quinta-feira, 18 de novembro de 2010

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA

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A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.

Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.

Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 [LINK http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=808] e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.
Para ampla divulgação.

Uma breve reflexão sobre a perseguição aos evangélicos no Brasil


As primeiras informações que retratam de forma efetiva a perseguição religiosa no Brasil se remota a 1557, quando os huguenotes (calvinistas franceses) chegaram ao Rio de Janeiro  com o propósito de ajudar a estabelecer um refúgio para os calvinistas perseguidos na França.

Em 10 de março de 1557, os protestantes franceses celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil e no dia 21 de março celebraram a primeira Santa Ceia. Todavia, pouco tempo depois Villegaignon entrou em conflito com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha em que se encontravam.  Alguns meses depois, os colonos reformados embarcaram de volta para a França. Quando o navio ameaçou naufragar por excesso de passageiros e por ter pouca comida, cinco deles resolveram  regressar.  Esses cinco se sacrificaram em favor dos seus irmãos na fé. Assim que chegaram em terra foram presos: Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados por Villegaignon, foram obrigados a professar por escrito sua fé, no prazo de doze horas, respondendo uma série de perguntas que lhes foram entregues. Eles assim o fizeram, e escreveram a primeira confissão de fé na América, sabendo que com ela estavam assinando a própria sentença de morte. Essa maravilhosa declaração de fé é conhecida como a "Confissão de Fé da Guanabara" (1558). Em seguida, os três primeiros foram mortos e Lafon, o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada. Os mártires do evangelho foram enforcados e seus corpos atirados de um despenhadeiro. Balleur fugiu para São Vicente, SP, foi preso e levado para Salvador (1559-67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os últimos franceses foram expulsos.

Quase 100 anos depois, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: o nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e depois boa parte do Nordeste.  Neste periodo João Maurício de Nassau-Siegen, que governou esta região entre 1637 a 1644,  concedeu uma boa medida de liberdade religiosa aos residentes católicos e judeus.  Sob os holandeses, a Igreja Reformada era oficial. Foram criadas vinte e duas igrejas locais e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-1646). Mais de cinquenta pastores ou "predicantes" serviram essas comunidades. A Igreja Reformada realizou uma admirável obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação, ensino e beneficência, foi preparado um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores indígenas. Em 1654, após quase dez anos de luta, os holandeses foram expulsos, transferindo-se para o Caribe. Os judeus que os acompanhavam foram para Nova Amsterdã, a futura Nova York.

 Desde então, não se sabe de relatos de cultos protestantes no Brasil. No entanto,  com a chegada da família real a terras tupiniquins e com a abertura dos portos  as nações amigas,  as confissões protestantes começaram paulatinamente a chegar ao país. Os Anglicanos chegaram em 1811, os luteranos em 1824, os Congregacionais em 1855, os presbiterianos em 1859, e  os batistas em 1871. Todavia, em virtude da constituição de 1824 outorgada por D. Pedro I, que afirmava ser o catolicismo romano a religião oficial do Brasil, os protestantes não possuiam direito a cultos públicos em lingua portuguêsa, além é claro de não terem permitidos a construção de templos com aparência religiosa.

Já no governo de  Dom Pedro II , (mesmo o imperador possuindo uma grande simpatia pelos protestantes), não era nada fácil afirmar publicamente a fé nos pressupostos cristãos, mesmo porque, a religião oficial do Estado imprimia  forte perseguição religiosa aos evangélicos.

Com a Proclamação da República, o Estado Brasileiro deixou oficialmente de ser Católico Romano permitindo assim com que os protestantes tivessem direito a culto. Todavia, como não poderia deixar de ser, a maioria da população ainda desenvolvia um significativo preconceito para com aqueles que se diziam cristãos protestantes. A consequência direta disso foi a  aniquilação de  inúmeras templos evangélicos, que de forma covarde foram  destruidos pelo fogo. Dentre estes, encontra-se a 1ª  Igreja Batista de Niterói, que em 14 de abril de 1901, teve  seus móveis, púlpito, pertences e diversos utensílios queimados em plena rua, além de sua sede destruída.

Durante a primeira metade do século XX, os crentes em Jesus foram estigmatizados e denominados pelo clero romano como hereges sofrendo por conseguinte ofensas morais, onde atributos pejorativos lhes eram destinados. Junta-se a isso, o fato de que muitos por causa da sua  crença sofreram no corpo agressões físicas por não professarem a fé dos sacerdotes romanos. Na segunda metade do século XX a perseguição se deu de forma velada mediante os meios de comunicação que a todo custo vendiam a sociedade brasileira a imagem de uma igreja burra, ignorante e manipuladora da fé alheia.

Caro leitor, a constituição de 1988 nos garante liberdade de fé e religião.  O artigo 5º da Carta Magna diz que ´"É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias." Todavia, os cristãos evangélicos correm o risco de sofrerem novas perseguições substanciais em virtude do projeto de lei 122 que tramita na Congresso Nacional que se aprovado irá criminalizar àqueles que  manifestam suas opiniões religiosas contrárias ao casamento gay.

