sábado, 25 de julho de 2009



Pr. Charles Haddon Spurgeon
Apascentando Ovelhas ou Entretendo Bodes?
Um mal está no declarado campo do Senhor, tão grosseiro em seu descaramento, que até o mais míope dificilmente deixaria de notá-lo durante os últimos anos. Ele se tem desenvolvido em um ritmo anormal, mesmo para o mal. Ele tem agido como fermento até que toda a massa levede. O demônio raramente fez algo tão engenhoso quanto sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las.
Da pregação em alta voz, como faziam os Puritanos, a Igreja gradualmente baixou o tom de seu testemunho, e então tolerou e desculpou as frivolidades da época. Em seguida ela as tolerou dentro de suas fronteiras. Agora as adotou sob o argumento de atingir as massas.
Meu primeiro argumento é que prover entretenimento para as pessoas não está dito em parte nenhuma das Escrituras como sendo uma função da Igreja. Se este é um trabalho Cristão, porque Cristo não falou dele? "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16:15). Isto está suficientemente claro. Assim teria sido se Ele tivesse adicionado "e proporcionem divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho." Nenhuma destas palavras, contudo, são encontradas. Não parecem ter-lhe ocorrido.
Então novamente, "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores... para a obra do ministério" (Efésios 4:11-12). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia no que diz respeito a eles. Foram os profetas perseguidos porque divertiram o povo ou porque o rejeitaram? Em concerto musical não há lista de mártires.
Além disto, prover divertimento está em direto antagonismo com o ensino e a vida de Cristo e de todos os seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja quanto ao mundo? "Vós sois o sal" (Mateus 5:13), não o doce açucarado - algo que o mundo irá cuspir e não engolir. Curta e severa foi a expressão: "deixa os mortos sepultar os seus mortos." (Mateus 8:22) Ele foi de uma tremenda seriedade.
Se Cristo introduzisse mais brilho e elementos agradáveis em Sua missão, ele teria sido mais popular quando O abandonaram por causa da natureza inquiridora de Seus ensinos. Eu não O ouvi dizer: "Corra atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que nós teremos um estilo diferente de culto amanhã, um pouco mais curto e atraente, com pouca pregação. Nós teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que certamente se agradarão. Seja rápido Pedro, nós devemos ganhar estas pessoas de qualquer forma." Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou por eles, mas nunca procurou entretê-los.
Em vão serão examinadas as Epístolas para se encontrar qualquer traço deste evangelho de entretenimento! A mensagem delas é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!" É patente a ausência de qualquer coisa que se aproxime de uma brincadeira. Eles tinham ilimitada confiança no evangelho e não empregavam outra arma.
Após Pedro e João terem sido presos por pregar o evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas eles não oraram: "Senhor conceda aos teus servos que através de um uso inteligente e perspicaz de inocente recreação possamos mostrar a estas pessoas quão felizes nós somos." Se não cessaram de pregar a Cristo, não tiveram tempo para arranjar entretenimentos. Dispersos pela perseguição, foram por todos lugares pregando o evangelho. Eles colocaram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17:6). Esta é a única diferença! Senhor, limpe a Igreja de toda podridão e refugo que o diabo lhe tem imposto, e traga-nos de volta aos métodos apostólicos.
Finalmente, a missão de entretenimento falha em realizar os fins desejados. Ela produz destruição entre os novos convertidos. Permita que os negligentes e escarnecedores, que agradecem a Deus pela Igreja os terem encontrado no meio do caminho, falem e testifiquem. Permita que os oprimidos que encontraram paz através de um concerto musical não silenciem! Permita que o bêbado para quem o entretenimento dramático foi um elo no processo de conversão, se levante! Ninguém irá responder. A missão de entretenimento não produz convertidos. A necessidade imediata para o ministério dos dias de hoje é crer na sabedoria combinada à verdadeira espiritualidade, uma brotando da outra como os Apascentando Ovelhas ou Entretendo Bodes?

Um mal está no declarado campo do Senhor, tão grosseiro em seu descaramento, que até o mais míope dificilmente deixaria de notá-lo durante os últimos anos. Ele se tem desenvolvido em um ritmo anormal, mesmo para o mal. Ele tem agido como fermento até que toda a massa levede. O demônio raramente fez algo tão engenhoso quanto sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las.
Da pregação em alta voz, como faziam os Puritanos, a Igreja gradualmente baixou o tom de seu testemunho, e então tolerou e desculpou as frivolidades da época. Em seguida ela as tolerou dentro de suas fronteiras. Agora as adotou sob o argumento de atingir as massas.
Meu primeiro argumento é que prover entretenimento para as pessoas não está dito em parte nenhuma das Escrituras como sendo uma função da Igreja. Se este é um trabalho Cristão, porque Cristo não falou dele? "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16:15). Isto está suficientemente claro. Assim teria sido se Ele tivesse adicionado "e proporcionem divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho." Nenhuma destas palavras, contudo, são encontradas. Não parecem ter-lhe ocorrido.
Então novamente, "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores... para a obra do ministério" (Efésios 4:11-12). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia no que diz respeito a eles. Foram os profetas perseguidos porque divertiram o povo ou porque o rejeitaram? Em concerto musical não há lista de mártires.
Além disto, prover divertimento está em direto antagonismo com o ensino e a vida de Cristo e de todos os seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja quanto ao mundo? "Vós sois o sal" (Mateus 5:13), não o doce açucarado - algo que o mundo irá cuspir e não engolir. Curta e severa foi a expressão: "deixa os mortos sepultar os seus mortos." (Mateus 8:22) Ele foi de uma tremenda seriedade.
Se Cristo introduzisse mais brilho e elementos agradáveis em Sua missão, ele teria sido mais popular quando O abandonaram por causa da natureza inquiridora de Seus ensinos. Eu não O ouvi dizer: "Corra atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que nós teremos um estilo diferente de culto amanhã, um pouco mais curto e atraente, com pouca pregação. Nós teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que certamente se agradarão. Seja rápido Pedro, nós devemos ganhar estas pessoas de qualquer forma." Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou por eles, mas nunca procurou entretê-los.
Em vão serão examinadas as Epístolas para se encontrar qualquer traço deste evangelho de entretenimento! A mensagem delas é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!" É patente a ausência de qualquer coisa que se aproxime de uma brincadeira. Eles tinham ilimitada confiança no evangelho e não empregavam outra arma.
Após Pedro e João terem sido presos por pregar o evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas eles não oraram: "Senhor conceda aos teus servos que através de um uso inteligente e perspicaz de inocente recreação possamos mostrar a estas pessoas quão felizes nós somos." Se não cessaram de pregar a Cristo, não tiveram tempo para arranjar entretenimentos. Dispersos pela perseguição, foram por todos lugares pregando o evangelho. Eles colocaram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17:6). Esta é a única diferença! Senhor, limpe a Igreja de toda podridão e refugo que o diabo lhe tem imposto, e traga-nos de volta aos métodos apostólicos.
Finalmente, a missão de entretenimento falha em realizar os fins desejados. Ela produz destruição entre os novos convertidos. Permita que os negligentes e escarnecedores, que agradecem a Deus pela Igreja os terem encontrado no meio do caminho, falem e testifiquem. Permita que os oprimidos que encontraram paz através de um concerto musical não silenciem! Permita que o bêbado para quem o entretenimento dramático foi um elo no processo de conversão, se levante! Ninguém irá responder. A missão de entretenimento não produz convertidos. A necessidade imediata para o ministério dos dias de hoje é crer na sabedoria combinada à verdadeira espiritualidade, uma brotando da outra como os frutos da raiz. A necessidade é de doutrina bíblica, de tal forma entendida e sentida, que

