sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Uma curiosidade Pentecostal


Por Aníbal Pereira dos Reis


Disseram-me vezes inumeráveis que os da As sembléia de Deus são pentecostalistas mais sensa tos. Que não são fanáticos como os dos demais grupos da seita. A página trasladada demonstra a saciedade que todos, sem a exclusão dos das Assem bléias de Deus, todos se enquadram na mesma bito la da heresia. Todos, também os das Assembléias de Deus, ensinam os mais graves absurdos e em igual ímpeto embusteiro iludem e exploram o povo ignaro sempre disposto a ser enganado.

Trata-se de UMA ASSOMBROSA CARTA DA RÚSSIA divulgada pela revista A SEARA, nº 172 de Julho de 1979, ano XXIII, páginas 10 e 11, órgão editado pela CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS NO BRASIL, cujo diretor, na época, era o sr. Abraão de Almeida, um dos mentores destacados desse grupo pentecostalista.

A carta teve sua divulgação sob inteira res ponsabilidade da própria revista em cuja apresen tação se destaca a seguinte frase: "uma mulher, que era membro ativo do partido comunista da União Soviética, desprezava os crentes e vivia no pecado, morreu, foi ao hades e ressuscitou convertida contando sua experiência e pregando o evangelho".

Transcrevo sem qualquer comentário porque o seu teor já se constitui expressivo comentário:

Fui atéia. Desprezava a Deus e perseguia os que seguiam a Cristo. Vivia no pecado e fui membro ativo do Partido Comunista.

Em 1965 tive câncer no estômago. Sofri durante três anos, mas tinha a esperança de ficar curada. Entretanto a doença progrediu sem que a Medicina pudesse dominá-la. Fiquei muito fraca, pio rando cada vez mais. Os médicos decidiram operar-me e, no momento em que cortaram meu ventre, a morte chegou, imediatamente vi-me entre eles, ao lado do meu corpo, olhando a enfermidade. O estô mago e os intestinos tinham tumores cancerosos. E eu pensava: "Por que somos duas? Estou em pé e ao mesmo tempo deitada". Neste momento o médico retirou os intestinos que continham um estranho lí quido e disse: "Ela não tinha condições de viver. Era um verdadeiro milagre que estivesse viva ate hoje". Recolocaram os intestinos no lugar, costu raram o ventre de qualquer maneira e decidiram entregar o corpo para a pratica dos estudantes de Medicina.

Levaram meu corpo para o necrotério e o co briram com um lençol. Mais tarde vi meu irmão com meu filho André, que, chorando, dizia: "Mamãe, por que morreste? Sou tão pequeno, com que vou viver?" Eu o abraçava e beijava, porém ele não se dava conta. Depois vi que me encontrava em casa e meus familiares repartiam minhas coisas com irritação e maldizendo uns aos outros.

Observei como os demônios corriam em torno deles anotando tudo o que diziam. Em seguida con templei espantada todas as minhas ações desde a infância. Comecei a sentir-me voando e subindo. Fiquei perplexa porque sabia que não me encontra va num avião e que estava só. Uma força invisível me sustentava e eu subia cada vez mais alto. Quando voava entre as nuvens uma luz resplandecente me atingiu e então caí sobre um grande lençol. Ao longe vi árvores de folhas rosadas e belas casi nhas, porem nenhuma pessoa havia ali.

Não muito longe avistei uma mulher alta, de andar suave. Ao seu lado caminhava um jovem com o rosto escondido nas mãos e chorando amargamente. Suplicava algo a ela. Pensei que era seu filho e intimamente condenei esta mulher por sua falta de misericórdia, pois ela não dava ouvidos ao jovem. Quando ela se aproximou quis perguntar-lhe onde eu estava, mas o rapaz caiu aos seus pés adorando-a, chorando e rogando por algo. Não consegui en tender o que ela dizia a ele.

De repente eles olharam para cima e pergun taram: "Senhor, onde a poremos?" Tremi de medo e foi aí que compreendi que estava morta e que meu corpo estava na Terra. Lembrei-me de que tinha muitos pecados e que devia prestar contas. Quando vivia na Terra não acreditava que existisse alma. Comecei a chorar com amargura e uma voz vinda do alto disse a mulher: "Deixa-a voltar à Terra, pa ra junto de seu pai, que e caridoso. Ha muito chegou sua oração rogando que mostrasse a ela o lugar que merecia. Tirei-a da face da Terra por sua vida pecaminosa e por se colocar contra Deus. Eu a tirei sem que ela se arrependesse".

