábuas; os primeiros quatro mandamentos ensinam os nossos deveres para com Deus e os outros seis os nossos deveres para com o homem. Além dessa lei, geralmente chamada lei moral, foi Deus servido dar ao seu povo de Israel, considerado uma igreja sob a sua tutela, leis cerimoniais que contêm diversas ordenanças típicas. Essas leis, que em parte se referem ao culto e prefiguram Cristo, as suas graças, os seus atos, os seus sofrimentos e os seus benefícios, e em parte representam várias instruções de deveres morais, estão todas ab-rogadas sob o Novo Testamento. A esse mesmo povo, considerado como um corpo político, Deus deu leis civis que terminaram com aquela nacionalidade, e que agora não obrigam além do que exige a sua eqüidade geral. [2]
 Três tipos de lei foram estabelecidos em Moisés, e cada uma delas com sua respectiva motivação e princípio. As leis chamadas cerimônias tinham o objetivo de apontar o meio de salvação da humanidade.
Hebreus 10:1-4 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem. Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados? Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.
Estas leis prefiguravam o verdadeiro sacrifício, que foi o de Cristo, posto que este foi feito de uma vez por todas, para a salvação dos seus. Tendo uma vez feito, não mais há obrigação de se fazer tais sacrifícios, já que aquilo que prefiguravam aconteceu.
As chamadas leis civis tinham a intenção de formar o estado de Israel, a teocracia, que tinha por governador o próprio Deus. Dizem respeito unicamente a nação de Israel, e portanto, são específicas para o que acontecia com aquele povo. Porém, tais leis têm sua aplicabilidade por meio dos seus princípios, principalmente o de equidade.
Por fim, as leis morais que estão resumidas nos dez mandamentos resumem tudo aquilo que Deus deseja do homem: Relacionamento com Ele e com o próximo. Esta lei, portanto, é mandamento irrevogável e nos serve de ordenança ainda hoje. Contra estas ordenanças se desenvolve todo o pecado, esta lei que está cravada nos nossos corações[3] é deliberadamente desobedecida pelo homem. Por isto, “a disposição para cometer pecados também desagrada a Deus e merece julgamento”[4]. Portanto, tanto o ato quanto a disposição são pecados diante de Deus. É isto que nos fala Paulo em Romanos 1. 28-32:
E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.   
Enquanto morto em seus delitos e pecados, o homem permanece bem vivo para praticar e desejar o mal. A sua disposição é maligna: o homem acorda cheio de vontade de pecar. Nega o conhecimento de Deus, troca a verdade de Deus em mentira, nega-se a dar glória devia ao Deus poderoso, e dá glória a homens e outras criaturas, e assim, torna cada vez mais sua mente reprovável. Os homens buscam respostas pra suas dúvidas, para seus anseios, o seu sentido da vida, nas coisas terrenas: na Ciência, onde confia cegamente em tudo que vem dos seus sentidos enganosos. No Sexo, em busca de satisfazer uma necessidade insaciável, numa desenfreada procura pro prazer. Na sua Própria glória, por não dar glória a Deus, procura alguém pra poder glorificar, e quando não acha em si mesmo motivos suficientes pra glorificar-se, glorifica o outro, por meio de uma idolatria, que pode ser manifestada tanto por invejas, como por uma auto-negação para reconhecimento do outro. Na realidade, este ponto, tem várias facetas. O homem é, desde que nasce, egoísta, e por isto, busca a sua glória, que é manifestada de várias maneiras. O reconhecimento do outro, a inveja, a soberba, a humilhação feita a alguém. E mais um monte de coisas que a disposição do homem lhe permitir. Todos os pecados nascem desta disposição do homem egoísta, que é a cobiça, ou concupiscência da carne, esta vaidade, em fazer tudo aquilo que é pedido pela carne. E concluímos, dizendo que “pecado é uma afronta pessoal e culpável ao Deus pessoal.”[5]  


[1] PLANTINGA, Cornelius, Jr. Não era para ser assim: Um resumo da dinâmica e natureza do pecado. Trad: Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 1998. Pág. 26.
[2] Confissão de Fé de Westminster Cap. XIX.II-IV.
[3] Romanos 2:15-16 Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho. testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se,  16 no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho.(grifo nosso).
[4] PLANTINGA, Cornelius, Jr. Não era para ser assim: Um resumo da dinâmica e natureza do pecado. Trad: Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 1998. Pág. 27.
[5] Ibid.

terça-feira, 30 de março de 2010

Apelo de Márcia Suzuki - INFANTICÍDIO INDÍGENA

Queridos parceiros,


Estamos precisando da sua voz!