miguel silva

sexta-feira, 24 de julho de 2009


RESENHA

Alderi Souza de Matos
MATTOS, Luiz Roberto França de. Jonathan Edwards e o avivamento
brasileiro. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 208 p.

Esse valioso livro foi escrito pelo Rev. Dr. Luiz Roberto França de Mattos
(1956-2004), um ex-professor e diretor de Centro Presbiteriano de Pós-Graduação.
Andrew Jumper (CPAJ), falecido recentemente aos 48 anos de idade.
O texto foi originalmente uma dissertação de mestrado escrita em inglês e
defendida pelo autor em 1997 no CPAJ. A proposta do Dr. Luiz Mattos foi
examinar as alegações da ocorrência de um avivamento no meio evangélico
brasileiro na segunda metade do século 20 à luz das reflexões de Jonathan
Edwards (1703-1758). Edwards, um pastor congregacional da Nova Inglaterra
(EUA), possuidor de sólidas convicções calvinistas, foi um dos principais
personagens do Primeiro Grande Despertamento e é atualmente considerado
um dos maiores pensadores religiosos da história dos Estados Unidos. Por ter
vivido durante esse importante avivamento e ter observado, descrito e analisado
criteriosamente os seus fenômenos, à luz das Escrituras e da fé reformada, ele
é considerado uma das autoridades mais abalizadas no estudo da experiência
religiosa de grande intensidade que é característica desses eventos.
No primeiro capítulo, Mattos faz uma abordagem exploratória inicial
do alegado “avivamento brasileiro”, apontando para alguns fatores positivos
e negativos e chegando à constatação de que as evidências são inconclusivas.
Ele então se propõe a estudar o contexto histórico e as percepções teológicas
de Edwards a fim de poder avaliar a autenticidade ou não do fenômeno religioso
brasileiro.
O segundo capítulo apresenta uma análise histórico-teológica dos avivamentos
ocorridos na Nova Inglaterra nas décadas de 1730 e 1740. Inicialmente
é considerado o avivamento de 1735 que se verificou na própria igreja
de Edwards, em Northampton, Massachusetts, e que ele considerou em duas
obras: Uma fiel narrativa da surpreendente obra de Deus (1737) e Marcas
JONATHAN EDWARDS E O AVIVAMENTO BRASILEIRO
distintivas de uma obra do Espírito de Deus (1741). Edwards avaliou esse
movimento inicial de maneira positiva e otimista, apontando para evidências
como as conversões ocorridas e a convicção de pecado, insistindo na necessidade
de frutos externos e demonstrando pouca preocupação com os fenômenos
extraordinários – físicos e mentais – associados ao avivamento.
Quando ocorreu o Grande Despertamento propriamente dito (1740-1743),
abrangendo uma área geográfica mais ampla, Edwards escreveu uma nova
obra para avaliá-lo, Alguns pensamentos sobre o presente reavivamento da
religião na Nova Inglaterra (1742), na qual fez uma análise mais rigorosa e
amadurecida dos acontecimentos. Ele concluiu que, apesar de certos excessos e
distorções, o despertamento foi essencialmente genuíno e benéfico. Quanto aos
fenômenos inusitados, ele os considerou conseqüências naturais da debilidade
humana diante da manifestação do poder de Deus e alertou para os perigos
potenciais. Aquilo que mais o interessou foram os “frutos visíveis”, os efeitos
transformadores do avivamento na vida pessoal e comunitária.
Nos capítulos seguintes (3 a 5), Mattos considera algumas obras posteriores
e mais substanciais de Jonathan Edwards sobre a experiência religiosa,
começando com o seu famoso Tratado sobre as Afeições Religiosas (1746).
Num ambiente de grande polarização acerca do avivamento, em que muitos
ministros o aceitavam entusiasticamente e outros o rejeitavam com veemência,
Edwards estabeleceu como critério para julgar a autenticidade dessa experiência
o que ele denominou “afeições”, ou seja, as inclinações dominantes da alma
ou do coração. Ele entendeu que a verdadeira religião consiste essencialmente
nessas afeições religiosas, das quais a mais elevada é o amor. Todavia, as afeições
podem ser verdadeiras ou falsas e por isso ele apresentou dois conjuntos
de sinais não-confiáveis e confiáveis de uma verdadeira espiritualidade. Na
primeira categoria ele colocou as manifestações exteriores e na segunda os
elementos que evidenciam uma profunda transformação espiritual e ética na
vida dos indivíduos, resultando em um novo comportamento pessoal.
A próxima obra de Edwards a ser analisada é Uma história da obra da
redenção, que consistiu numa série de mensagens pregadas em 1739. Mattos
argumenta que essa obra representa uma evolução no pensamento de Edwards
porque aqui a ênfase não é individual, mas coletiva. Um avivamento genuíno
irá produzir uma transformação gradual de toda a sociedade, levando à progressiva
manifestação do reino de Deus sobre a terra. Esse entendimento tem
a ver com o conhecido otimismo pós-milenista de Edwards. Ele considerava
os avivamentos ao longo da história como meios pelos quais Deus promove