Vale a pena ressaltar que a fé protestante não defende a homofobia. Na verdade, nós cristãos-evangélicos somos contrários a todo tipo de violência física condenando veementemente aqueles que atentam contra a vida de quem quer que seja. Todavia, acreditamos também que possuímos o direito irrevogável e constitucional de expor publicamente nossa fé conforme claramente afirma a nossa carta magna.

Isto posto, oro ao Senhor nosso Deus que estenda a mão sobre o Brasil livrando a sociedade brasileira de uma lei que sem sombra de dúvida promoverá mais uma severa perseguição religiosa no Brasil.

Soli Deo Gloria,
Renato Vargens

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Você tem todo o direito de discordar...

"Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo."
(Voltaire)
Voltaire hoje seria considerado um homofóbico. Qualquer pessoa que defenda um posicionamento de liberdade de expressão quanto a questão da sexualidade será dado como homofóbico que impede as pessoas de viverem suas paixões. Para essas pessoas não é suficiente que você não se importe com o que elas fazem, você é obrigado a concordar com elas.
A pouco, estive debatendo no facebook na comunidade que foi feita contrária ao posicionamento do Chanceler do Mackenzie Dr. Augustus Nicodemus. Os integrantes pretendem fazer um ato de protesto na frente do Mackenzie dia 24 de Novembro, e para eles palavras como: Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos. São consideradas como violência e ódio aos homossexuais. Não conseguem aceitar o contrário e qualquer discurso que vá de encontro a eles é caracterizado como medieval, arcaico, odioso e ignorante. É uma espécie de ditadura que se impôs sobre nós, e que estamos todos afundados.
Eu, assim como o Dr. Augustus, defendo a liberdade de expressão, acredito que todos têm o direito de expressar sua opinião, e como Voltaire luto por isso até o fim. Porém, assim como tenho o direito de dar minha opinião, não posso tolher a dos outros, como se as minhas palavras fossem as únicas que pudessem ser aceitas, como se o meu modo de pensar fosse o único que pudesse ser verdadeiro, como se eu fosse um deus contra os meros mortais. Isso é um absurdo, e qualquer pessoa deveria ser contrária a esse pensamento. Mesmo um homossexual deveria ser contrário a isso, pois assim como eles querem impedir o Dr. Augustus de falar, alguém pode impedi-los de fazer o mesmo, e portanto, é um tiro no pé.
E como se não bastasse toda essa celeuma, a imprensa faz o que sabe fazer de melhor: distorcer. A cada veiculo que tentar tratar sobre o tema uma coisa é modificada, alguns disseram que o texto foi publicado na semana passada, outros que foi ontem, a verdade é que desde 2007 o texto está disponível no site da chancelaria do Mackenzie. Para quem não entendeu ainda, eu explico. Em 2007 o Rev. Augustus escreveu uma homilia baseada na decisão da IPB sobre a PLC 122, depois publicou no site do Mackenzie na parte que é da chancelaria. Semana passada alguém descobriu isso e começou por meio de Twitter e Facebook a divulgar que o Mackenzie queria ter o direito de ser homofóbico. Depois alguns blogs começaram a divulgar a nota e o fim foi que alguns jornais online já estavam publicando a matéria.
É claro que o Mackenzie não é homofóbico nem discrimina ninguém por conta da sua sexualidade, muito pelo contrário, há um grande número de professores e alunos homossexuais, e nunca foram forçados a nada por conta disso. No entanto, a Universidade Mackenzie, que é presbiteriana desde o princípio, e portanto, cristã, tem princípios que regem, e assim, um deles foi explicitado na homilia do Dr. Augustus, a liberdade de expressão sobre sexualidade, a Bíblia tem um conceito sobre isso muito bem fundamentado, mas não diz que o cristão tem que forçar as pessoas a aceitarem, a verdade não deixa de ser verdade por conta das pessoas não aceitarem. Desta forma, o texto do Rev. Augustus está totalmente coerente com a lei e com a Bíblia, e também com os princípios acadêmicos.
É triste ver que as pessoas não conseguem conviver com o diferente. A esperança se encontra, não em outro lugar, mas na própria Escritura:
Mateus 5.10-12  Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
O Rev. Augustus agora tem motivo para alegrar-se em dobro, a perseguição, a mentira e a injuria, tudo aquilo que aconteceu com os profetas antigos agora acontece com ele. Deus seja grandioso por isso. A Graça e a Misericórdia de Deus se mostram em meio a toda essa confusão, e no meio do deserto há motivos para alegria.
Eu me coloco totalmente em favor do Rev. Augustus e do seu posicionamento, e declaro que vou lutar até o fim para que todos tenham direito de se expressar e dizer o que pensam.
Àquele que é poderoso para fazer o morto ressuscitar e o vivo morrer,
Ronaldo Barboza de Vasconcelos.
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Leia a íntegra da carta do chanceler do Mackenzie:
Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia
Leitura: salmo 1
O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.
Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:
"Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.
Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, "desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher" (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).
A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.
Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo".
Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie

domingo, 14 de novembro de 2010

O que é “Responsabilidade”?