NO INFERNO - Imediatamente apareci no hades. Rodearam-me serpentes e vermes com aguilhoes espetando-me o corpo. A dor era insuportável. Eu gritava em alta voz mas ninguém me acudia. Meu ali mento eram vermes mortos e decompostos-gusanos. Com gritos perguntava: "Como posso comer estes vermes?" Mas a minha mente chegou esta frase: "gusanos serão tua cama e gusanos te cobrirão", Ts. 14:11. E uma voz me falou: "Tu nunca jejuaste". Neste momento pensei em Cristo e clamei por sua misericórdia. Ele me disse: "Tu vivias na Terra e não me reconhecias, não querias me reconhecer e eu não te reconheço aqui. Lembra-te de que matavas teus filhos antes de nascerem e aos outros dizias que eles tinham filhos como sapos e que tu os evitavas. Em lugar de fartura enviei-te doença para que te arrependesse, mas ate o fim me desprezaste. Não me reconheceste Ia, mas aqui começarás a colher o que plantaste".

Depois uma serpente começou a rodear-me e ou vi um ruído. Então vi como numa visão a igreja de nossa cidade e o pastor que sempre menosprezara. Uma voz me perguntou: "Quem é?" "Nosso pastor", respondi. "E como tu ali o chamavas de zangão?" Quando disse isto comecei a rogar-lhe: "Perdoa-me, Senhor, deixa-me voltar a Terra, pois lá deixei um filho pequeno". Então ele me disse: "Tu tens compaixão dele e Eu tenho misericórdia de todas as pessoas e desejo que se arrependam. Brevemente virei julgar a todos os que habitam na Terra". Neste instante apareceu o mesmo lenço sob meus pés e perguntei: "E aqui o Paraíso?" e uma voz respon deu: "Para os pecadores a Terra é o Paraíso".

Apareci novamente no lugar de tormentos e foi mais terrível do que da primeira vez. Eu es tava no meio do fogo; a volta estava muito escuro, o que me deixou assustadíssima. Os demônios vieram e diziam: "Tu chegaste até aqui, amiga. Tu nos escutaste e serviste muito bem". Estremeci, lembrando-me dos meus pecados. Dos demônios voa vam chispas de fogo que penetravam em meus cabe los e senti muitas dores. Ouvia-se o gemido dos pecadores; todos pálidos e magros e de olhos esbugalhados, clamando com voz terrível: "... beber... beber... água". Eles me disseram: "Tu vi veste na Terra e não amavas a Deus, mas o desprezavas como nós e com fornicários andavas e nunca arrependes-te. Todo o tipo de pecados cometes-te e por is so terás sofrimentos aqui. Porém os pecadores que li se arrependeram, recebem os estrangeiros e ajudaram os pobres, estão no Paraíso".

Eu estava cada vez mais impaciente quando uma luz surgiu e todos caíram com o rosto no chão e começaram a suplicar, não suportando o sofrimento porque não havia uma gota sequer de água. Mas uma voz contestou a todos: "Na Terra todos sabem des te sofrimento, porém não crêem e nem sequer que rem ouvir, e Eu não posso contrariar os mandamen tos de meu Pai". Neste momento uma voz chegou aos meus ouvidos, dizendo: "Deixe-a voltar a Terra".

A RESSURREIÇÃO - Tudo desapareceu e voei sem rumo fixo. Não sei de que maneira apareci na cidade de Barnauli, no hospital, e depois no necroté rio. A porta estava fechada, mas eu passei tran qüilamente. Olhei meu corpo que estava deitado com a cabeça e os braços pendentes. Num momento entrei no corpo e senti frio. Neste mesmo instan te trouxeram um homem morto. Ao acender a luz me viram deitada e tremendo de frio. Então todos gritaram de medo. Voltaram depois e levaram-me ao hospital. Muitos médicos e enfermeiras ficaram a me olhar, e disseram: "É preciso aquecer seu cor po com lâmpadas". Quando fizeram isto abri os olhos e falei. Todos ficaram assombrados com mi nha ressurreição e no outro dia já pude comer. Aos médicos eu disse: "Sentem-se e lhes contarei sobre o outro mundo, onde estive". Eles me ouvi ram atentamente e no fim eu lhes disse que se não se arrependessem aqui na Terra seu alimento seria todo o tipo de vermes e escorpiões mortos. Fica ram pálidos ao ouvir isto e muitos se interessa ram pelo meu caso.