a obra de redenção com vistas ao estabelecimento final do seu reino. Isso
implica na ocorrência de transformações positivas na sociedade, em todos os
seus aspectos, a começar dos relacionamentos interpessoais.
Por último, Mattos analisa três obras adicionais de Edwards, as quais, no
seu entender, fornecerão princípios definitivos para se avaliar o “avivamento
brasileiro”. Duas delas estão estreitamente ligadas entre si e foram escritas na
fase final da vida de Edwards, depois de 1750 – O fim para o qual Deus criou
o mundo e A natureza da verdadeira virtude, nas quais ele faz uma abordagem
filosófica e ética da vida espiritual. A última obra analisada é A caridade e
suas virtudes, uma coletânea de 15 sermões pregados em 1738, com base em 1
Coríntios 13.1-10. Nessas obras, Edwards coloca como alvo supremo da vida
humana a glória de Deus, preocupação essa que deve ser expressa através de
um profundo amor por ele e pelas suas criaturas. Mattos conclui que as obras
teológicas e filosóficas de Jonathan Edwards mostram um aprofundamento
crescente no seu entendimento da experiência religiosa, partindo da transformação
individual para chegar à transformação social, tendo como âmago uma
consideração suprema para com o próprio Deus.
No último capítulo, Mattos volta a considerar o “avivamento brasileiro”
à luz desses critérios, chegando à conclusão de que estão ausentes do mesmo
algumas características fundamentais: profunda convicção de pecado, anseio
especial pela Palavra de Deus, mudança de natureza em vez de manifestações
externas, transformação social e a glória de Deus como o fim principal do cristão
e da igreja. Com freqüência o que se vê são manifestações marcadas pelo
emocionalismo, superficialidade e imaturidade, em que o centro das atenções
é o próprio ser humano, com os seus desejos e ambições, e não a glória de
Deus e o bem-comum. Embora o avivamento brasileiro careça desses sinais
mais profundos de autenticidade, o autor entende que as igrejas podem estar
experimentando uma situação de pré-avivamento, evidenciada pela difusão
de um espírito de oração, pela renovação do culto público e por “um interesse
crescente pela transformação social da injusta sociedade brasileira”.
O Dr. Luiz Mattos certamente foi muito bem-sucedido em sua proposta,
apresentando um estudo relevante e necessário, marcado por uma argumentação
lúcida, profundamente bíblica e teologicamente consistente. Só temos a
lamentar que a sua morte prematura o tenha impedido de escrever outras obras
valiosas como essa, que certamente beneficiariam a muitos. Sendo esse um
dos livros mais úteis para as igrejas evangélicas do Brasil que foram publicados
nos últimos anos, esperamos que ele seja objeto da atenção cuidadosa
dos membros das nossas igrejas e em especial dos seus líderes, no sentido de
buscarem os caminhos mais saudáveis, íntegros e corretos no desempenho do
seu ministério.

* Gostaria de indicar além desse livro de Jonathan Edwards, o livro do Dr. Martyn Lloyd-Jones, "Avivamento". Esse texto foi retirado da revista Fides Reformata.

Miguel Silva

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sermão



SERMÃO DE JONATHAN EDWARDS
A PRECIOSIDADE DO TEMPO
EFÉSIOS 5 :16



JONATHAN EDWARDS


Remindo tem mais relação com alguma coisa que tanto está perdida, ou que de alguma forma perdemos, ou que no mínimo está pronta para ser perdida, ou tomada de nós.
“Remindo o tempo porque os dias são maus”. Os dias sendo maus, vemos outros desperdiçando seu precioso tempo; mas você se esforçará para remi-lo?
O verso pode ter relação também com o desperdício de tempo no passado... ou pode dizer respeito ao grande perigo do tempo ser perdido, em razão do fato de os dias serem tão maus... se eles nao tivessem um grande cuidado, o tempo se deslizaria de suas mãos, e eles não tirariam nenhum benefício dele... ou finalmente pode dizer respeito quanto à necessidade de remirmos o tempo dessas terríveis calamidades que Deus trará sobre os ímpios... o tempo pode ser remido como se ele fosse salvo da terrível destruição que quando vier, colocaria um fim à paciência de Deus.
O tempo é uma coisa que deveríamos ter em alto valor.

DOUTRINA: O TEMPO É UMA COISA EXCESSIVAMENTE PRECIOSA
Pelas seguinte razoes:

1. Porque a eternidade depende do aproveitamento do tempo. As coisas são preciosas na proporção da sua importância, ou em razão do nível de relação com o nosso bem-estar. Isso faz com que o tempo seja um bem imensamente precioso, porque o interesse pelo nosso bem-estar, depende do aproveitamento do tempo. Ele é precioso porque o nosso bem-estar nesse mundo depende do seu aproveitamento. Ele é precioso porque se não o aproveitarmos, nós correremos o risco de atrairmos pobreza e desgraça... mas acima de tudo é importante porque a eternidade depende dele... de acordo com o nosso aproveitamento ou perda do nosso tempo, seremos felizes ou miseráveis na eternidade.