Embora muitos calvinistas não usem o termo livre-arbítrio, a crítica abaixo não se aplica somente a Carson, mas também a teólogos igualmente famosos como Joel Beeke, John Piper, James Boice e muitos outros. Eles afirmam, sem base bíblica ou filosófica, que responsabilidade pressupõe liberdade, e que por causa disso existe uma contradição entre a soberania divina e a responsabilidade humana.

Eu devo ter em minha biblioteca uns 50 livros que dizem respeito à suposta relação entre livre-arbítrio e responsabilidade, mas somente um deles faz algum esforço para questionar se há qualquer conexão lógica entre esses dois conceitos. No último capítulo do seu livro Religion, Reason and Revelation, Gordon Clark observa que ninguém jamais demonstrou que o conceito de responsabilidade é, de alguma forma, dependente de um estado anterior do livre-arbítrio. Esses dois termos aparecem frequentemente no mesmo contexto, e é frequentemente afirmado que “se nós não temos o livre-arbítrio, não podemos ser responsáveis por nossas ações”, mas ninguém se importa em provar isso.

Uma típica expressão erudita dessa afirmação é feita por D. A. Carson, em sua tese de doutorado, publicada como Divine Sovereignty and Human Responsibility (1981), um excelente estudo de como a literatura do período helenístico trata o problema. Carson conclui com uma explicação da descrição joanina de ambas, a soberania divina e a responsabilidade humana pelo pecado, observando que nenhuma tentativa é feita por João para produzir qualquer explicação especulativa de como as duas coisas operam juntas, de um modo diferente da literatura helenística na qual este assunto é tratado. Carson fica devidamente impressionado em como esses dois tópicos podem coexistir lado a lado por todo o Evangelho de João sem qualquer reconciliação filosófica. Não passou pela cabeça de Carson, contudo, que o próprio João não tivesse notado nenhuma tensão ou conflito pelo simples fato de não haver nenhum.

Uma chave para o fato de Carson estar sob a impressão de que a soberania de Deus não pode ser reconciliada com a responsabilidade humana pode ser encontrada no capítulo intitulado “Os Limites do Livre-Arbítrio”. Logo no começo, a primeira sentença reza: “Responsabilidade é a certeza ligada ao ‘livre-arbítrio’ de algum modo” (p.206). Mas, a despeito de uma discussão subsequente de vários tipos de calvinismo inconsistente, Carson em algum lugar mostra que sua suposição primeira é correta. Ele simplesmente junta a longa fila de calvinistas inconsistentes que assumem que o livre-arbítrio “em alguma medida” fortalece a realidade da responsabilidade. Mas em qual medida?

eu simplesmente repetirei aqui o desafio que Gordon Clark faz aos arminianos de escreverem uma prova de que a responsabilidade é, de algum modo, dependente ou que pode ser derivada do conceito deles de livre-arbítrio. Naturalmente, eles podem definir o livre-arbítrio de qualquer modo que vá ao encontro da necessidade teológica deles, mas os cristãos deveriam tirar suas premissas da Bíblia. Carson reconhece o livro de Gordon Clark, Biblical Predestination (1969), mas não menciona Religion, Reason and Revelation, onde o assunto de seu próprio capítulo final intitulado “The Formulation of the Tension” é discutido em detalhes. É simplesmente assumido que há uma tensão.Teria sido útil se Carson tivesse explicado por que a literatura helenista é tão corrompida pelas tentativas especulativas de reconciliar o conceito de responsabilidade com a soberania de Deus e, então, teria explorado por que a Bíblia não trata, de forma alguma, as duas coisas como estando em tensão ou conflito. Talvez ele simplesmente tenha decidido não incluir essas questões adicionais no escopo do estudo. (Deveria também ser considerado que eles podem somente parecer estar em conflito porque o pensamento não-cristão impôs pressuposições falsas e contraditórias sobre o tópico como condição para discussão. Isto é, a mente natural pressupõe que a visão cristã é impossível antes que ela comece sua consideração “objetiva” do assunto). Contudo, a tese de Carson não torna disponível ao leitor uma análise excelente de como a literatura (na sua maioria de origem judaica) da era helenística lida com esse dilema importante da incredulidade. Ela deveria ser lida por todo cristão interessado na história do debate sobre o livre-arbítrio.

, permanece o fato de que não somente não há nenhuma conexão demonstrável entre o livre-arbítrio e a responsabilidade, mas também que a ideia arminiana de liberdade da indiferença é totalmente destituída de qualquer senso de responsabilidade. Pode ser difícil para alguns entender a relação entre a responsabilidade humana e a soberania de Deus — eles são perfeitamente honestos em dizer que “não veem como podemos ser considerados responsáveis se não temos o livre-arbítrio”. Mas para o cristão que crê na Bíblia, em nenhum lugar na Bíblia a responsabilidade está vinculada ao livre-arbítrio. Ela nunca usa o livre-arbítrio como uma categoria de explicação, nem uma só vez sequer.

Leia esse texto também e a continuação do texto boa leitura.

Responsabilidade Bíblica Link »

  • Por: R. K. McGregor Wright

Fonte: A Soberania Banida, Editora Cultura Cristã, págs. 59-60.

por R. K. McGregor Wright