Não sentia nenhuma dor em meu corpo. Muita gente me procurou ate que a polícia teve que intervir. Os médicos não compreendiam como a doença tinha desaparecido. Levaram-me a mesa de operação para uma revisão e disseram: "Por que operaram uma pessoa completamente sã?". O médico que havia feito a operação ficou muito envergonhado, comen tando: "Como pude enganar-me? Tudo estava decom posto pela infecção e agora tudo esta limpo e a região afetada renovada como a de uma criança".

Perguntei a um deles: "Que diz deste caso?" Ele respondeu: "Nada tenho que pensar. Você renasceu do Todo Poderoso". Então respondi: "Se vocês crêem nisto, então devem renascer, deixando sua vida de pecados".

Agora tenho 47 anos. Prego a Jesus Cristo e sua próxima vinda porque Ele me disse isto. Ainda me procuram pessoas de vários lugares e a todos testifico de Cristo, aconselhando-os a se arrependerem e receberem ao Senhor como seu único e suficiente Salvador.

Impossível omitir dois ou três comentários.

Além de fantasiosa a carta é falsa. Não digo falsa apenas em sua origem. Falsa no seu conteúdo.

Começa por aí! Nem aparece o nome da autora. Menciona apenas um isolado André desacompanhado do nome de família. Falta, outrossim, referência a nomes dos médicos. Enfim, um relato destituído de qualquer base ou comprovação de sua veracidade.

O fato em si é pura ficção. E descamba para as regiões espiritistas. Aquela estória de o espírito ficar por aí a rodear e a rondar o corpo inerte...

A patacoada se restringiria ao gênero do conto e da anedota se não afetasse diretamente ensi nos evidentes da Palavra de Deus.

As Escrituras Sagradas jamais sugerem a per manência do espírito após a morte ao redor do corpo a espreitar as reações dos circunstantes.

E onde já se viu uma revista dita evangélica supor a possibilidade da conversão no inferno? A saída de alguém de lá?

O inferno é definitivo. Ninguém de lá pode sair. A condenação do réprobo é eterna. Impossí vel ao condenado no inferno escapar dela por meio da regeneração. Impossível até, com a ponta do dedo umedecida, refrescar-lhe a língua.

A história do rico e Lázaro, relatada por Jesus, apresenta conclusões definitivas e inquestionáveis. Se "aos homens esta ordenado morrerem uma vez" (Hb. 9:27a), de semelhante forma um grande e intransponível abismo impede a passagem do estado de perdição eterna para a salvação. As palavras são de Jesus Cristo: "... esta posto um grande abismo entre nos e vós" (os condenados no infer no) , "de sorte que os que quisessem passar daqui para vos não poderiam, nem tão pouco os de lá passar para cá" (Lc. 16:26).

Seguindo-se o juízo a morte (Hb. 9:27b), ne nhuma esperança mais resta em favor do réprobo.

Os pentecostalistas por fundamentarem sua religião em extravagante experiências de fundo neuropata ou de cunho francamente mentiroso, desprezam por completo as Sagradas Escrituras ou colo cam-nas em plana inferior. E como resultado caem nesses absurdos inadmissíveis entre pessoas evangélicas.

E vá alguém atrás dessa gente a procurar a "segunda benção" ou o "batismo no Espírito Santo". E vá alguém seguir-lhe os passos na pretensão de um aprofundamento na vida espiritual...


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Fonte: Católicos Carismáticos e Pentecostais Católicos, Edições Caminho de Damasco, 2ª edição, Sâo Paulo, 1992, págs. 38-44 com o título “Um Primor de Página Pentecostalista”.


Postado por: Anderson Queiroz

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