2. O tempo é muito curto, o que o torna muito precioso: a escassez de algum bem faz com que o homem coloque um grande valor sobre ele, especialmente se é uma coisa necessária de ser tida e sem a qual nao pode viver... o tempo é tão curto, e o trabalho que temos a fazer é tão grande, que não podemos desperdiçar nenhuma parte dele. O trabalho que temos que fazer para nos prepararmos para a eternidade deve ser feito no tempo, ou nunca será feito; e esta é um obra que envolve grande dificuldade e labor.

3. O tempo dever ser visto por nós como algo muito precioso... porque sua continuidade é incerta. Nós sabemos que ele é muito curto, mas não sabemos quão curto ele é. Nós não sabemos o quão pouco nos resta, se um ano, ou muitos anos, ou apenas um mês, ou uma semana, ou um dia. Nao há nenhuma experiência que possa ser mais bem verificada do que essa.
Quanto mais muitos homens valorizariam seu tempo, se eles soubessem que tinham apenas uns poucos meses, ou uns poucos dias a mais nesse mundo; e certamente um homem sábio valorizaria seu tempo ainda mais... essa é a condição de milhares agora no mundo que agora gozam de saúde, e não vêem nenhum sinal do avanço da morte. Muitos, sem dúvida alguma, estão para morrer no próximo mês, e muitos morrerão essa semana, muitos morrerão amanhã e não sabem nada disso, e não pensam sobre isso. Quantos morreram fora dessa cidade num tempo ou outro, quando nem eles nem seus vizinhos viam nenhum sinal de morte uma semana antes. E provavelmente existem muitas pessoas agora aqui presentes, ouvindo o que eu digo agora, que vão morrer dentro de pouco tempo, e que não tem nenhuma percepção disso.

4. O tempo é precioso porque quando ele passa nao pode ser recuperado... o que é bem aproveitado não é perdido; embora o tempo por si mesmo se vá, o seu benefício permanece conosco... cada parte do nosso tempo é como se fosse sucessivamente oferecida a nós, a fim de que possamos escolher se o faremos nosso o não. Mas se o recusamos, ele imediatamente é tomado, e nunca mais oferecido.
A eternidade depende do aproveitamento do tempo; mas quando o tempo de vida se vai, uma vez que a morte venha, nós não temos mais o que fazer com o tempo.

APROVEITAMENTO

Uso I. Auto-exame. Para levar as pessoas a considerarem o que fizeram com tempo. Quando Deus criou você e lhe deu uma alma racional, ele o fez para a eternidade; e lhe deu o tempo aqui a fim de prepará-lo para a eternidade. Considere o que você fez com o tempo passado. Existem muitos de vocês que podem muito bem concluir que metade do seu tempo já se foi... o seu sol já passou o meridiano... quando você olha para o passado da sua vida percebe que foi numa grande medida vazio...? Quanto pode ser feito em um ano? Para que propósito você gastou o seu tempo?

Uso II. Reprovação, para aqueles que desperdiçaram o seu tempo. A raça humana age como se o tempo fosse uma coisa que tivesse em grande quantidade, e tivesse mais do que precisa, e não sabe o que fazer com ele. Há muitas pessoas que deverão ser reprovadas com essa doutrina que eu agora vou particularmente mencionar:
Primeiro. Aquelas que gastaram grande quantidade do seu tempo em ociosidade... suas mãos recusam-se trabalhar; e em vez de trabalhar, eles deixam sua família sofrer e eles próprios sofrerão... muitos gastam grande parte do seu tempo... em ociosidade e conversa não proveitosa.
Segundo. São reprovados pela doutrina aqueles que gastam o seu tempo em trabalhos ímpios, que não apenas gastam o seu tempo fazendo nada para nenhum propósito bom, mas gastam o seu tempo em propósitos maus... eles ferem e matam a si mesmo com isso. Por isso, esses que tiveram a oportunidade de obter a vida, trabalham para a sua própria morte. Eles gastaram o seu tempo corrompendo e infectando as cidades e locais onde vivem... alguns gastaram muito do seu tempo em contendas... isso nao é apenas perda de tempo, é a pior forma de abusar do tempo do que meramente desperdiça-lo... eles não apenas desperdiçam o seu tempo, mas consomem o tempo de outros... eles contraíram aqueles hábitos pecaminosos que tomarão tempo deles para serem mortificados... o pecado é um grande devorador de tempo.
Terceiro. São reprovados por essa doutrina, aqueles que gastam seu tempo em apenas propósitos mundanos, negligenciando suas almas.
O tempo foi dado para a vida na eternidade. Foi designado como um tempo de provação para a eternidade... se os homens não aproveitam seu tempo para os propósitos da eternidade, eles o perdem.

Uso III. É uma exortação para aproveitarmos o tempo ao máximo.
Primeiro. Você é responsável diante de Deus pelo seu tempo. Tempo é um talento de Deus dado a nós. Ele estabeleceu o nosso dia, e esse dia não nos foi dado para nada – foi designado para algum trabalho.
Segundo. Considere quanto tempo você já perdeu... você deve aplicar a si mesmo o mais diligentemente possível para o aproveitamento da parte de tempo que lhe resta, para que você possa viver como se fosse para remir o tempo perdido.