Uma antropóloga da UNB deve estar entregando para a UNICEF, nos próximos dias um relatório sobre o infanticídio indígena no Brasil. Esta antropóloga é uma das maiores defensoras da "interdição" de vidas de crianças que não se adequam socialmente. Ela alega que matar uma criança nestas condições não envolveria morte. Além disso ela minimiza o problema, dizendo que os casos de "interdição" são raríssimos. As organizações indígenas envolvidas com a defesa da vida de suas crianças sabem que isso não é verdade e estão indignadas com o que está sendo dito por aí.


Escrevi o artigo abaixo com o objetivo de apoiar a manifestação dos indígenas. No artigo discuto o absurdo da "teoria do homicídio sem morte" e questiono escolha desta antropóloga pela UNICEF. O artigo tem só duas páginas, está copiado no corpo do texto abaixo e também está no anexo.

Peço que vocês nos ajudem a divulgar este material. Precisamos dar bastante destaque a este assunto nos próximos dias. Precisamos encontrar um jeito de questionar esse relatório e cobrar da UNICEF que ouça os indígenas que estão envolvido na questão. Então, se você puder nos ajudar nisso, nós agradecemos. Sei que há algumas organizações indígenas se mobilizando para fazer uma manifestação em Brasília, mas ainda não sei quando vai ser isso.

Vamos abrir nossa boca e nos manifestar em apoio aos nossos irmãos indígenas que estão lutando para garantir uma chance para suas crianças. Muito obrigada por emprestar sua voz àqueles cujas vozes ainda são abafadas.


Márcia


Data da impressão: 25 de março de 2010

Reprodução permitida. Mencione a fonte.
www.ultimato.com.br

24 de março de 2010 | Visualizações: 105 |

A estranha teoria do homicídio sem morte
Marcia Suzuki

Alguns antropólogos e missionários brasileiros estão defendendo o indefensável. Por meio de trabalhos acadêmicos revestidos em roupagem de tolerância cultural, eles estão tentando disseminar uma teoria no mínimo racista. A teoria de que para certas sociedades humanas certas crianças não precisariam ser enxergadas como seres humanos. Nestas sociedades, matar essas crianças não envolveria morte, apenas “interdição” de um processo de construção de um ser humano. Mesmo que essa criança já tenha 2, 5 ou 10 anos de idade.

Deixe-me explicar melhor. Em qualquer sociedade, a criança precisa passar por certos rituais de socialização. Em muitos lugares do Brasil, a criança é considerada pagã se não passar pelo batismo. Ela precisa passar por esse ritual religioso para ser promovida a “gente” e ter acesso à vida eterna. Mais tarde, a criança terá que passar por outro ritual, que comemora o fato dela ter sobrevivido ao período mais vulnerável, que é o primeiro ano de vida. A festa de um aninho é um ritual muito importante na socialização da criança. Alguns anos mais tarde ela vai frequentar a escola e passará pelo difícil processo de alfabetização. A primeira festinha de formatura, a da classe de alfabetização, é uma celebração da construção dessa pessoinha na sociedade. Nestas sociedades, só a pessoa alfabetizada pode ter esperança de vir a ser funcional. E assim vai. Ela vai passar por um longo processo de “pessoalização”, até se tornar uma pessoa plena em sua sociedade.

Esse processo de socialização é normal e acontece em qualquer sociedade humana. As sociedades diferem apenas na definição dos estágios e na forma como a passagem de um estágio para outro é ritualizada.

Pois é. Esses antropólogos e missionários estão defendendo a teoria de que, para algumas sociedades, o “ser ainda em construção” poderá ser morto e o fato não deve ser percebido como morte. Repetindo: caso a “coisa” venha a ser assassinada nesse período, o processo não envolverá morte. Não é possível se matar uma coisa que não é gente. Para esses estudiosos, enterrar viva uma criança que ainda não esteja completamente socializada não envolveria morte.