1. Sua oportunidade agora é menor. O seu tempo por mais longo que seja é muito pequeno... e se o todo da sua vida é tão pequeno, quão pequeno é o que lhe resta.
2. Você tem o mesmo tipo de trabalho que tinha para fazer primeiro, e isso sob maiores dificuldades... não apenas o seu tempo para trabalhar se tornou menor, o seu trabalho se tornou maior.
3. Você perdeu o melhor do seu tempo. Não apenas se foi o melhor, e ainda assim todo o seu trabalho permanece; e não apenas isso, mas com mais dificuldades do que nunca. Que loucura é uma pessoa se entregar ao desencorajamento, assim como negligenciar o seu trabalho porque o seu tempo é muito curto? Deus o chama para se levantar, e se aplicar ao seu trabalho
Terceiro. Considere como muitos valorizam o tempo quando estão perto do fim da vida.
Quarto. Considere... aqueles que desperdiçaram todas as oportunidades para obterem a vida eterna, e foram para o inferno, que pensamentos você pensa que eles tem sobre a preciosidade do tempo?

Eu concluirei fazendo três advertências em particular.

1. Aproveite o seu tempo sem de nenhuma maneira atrasar.
2. Seja especialmente cuidadoso para aproveitar aquelas partes do tempo que são mais preciosas... o tempo santo é mais precioso do que o tempo comum. Esse tempo é mais precioso para o nosso eterno bem-estar. Portanto, acima de tudo, aproveite os seus domingos; e especialmente aproveite o tempo de adoração pública, que é a parte mais preciosa do tempo santo... o tempo de operações do Espírito de Deus é mais precioso do que qualquer outro tempo... esse é o tempo quando Deus está próximo... é o dia da salvação.
3. Aproveite seu tempo de lazer dos negócios mundanos... você pode proveitosamente gastar o seu tempo em conversação com pessoas santas sobre coisas das mais alta importância, em oração e meditação, e lendo livros proveitosos. Você precisa melhorar cada talento... e oportunidade ao máximo, enquanto o tempo ainda perdura.
Miguel Silva

terça-feira, 21 de julho de 2009

Calar em nome da paz ou falar em nome da verdade?

Há, em nossos dias, aqueles que preferem ficar calados em prol da “paz”, pois falar a verdade seria de todo discordância com o nosso irmão e com isso trazer ira,no entanto maior discordância há com referência a Palavra de Deus quando não falamos a Verdade.Vejamos:

Começando por João Batista, “vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo disse-lhes: raça de víboras quem vos induziu a fugir da ira vindoura?”Mt 3.7.Ele não ficou calado,antes falou a ambos os partidos que eles estavam errados, e eles por sua vez falavam de João Batista como Jesus mesmo discorre: Pois veio João, que não comia e nem bebia, e dizem: tem demônio!Mt 11.18.Como também não se calou perante o rei Herodes, e como sabemos trouxe morte a João(Mt 14.9-12).

O que falar de Jesus, nosso Senhor, sendo Ele mesmo a verdade, falou ousadamente e com entrepidez tanto aos fariseus como aos saduceus ( Mt 9.11; 12.9-14; 16.1-4; 19.3-12; 22.15-22; entre outros), e por não se calar em prol de uma falsa paz, “...uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros ,e outros o esbofeteavam(batiam com vara)...”Mt 26.67 e “...cuspindo nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele na cabeça.Depois de o terem escarnecido...”Mt 27.30,31a.Depois de tais coisas foi ele crucificado em prol da verdade.

Recordo-me, em Atos dos Apóstolos, do primeiro mártir, Estevão, o qual Lucas registra “...Mas, irmão, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço;...O parecer agradou a toda comunidade; e elegeram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo,...”At 6.3,5, vemos que Estevão de fato era homem de Deus, que até sua aparência refletia (At 6.15b) tais atributos.Não se calando em prol da “paz” falou-lhes as verdades divinas, em prol da justiça de Deus, e em resposta a isso foi morto(At 7.60).

Outro personagem,digamos assim “pertubador”, chama-se Paulo, o qual todos os dias disputava nas sinagogas com os judeus ( At 9.20,29; 13.5; 14.1; 17.2,17; 18.4,19; 19.8) e com isso eles ficavam cheios de inveja (At 17.5), procuravam tirar-lhe a vida (At 9.29), dentre outras dificuldades por não se calar, mas falar em nome da justiça ( 2Co 11.23-28).

Como reza a tradição, Felipe que fora morto pelos judeus, assim também Pedro crucificado, João preso, Policarpo, dentre outros da época, pois eles não se calavam em favor de uma falsa paz.

Lutero, como poderia ter existido a reforma se o mesmo se calasse perante a igreja romanista, ou então quando Gomaro, melhor amigo de Armínio, falou-lhe os seus erros doutrinários dando início aos Cânones de Dort (sobre os cânones de Dort, ver aqui no blog a postagem Mais uma confissão porque? (Cânones de Dort))ou então o movimento Fundamentalista em resposta ao movimento Liberal.

Se estes desde o antigo testamento, com os profetas ( Mt 23.37), passando por todos os séculos até os dias de hoje falaram em nome da Verdade, não se calando em nome de uma pseudo-paz, devemos então seguir os exemplos dos profetas, apóstolos, discípulos, reformadores, puritanos, e como não poderíamos esquecer do nosso Senhor e Salvador,Jesus o Cristo, e falar, discutir, debater, em nome de um evangelho verdadeiro, que não se mistura com as falácias arminianas, liberais e hipercalvinistas. SOLA SCRIPTURA!

Rafael Santos

Lista dos autores cristãos altamente recomendáveis


SÉCULO I- Inácio de Antioquia.


SÉCULO II- Justino Mártir.


SÉCULO III-Irineu de Lyon.

SÉCULO IV- Agostinho; Eusébio de Cesaréia; Atanásio.


SÉCULO XII- Anselmo; Bernardo de Claraval.


SÉCULO XIII- Tomás de Aquino

SÉCULO XVI- Filipe Melâncton; Matinho Lutero; João Calvino.


SÉCULO XVII- Thomas Goodwin; Richard Baxter; John Owen; John Bunyan.


SÉCULO XVIII- Jonathan Edwards.

SÉCULO XIX- Charles Hodge; Abraham Kuyper; B. B. Warfield; Charles Spurgeon.


SÉCULO XX- J. Gresham Machen; Martyn Lloyd-Jones; Francis Schaeffer; Louis Berkhof.


SÉCULO XXI- R. C. Sproul; J. I. Packer; John Stott; Richard Foster; Augusto Nicodemos; Solano Portela.

Miguel Silva

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O que C.H. Spurgeon diria hoje? E o que falariam dele?








O pregador inglês Charles Haddon Spurgeon nasceu em 19 de junho de 1834 e começou a pregar em 1850. Ele, que tem sido considerado o príncipe dos pregadores, pregou o evangelho de Cristo e combateu heresias e modismos de seu tempo até 1892, quando partiu para a eternidade. As citações abaixo deixam-nos com a impressão de que ele se referia aos trabalhosos dias em que vivemos...
"A apatia está em toda parte. Ninguém se preocupa em verificar se o que está sendo pregado é verdadeiro ou falso. Um sermão é um sermão, não importa o assunto; só que, quanto mais curto, melhor" ("Preface", The Sword and the Trowel [1888, volume completo], p.iii). Meu Deus, se naquela época as coisas já estavam assim, o que Spurgeon diria hoje?!
"Haveria Jesus de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos? (...) se você não estiver disposto a carregar a cruz de Cristo, volte à sua fazenda ou ao seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas permita-me sussurrar em seus ouvidos: 'Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?'" ("Holding Fast the Faith", The Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol.34 [Londes, Passmore and Alabaster, 1888], p.78). Este sermão foi pregado em 5 de fevereiro de 1888, quando Spurgeon estava sendo censurado por defender o evangelho. O que ele falaria hoje das pregações antropocêntricas?
"Estão as igrejas vivenciando uma condição saudável ao terem apenas uma reunião de oração por semana e serem poucos que a freqüentam?" ("Another Word Concerning the Down-Grade", The Sword and the Trowel [agosto, 1887], pp.397,398). Infelizmente, o chamado "louvorzão" tem substituído o período de oração, em nossos cultos. Spurgeon ainda fala!
"O fato é que muitos gostariam de unir igreja e palco, baralho e oração, danças e ordenanças. Se nos encontramos incapazes de frear essa enxurrada, podemos, ao menos, prevenir os homens quanto à sua existência e suplicar que fujam dela. Quando a antiga fé desaparece e o entusiasmo pelo evangelho é extinto, não é surpresa que as pessoas busquem outras coisas que lhe tragam satisfação. Na falta de pão, se alimentam de cinzas; rejeitando o caminho do Senhor, seguem avidamente pelo caminho da tolice" ("Another Word Concerning the Down-Grade", The Sword and the Trowel [agosto, 1887], p.398). Spurgeon disse isso em 1887 mesmo?!
"Não há dúvidas de que todo tipo de entretenimento, que manifesta grande semelhança com peças teatrais, tem sido permitido em lugares de culto, e está, no momento, em alta estima. Podem essas coisas promover a santidade ou nos ajudar na comunhão com Deus? Poderiam os homens, ao se retirarem de tais eventos, implorar a Deus em favor da salvação dos pecadores e da santificação dos crentes?" ("Restoration of Truth and Revival", The Sword and the Trowel [dezembro, 1887], p.606). Hoje, os seguidores da "nova onda" revoltam-se contra os que defendem o evangelho de Cristo. Mas o que diriam eles de Spurgeon?
Miguel Silva

domingo, 19 de julho de 2009

Cuidado com Comentários !!!

Devemos ter cuidado com comentários sobre textos sagrados pois até mesmo reformados devem ser refutados no crivo das Escrituras.


2 Pedro 3.9

Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3.9).

Comparemos a exegese de Murray desse versículo com a de Francis Turretin, John Owen, John Gill e Gordon Clark:

Murray:
“Deus não deseja que nenhum homem pereça. Seu desejo, antes, é que todos entrem para a vida eterna chegando ao arrependimento. A linguagem nessa parte do versículo é tão absoluta que é altamente anormal encarar Pedro como querendo dizer meramente que Deus não deseja que nenhum crente pereça… A linguagem das cláusulas, então, mais do que naturalmente refere-se à humanidade como um todo… Ela não tem em vista os homens como eleitos ou como réprobos”.[1]

Turretin:
“A vontade de Deus aqui mencionada ‘não deve ser estendida além dos eleitos e crentes, por causa de quem Deus adia a consumação dos tempos, até que o número seja completado’. Isso é evidente a partir ‘do pronome convosco que a precede, designando com suficiente clareza os eleitos e crentes, como em outro lugar mais de uma vez, o que, para explicar, ele adiciona, não querendo que nenhum, isto é, de nós, pereça’”.[2]

Owen:
“‘A vontade de Deus’, dizem alguns, ‘para a salvação de todos, é aqui colocada tanto negativamente, pois Ele não quer que ninguém pereça, como positivamente, pois Ele quer que todos cheguem ao arrependimento…’ Não é necessário gastar muitas palavras para responder essa objeção, arrancada do mal entendimento e da corrupção evidente dos sentido das palavras do apóstolo. Que expressões indefinidas e gerais devem ser interpretadas numa proporção explicável às coisas que delas são afirmadas, é uma regra na abertura da Escritura… O senso comum não nos ensina que nos deve ser repetido em ambas as seguintes cláusulas, para fazê-las completas e plenas, - a saber, ‘não querendo que nenhum de nós pereça, senão que todos de nós cheguem ao arrependimento’?… Agora, verdadeiramente, argumentar que porque Deus não quer que nenhum daqueles pereça, mas que todos deles cheguem ao arrependimento, portanto, Ele tem a mesma vontade e intenção para com todos e cada um dos homens no mundo (até mesmo aqueles a quem Ele nunca fez conhecida Sua vontade, nem jamais chamou ao arrependimento, se eles nunca ouviram sobre o Seu caminho de salvação), não fica muito longe da extrema loucura e tolice… Eu não preciso adicionar qualquer coisa concernente às contradições e inextricáveis dificuldades com que a interpretação oposta é acompanhada… O texto é claro que é todos e somente os eleitos a quem Ele não quer que pereça”. [3]