Esse relativismo é racista por não se aplicar universalmente. Tais estudiosos não aplicam esta equação às crianças deles. Ou seja, aquelas nascidas nas grandes cidades, mas que não foram plenamente socializadas (como crianças de rua, bastardas ou deficientes mentais). Essa equação racista só se aplicaria àquelas crianças nascidas na floresta, filhas de pais e mães indígenas. Racismo revestido com um verniz de correção política e tolerância cultural.

Tristemente, o maior defensor desta hipótese é um líder católico, um missionário. Segundo ele "o infanticídio, para nós, é crime se houver morte. O aborto, talvez, seja mais próximo dessa prática dos índios, já que esta não mata um ser humano, e sim interdita a constituição do ser humano".1

Uma antropóloga da UNB concorda: "Uma criança indígena quando nasce não é uma pessoa. Ela passará por um longo processo de pessoalização para que adquira um nome e, assim, o status de 'pessoa'. Portanto, os raríssimos casos de neonatos que não são inseridos na vida social da comunidade não podem ser descritos e tratados como uma morte, pois não é. Infanticídio, então, nunca".2

Mais triste ainda é que esta antropóloga alega ser consultora da UNICEF, tendo sido escolhida para elaborar um relatório sobre a questão do infanticídio nas comunidades indígenas brasileiras.3 Como é que a UNICEF, que tem a tarefa defender os direitos universais das crianças, e que reconhece a vulnerabilidade das crianças indígenas4, escolheria uma antropóloga com esse perfil para fazer o relatório? Acredito que eles não saibam que sua consultora defende o direito de algumas sociedades humanas de “interditar” crianças ainda não plenamente socializadas.5

O papel da UNICEF deveria ser o de ouvir o grito de socorro dos inúmeros pais e mães indígenas dissidentes, grito este já fartamente documentado pelas próprias organizações indígenas e ONG’s indigenistas.6


A UNICEF deveria ouvir a voz de homens como Tabata Kuikuro, o cacique indígena xinguano que preferiu abandonar a vida na tribo do que permitir a morte de seus filhos. Segurando seus gêmeos sobreviventes no colo, em um lugar seguro longe da aldeia, ele comenta emocionado: “Olha prá eles, eles são gente, não são bicho, são meus filhos. Como é que eu poderia deixar matar?”.7

Para esses indígenas, criança é criança e morte é morte. Simples assim.

Notas
1. www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=347765
2. idem
3. Marianna Holanda fez essa declaração em palestra que ministrou em novembro de 2009 no auditório da UNIDESC, em Brasília.
4. Segundo relatório da UNICEF, as crianças indígenas são hoje as crianças mais vulneráveis do planeta. “Indigenous children are among the most vulnerable and marginalized groups in the world and global action is urgently needed to protect their survival and their rights, says a new report from UNICEF Innocenti Research Centre in Florence.”
5. Em algumas sociedades, crianças não socializadas seriam gêmeos, filhos de mãe solteira, de viúvas ou de relações incestuosas, crianças com deficiência física ou mental grave ou moderada, etc. A dita “interdição” do processo pode ocorrer em várias idades, tendo sido registrada com crianças de até 10 anos de idade, entre os Mayoruna, no Amazonas. Marianna defende essa “interdição” em dissertação intitulada “Quem são os humanos dos direitos?” Estudo contesta criminalização do infanticídio indígena
6. www.quebrandoosilencio.blog.br / www.movimentoindigenaafavordavida.blogspot.com / vimeo.com/1406660 carta aberta contra o infanticídio indígena
7. Trecho de depoimento do documentário “Quebrando o Silêncio”, dirigido pela jornalista indígena Sandra Terena. O documentário está disponível no link www.quebrandoosilencio.blog.br



Márcia Suzuki é conselheira de ATINI – voz pela vida. www.atini.org

Leia o que Ultimato publicou sobre o assunto
Os excluídos do caminho de Jericó e o infanticídio indígena, ed. 309
Uma visão antropológica sobre a prática do infanticídio indígena no Brasil, ed. 309

Em breve leia também o livro “E uma criança os guiará”, lançamento do mês de maio!


--
Márcia Suzuki
Presidente do Conselho

ATINI – VOZ PELA VIDA é uma organização social, sem fins lucrativos, formada por índios e não-índios, que atua na defesa dos direitos das crianças indígenas em situação de risco e na busca de um modelo indigenista mais humano.

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