Gill:
“Não é verdade que Deus não deseja que nenhum indivíduo da raça humana não pereça, visto que ele tem feito e apontado o ímpio para o dia do mal,[4] até mesmos os homens ímpios, que foram pré-ordenados para essa condenação,[5] tais como são vasos de ira preparados para a destruição;[6] sim, há alguns a quem Deus envia fortes desilusões, para que eles possam crer na mentira, para que todos possam ser condenados…[7] Nem é a Sua vontade que todos os homens, nesse sentido mais amplo, cheguem ao arrependimento, visto que Ele retém de muitos tanto os meios como a graça do arrependimento…”.[8]

Clark:
“Os Arminianos têm usado o versículo em defesa de sua teoria da expiação universal. Eles crêem que Deus desejava salvar todo ser humano sem exceção e que algo além do Seu controle aconteceu, de forma que frustrou o Seu eterno propósito. A doutrina da redenção universal não somente é refutada pela Escritura em geral, mas a passagem em questão torna tal visão um absurdo…. Pedro está nos dizendo que o retorno de Cristo espera o arrependimento de certas pessoas. Agora, se o retorno de Cristo aguardasse o arrependimento de todo indivíduo sem exceção, Cristo nunca voltaria. Essa não é uma interpretação nova. As Similitudes viii, xi,1, no Pastor de Hermas (130-150 d.C.), … diz, ‘Mas o Senhor, sendo longânimo, deseja [thelei] que aqueles que foram chamados [ten klesin ten genomenen] através do seu Filho sejam salvos’… São os chamados ou eleitos a quem Deus deseja salvar”.[9]

A interpretação de Murray de 2 Pedro 3.9 conflita com o restante da Escritura. Ele arrogantemente recusa deixar seu entendimento da passagem ser governado pelo princípio de que todas as partes da Escritura concordam uma com a outra. Ele implicitamente nega, como a Confissão que ele professa crer assevera, que uma das marcas da Escritura é o “consentimento de todas as partes”.


NOTAS:
1 - The Free Offer of the Gospel, Murray and Stonehouse ,no city, no publisher, no date, 26, 27.
2 - Francis Turretin, Institutio Theologiae Elencticae, como citado por David Engelsma, Hypercalvinism, 96.
3 - The Works of John Owen, volume 10. The Banner of Truth Trust, 1967, 348-349.
4 - Provérbios 16.4 - O SENHOR fez todas as coisas para os seus próprios fins e até ao ímpio, para o dia do mal.
5 - Judas 1.4 - Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.
6 - Romanos 9.22 - E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para perdição
7 - 2 Tessalonicenses 2.11 - E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira.
8 - John Gill, The Cause of God and Truth. Baker Book House, 1980, 62-63.
9 - Gordon H. Clark, I & II Peter. Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1980, 71.
Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo NetoCuiabá-MT, 27 de Julho de 2005

Reformar Sempre Reformar

Por que as mulheres não falam e nem oram em público em nossa igreja?




Seria uma decisão radical e machista da nossa Igreja? Qual o fundamento bíblico para agirmos assim? Gostaríamos de iniciar essa série de estudo sobre esse importante assunto, desde o Velho Testamento.
A submissão da mulher compreende dois aspectos, primeiro o natural, conforme sua própria constituição física,“vaso mais fraco” (1Ped 3.7) cuja função estabelecida na estrutura familiar era, “auxiliadora idônea”(Gen. 2.20), e “glória do seu marido” (1 Cor 11:7), mas com o advento do pecado, conseqüências drásticas foram impostas ao primeiro casal e à mulher lhe coube as dores do parto e um agravante na submissão: “E à mulher disse: multiplicarei grandemente a dor de tua concepção; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” (Gen. 3:16).
Isto não significa em absoluto direito de propriedade, nos moldes escravagistas, como atribuem alguns ignorantes calvinistas, mas sim uma liderança de amor e responsável por parte do marido. Contudo, este princípio de submissão, extrapola os limites do lar e é observado por toda a Escritura. Foi assim com Sara, elogiada pela sua submissão e piedade (1Ped 3:5,6), Rebeca, Raquel, todas se ativeram à sua condição, submissas à liderança espiritual de seus maridos patriarcas, cumprindo sua missão de mãe.
Alguns argumentam de modo contrário lembrando-se das mulheres que foram profetizas no Velho Testamento e especificamente citam o caso de Débora que julgou Israel no tempo dos juízes. Quanto às profetizas, o ofício não exigia o exercício de autoridade, mas apenas entrega, com fidelidade daquilo que o Senhor dizia por seu intermédio, não era ensino autoritativo, nem interpretativo. Quanto ao caso de Débora, é claro que se tratou do juízo de Deus ao Seu povo num momento de confusão e clara desobediência. ”Naqueles dias não havia rei em Israel; e cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos” (Juiz 21:25). Débora convocou a Baraque para liderar as milícias do Senhor, este recusou ir só e exigiu a companhia de Débora, que o advertiu: ”certamente irei contigo; porém não será tua a honra desta expedição, pois à mão de uma mulher o Senhor vencerá Sísera” (Juiz 4:9), e de fato coube à Jael a glória da morte do general inimigo. Mas ao final, no seu cântico de vitória, Débora conclama os homens, juízes, líderes naturais das tribos de Israel a reassumirem seus cargos de honra na condução do povo de Deus. É interessante notar que o livro de Juízes, relata a história de um rei que pediu ao seu escudeiro que o matasse a espada, porque havia sido ferido mortalmente na cabeça por uma pedra lançada por uma mulher (Juiz 9:53,54). Tudo isso para mostrar, que era juízo de Deus a liderança de mulheres, ou ser derrotado por elas. No livro do profeta Isaias, este opróbrio é confirmado: “Quanto ao meu povo, crianças são os seus opressores e mulheres dominam sobre eles, Ah! Povo meu!, os que te guiam te enganam e destroem o caminho das tuas veredas” (Isa. 3:12).
Não é propósito de Deus, portanto, que as mulheres exerçam autoridade de homem. Nem estejam à frente no governo quer dos negócios do mundo ou da Igreja. Orar em público, liderar, governar, ensinar homens, é exercícios de autoridade reservados aos homens. O princípio de submissão que lhe coube por causa do pecado se estende a todos os lugares, inclusive na Igreja. Sobre elas pesa a sentença do Gênesis: “Teu desejo será para o teu marido e ele te governará…”
Tendo visto o que o Velho Testamento ensina a respeito do lugar próprio da mulher nos propósitos de Deus e como é vedado a elas o exercício da autoridade de homem, passamos agora às considerações do assunto no Novo Testamento.
Na primeira carta à Timóteo, no capítulo 2, o apóstolo estabelece como deve ser o procedimento no culto público de Deus dizendo o seguinte:
“Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos, mas como convém às mulheres que fazem profissão de servir a Deus com boas obras. A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão; salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação.” (I Tim. 2:8-15)
O texto fala por si mesmo, mas algumas pessoas o interpretam usando o argumento cultural: “Paulo diz isso por causa da cultura do seu tempo! Naquela época as mulheres não falavam em público mesmo!” - dizem; contudo, esse tipo de interpretação violenta o texto, porque o próprio apóstolo deixa claro a razão de sua proibição veemente, e esta não é cultural mas teológica! “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão!” Portando, não é uma questão cultural, mas espiritual.
Na primeira carta do apóstolo aos Coríntios, corrigindo a grande confusão que aquela igreja agia com relação ao culto, no capítulo 11 ele estranha que mulheres se manifestassem no culto para orar em línguas e profetizar sem o uso do véu.
Devemos nos lembrar que profetizar, como faziam também algumas mulheres no V.T., não era um exercício de autoridade, elas não interpretavam nem ensinavam, mas apenas repetiam a palavras inspiradas. Mesmo assim seria um absurdo fazê-lo sem ter sobre si o sinal de submissão, o véu; mas hoje, não temos mais o exercício desses dons de revelação e as mulheres não necessitam mais usar véu, uma vez que não irão mesmo falar em público. Por isso, na mesma carta, no capítulo 14, logo a seguir, tratando do mesmo assunto, ordem no culto, nos versos 34 e 35 ele diz: “As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja” A razão também nos é revelada, e não é cultural, mas sim espiritual “como também ordena a Lei”, isto é, o Velho Testamento, certamente se referindo ao livro do Gênesis.
E qual seriam então as atividades das mulheres na Igreja?
Bem, primeiro, elas devem cantar, participando assim do canto congregacional. Ensinar crianças, como mães, e outras mulheres, como diz o texto:
“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam reverentes no seu viver, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras do bem, para que ensinem as mulheres novas a amarem aos seus maridos e filhos, a serem moderadas, castas, operosas donas de casa, bondosas, submissas aos seus maridos, para que a palavra de Deus não seja blasfemada.” (Tit 2:3-5).
Além disso, há muito trabalho indispensável na Igreja, que estas santas mulheres podem fazer servindo a Deus. O Senhor Jesus foi servido por elas, de modo a não lhe deixar faltar nada: “Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé; as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.” (Mar 15:40-41)
O apóstolo Paulo, em sua saudação final na carta ao Romanos, faz menção de uma tal “Febe”, que alguns pensam ser uma diaconisa da Igreja de Cencréia (ou Corinto), porque ele usa a palavra “serva” que no grego é “diaconon”. No entanto, não há porque concluir isso, uma vez que não há qualquer outro texto para confirmar essa interpretação e o que Paulo está dizendo é tão somente que esta irmã atuava de forma extraordinária na Igreja inclusive lhe sendo muito útil e portanto deveria ser recebida pela Igreja de Roma com deferência:“Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é serva da igreja que está em Cencréia; para que a recebais no Senhor, de um modo digno dos santos, e a ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque ela tem sido o amparo de muitos, e de mim em particular.” (Rom 16:1-2)
As irmãs, devem participar das reuniões de oração da Igreja, onde homens estão presentes, fazendo seus pedidos e acompanhando as orações em silêncio.
O ato de orar em público, é um exercício de autoridade, porque aquele que ora, está elevando toda congregação, até o trono de Deus e intercedendo pela Igreja. Por isso o apóstolo diz: “Quero que os varões orem…”. Isto não impede que as mulheres tenham suas próprias reuniões de oração e se reúnam, sob a supervisão do Conselho, para interceder pela Igreja, pelos seus maridos, filhos, etc.
Concluo lembrando que as mulheres sempre foram muito ativas e de grande importância na vida da Igreja ao longo de sua história. Sempre agiram, santa e piedosamente, nos bastidores, para prover tudo que fosse necessário, sem reivindicar direito de ofício. Não há na Bíblia qualquer indício de ter havido Apóstola, Bispa, Pastora, Presbítera ou Diaconisa, no entanto, todos nós sabemos que a Igreja não chegaria aonde chegou sem a atuação delas. Deus as tem usado e ainda as usará, dentro dos limites que Ele mesmo ordenou e instituiu na Sua Palavra. Qualquer coisa que passar disso é invenção dos homens, influenciados pela psicologia moderna e pelo feminismo.
Rev. Josafá Vasconcelos